terça-feira, 31 de janeiro de 2012

A derrocada da austeridade


Não é verdade que aprendemos imenso acerca da gestão da economia nos últimos 80 anos? Sim, aprendemos – mas, na Grã-Bretanha e noutros lados, a elite política decidiu atirar pela janela esse conhecimento duramente adquirido e, em vez disso, basear-se em ideológicos e convenientes desejos que tomaram por realidade.

A Grã-Bretanha em particular, era tida como um caso exemplar de “austeridade expansionista”, a noção de que em vez de se aumentar a despesa pública para lutar contra as recessões, devia-se cortar na despesa – e isso conduziria a um crescimento económico mais rápido. “Aqueles que argumentam que reduzir o nosso défice e promover o crescimento são de certo modo alternativas estão errados”, declarou David Cameron, o Primeiro-Ministro da Grã-Bretanha. “Não podemos deixar de lado o primeiro para promover o segundo”.

E bem podemos estar a ser conduzidos para um mau caminho pela Europa Continental onde as políticas de austeridade estão a produzir o mesmo efeito que na Grã-Bretanha, com muitos sinais que apontam para uma recessão este ano.


O que causa mais fúria nesta tragédia é que ela era absolutamente desnecessária. Há meio século, qualquer economista – ou mesmo qualquer aluno de licenciatura que tivesse lido o manual de Paul Samuelson “Economia” – podia dizer que enfrentar uma depressão com austeridade é uma má ideia. Mas os decisores políticos, os formatadores de opinião e, lamento dizê-lo, muitos economistas decidiram esquecer, em larga medida por razões políticas, o que tinham aprendido. E milhões de trabalhadores estão a pagar o preço dessa amnésia deliberada.


Do artigo de Paul Krugman no New York Times

6 comentários:

  1. Está a falar do mesmo Krugman que aconselhou um corte de 20% a 30% nos salários em Portugal para tornar o país competitivo ?

    http://www.agenciafinanceira.iol.pt/economia/krugman-nobel-da-economia-salarios-austeridade-europa-agencia-financeira/1321436-1730.html

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  2. Jorge é uma questão ideológica e de punição sobre o Povo.Os Poderosos não querem um Povo desenvolvido, pretendem um Povo pobre, submisso, esmolar...E depois quando as coisas estão miseráveis em vias de poderem ser explosivas vir para a Rua e dar uma côdea ao Povo.Ficam de bem consigo e com a População que lhes vai agradecer para sempre.É esta a mentalidade da maioria das pessoas que alguma vez deterão Poder...Gostava de ouvir os passos perdidos dos conselhos da Idade Média...Gostava de poder ter comigo opiniôes sérias sobre o pensamento dominante ao longo do tempo.Sei o que hoje pensa a maioria do Povo acerca de si mesmo.

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  3. mas qual amnésia ou ignorancia!!! Esta austeridade e este comportamento da Direita que vocês teimam em classificar de estupido e devido à ignorancia sobre as leis da economia, não tem nada de estupido nem ignorante. Ainda não perceberam isso? É estar a perder tempo e a deslocar a questão para um terreno errado. A suposta superioridade da esquerda não advem de perceber melhor a economia e que os outros são burros. Não!
    É necessário outro argumento! A esquerda defende outra organização da economia, que produza diferentes resultados e que tenha como objectivo a melhoria da vida de todos e não só de alguns. Há que chamar o boi pelos nomes e dizer que esta direita está a fazer jogo sujo e, a coberto da crise e da austeridade, a destruir um pacto social que se construiu na Europa e que nos levou a ser a sociedade mais democrática do planeta, onde as desigualdades são mesmo assim menores que em qualquer outro pais do mundo. E esta estratégia da direita é inteligente e tem que ser desmascarada, não por ser ignorante mas porque tem objectivos terríveis que visam aumentar a exploração e enriquecer ainda mais os poderosos.

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  4. O Krugman não aconselhou esse corte. O que ele disse foi que esse seria o nível de ajustamento que seria exigido a Portugal, não tendo possibilidade de desvalorizar a moeda. E é disso que estamos agora a sofrer. No fundo, o que ele disse foi que não temos condições para continuar no Euro!

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  5. o expansionismo resulta?31 de janeiro de 2012 às 18:10

    desde 1998 não resultou grande coisa

    é que gastos públicos não são sinónimo de investimento

    crescemos 2% algures num destes 14 anos?

    nem por isso né?

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  6. Caro Jorge
    Há uma tese que se matraqueia muito, segundo a qual a ascensão do Hitler na Alemanha de Weimar teria estado relacionada com hiper-inflação... mas a verdade é que esteve relacionada sobretudo com terapias austeritárias e deflacionárias para a crise de 1929. A hiper-inflação foi um facto, sim, mas diz respeito ao período anterior.
    Quanto ao imediato pré-nazismo foi na verdade caracterizado por uma "governação" que hoje em dia, e pelos critérios de Bruxelas, passaria por boa...
    Ah, e em matéria de reduções salariais: claro que o efeito de uma desvalorização monetária de 20 por cento sobre a competitividade externa só pode ser replicado por uma "desvalorização interna" superior a isso: 30 por cento ou mais... não é preciso ser Krugman nem "farol" de nenhum tipo para concluir isso. Mais um argumento a favor da tal desvalorização tout court.
    A menos que, ah, claro, pois...

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