segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Influência

A OCDE, um dos think-tanks internacionais mais influentes na formação do consenso neoliberal, que ainda há uns meses andava a exigir subidas das taxas de juro, vejam lá, e a mesma inane austeridade, vem agora rever em baixa as previsões para a Zona Euro. Portugal não escapa por causa, olha a surpresa, dos impactos recessivos da austeridade e da falta de dinamismo da procura externa, obra da austeridade dos outros. De resto, prescreve-se ainda mais austeridade para o país, se tal for preciso. É o círculo vicioso, alimentado a ideologia, em que estão trancados e em que nos trancam. Uma recessão prevista de 3,2% e um desemprego a ultrapassar os 14% não os demovem. As ideias contam para o bem e, no caso das que ainda são hegemónicas, para o mal.

1 comentário:

  1. Numa altura em que se discute a abolição de quatro feriados como solução para a crise sistémica nacional,a proposta em cima da mesa parece pressupôr que a abolição de quatro feriados somada a meia hora extra de trabalho resolverá os problemas de produtividade e competitividade de Portugal.

    Porque temos baixa produtividade?
    Na minha opinião os principais fatores que deveriam ser objetivo de análise e atuação por parte do Governo são:
    - Custos de produção excessivos
    - Custos energéticos elevados
    - Carga fiscal pesada
    - Falta de celeridade processual da Justiça que assusta investidores estrangeiros
    - Falta de organização e competência na estrutura empresarial
    - Falta de formação dos trabalhadores
    - Falta de motivação

    Nos países mais competitivos da Europa os colaboradores trabalham menos horas, auferem mais dinheiro e as empresas não só subsistem como proliferam.
    Porquê seguir o caminho oposto se todos desejamos estes resultados?
    Não acham que devíamos tentar concorrer com a Alemanha ao invés da China?!

    Para os trabalhadores portugueses que não concordem com estas medidas e que nelas encontrem apenas a continuidade da prossecução de um ataque a direitos supostamente adquiridos espera-se sequer aumento da sua produtividade individual?

    Assumindo esta argumentação como válida, qual o real objetivo na prossecução destas medidas?
    Se o impacto positivo será mínimo e ainda assim discutível, quando os fatores que determinariam a correção dos nossos índices produtivos são outros e nem sequer de muito difícil perceção, quando o principal efeito se fará sentir nos mesmos do costume, para quê prosseguir?

    A motivação é o motor do comportamento.
    Se insistirem no caminho da desmotivação enquanto retiram direitos e simultaneamente apostam no empobrecimento real, assumido e abrupto da população sem se marimbarem nem para as empresas nem para as pessoas, esperam realmente bons resultados?

    Caso a resposta seja afirmativa então não tenho qualquer pudor em afirmar que somos governados por uma data de idiotas chapados.

    Caso saibam que não terão bons resultados, então assumam de uma vez que estão determinados em cumprir uma qualquer agenda que não a do interesse de Portugal, como até esta data demagógica e desavergonhadamente têm feito.

    Numa sociedade pautada pela ética, pela lógica, pelo mérito e pela honra, um Governo que executasse o antónimo do que apregoou deveria ser destituído.
    Não sei muito bem que pena aplicar a um executivo que prejudica deliberadamente o Povo que o sufragou...

    Não só por ser parte integrada e interessada em todo este logro, também sob o ponto de vista sociológico questiono-me verdadeiramente até que ponto os portugueses se deixam enganar. Interrogo-me até quando o mentiroso e sofrível argumento da inevitabilidade de nos despojar de tudo, até da dignidade, é aceite como meio para nos salvar, sem qualquer protesto indignado e massivo.

    Será que na nossa tão jovem e por isso tão frágil democracia teremos tido tempo e arte para, enquanto Povo, termos eliminado a nefasta e derrotista resignação que tão facilmente abre caminho às ditaduras e totalitarismos?

    Tenho receio, confesso.
    Quando vejo que os portugueses aceitam que tudo lhes roubem e em tudo os prejudiquem sem espírito crítico, sem reflexão, sem aparentemente sequer se importarem, este é, para mim, o estado de espírito de quem vive na subjugação e tudo, inclusivamente a perda da liberdade, é capaz de aceitar.

    Esta é a conclusão e isto o que fundamentalmente me preocupa.
    Mais do que a condução idiota dos destinos da nação, mais do que o cumprimento de uma qualquer agenda escondida, o que me deixa deveras preocupado é a falta de capacidade de análise, reflexão e reação do meu Povo.

    A quem tudo aceita, tudo farão, não duvido.
    Não gosto de me colocar nas mãos dos outros mas os meus concidadãos parecem desejar fazê-lo ardente, cegamente, sem qualquer critério.

    Podem discordar de mim à vontade. Será incomensuravelmente melhor do que não terem qualquer opinião.

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