Desculpem estar a maçar-vos com estas pieguices familiares num país com taxas de incumprimento de crédito das mais baixas a nível europeu até à crise, mas sempre aproveito para repetir o óbvio: os moralistas imorais, os que apelam à poupança ao mesmo tempo que cortam rendimentos, esquecem-se que o Estado não se pode comportar como uma família, cortando despesas em épocas de crise, sem onerar as famílias realmente existentes através da deterioração dos serviços públicos e da protecção social, do desemprego, da quebra de rendimentos e, claro, da insolvência. A austeridade é uma máquina de destruição da família por esse país fora. Isto e um quadro legal que atribui demasiados direitos aos credores e obrigações aos devedores geram o verdadeiro risco moral. O silêncio da direita, que tem sempre os “valores da família” na ponta da língua, é ensurdecedor.
segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012
Pieguices
Recupero um trabalho de Ana Rita Faria num Público da semana passada: “As sucessivas dietas de austeridade, o desemprego-recorde e a recessão económica estão a fazer com que cada vez mais famílias deixem de conseguir cumprir com as suas obrigações financeiras. No ano passado, entraram em incumprimento mais 34.600 famílias - o equivalente a 95 novos casos por dia. O total de devedores particulares com crédito vencido supera o meio milhão de pessoas e nem os empréstimos à habitação escaparam à onda de incumprimentos. Um sinal de que a crise está a atingir em força os portugueses.” Hoje é Raquel Correia, também no Público, que nos informa que os pedidos de ajuda de famílias sobreendividadas à DECO quase duplicaram em Janeiro de 2012, face a ao mesmo mês de 2011.
"...num país com taxas de incumprimento de crédito das mais baixas a nível europeu até à crise..."
ResponderEliminarAntes que os moralista da divida se antecipem penso que o João Rodrigues fez muito bem em deixar claro este ponto.