Citando a intervenção de Krugman, Pedro Guerreiro escreve hoje no Jornal de Negócios: "os economistas deviam ter estado preparados para a hipótese de uma crise deste género aparecer. Por não estarem preparados, deram respostas antagónicas, criando uma cacofonia que basicamente permitiu aos políticos entenderem que podiam fazer o que quisessem. (...) O que é curioso, diz, é que a resposta estava na história económica». E conclui o director do jornal: «Ponham lá os economistas com chapéu de burro no canto da sala, encerrem-nos nas masmorras ao pé dos políticos, façam-lhes maldades e vinganças - mas obriguem-nos a estudar a História!»
Ao ler isto, lembrei-me de um artigo que escrevi há 14 anos atrás, publicado na revista Vértice, com o título: "Economia dominante, uma ciência sem História" (disponível
aqui, numa versão não editada).
Aí podia ler-se: «a corrente dominante na Economia continua a não conseguir (ou a não querer) introduzir a história concreta nas suas teorias e modelos, com consequências irreparáveis sobre as suas capacidades de explicação e de previsão».
Na altura, quando escrevia estas palavras, sentia-me ligeiramente excêntrico. Ao relê-las hoje sinto-me quase mainstream.
É muito difícil para mim não ver neste doutoramento honoris causa uma mensagem dirigida a Angela Merkel e Mario Draghi. E é difícil imaginar que não tenham ouvido o recado. Embora se compreenda que Merkel prefira, como Henry Ford, considerar a História como bunk.
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