A questão que Keynes não se cansava de repetir era que qualquer tentativa de obter pagamentos de dívida durante muitos anos tinha consequências sociais desastrosas. “A política de reduzir a Alemanha à servidão durante uma geração, de degradar a vida de milhões de seres humanos e de privar toda uma nação da felicidade deve ser detestável mesmo que não semeie a decadência de toda a vida civilizada na Europa”, escreveu Keynes.
A história nunca se repete, exactamente, da mesma maneira mas há lições a tirar deste episódio. Actualmente, os alemães poderiam afirmar, que ao contrário das compensações, as dívidas dos países do sul da Europa foram voluntariamente contraídas e não forçadas. Isto levanta a questão da justiça mas não das consequências económicas de insistir no pagamento. Além disso, há uma falácia de composição: se há muitos cobradores de dívidas, estes vão empobrecer as pessoas das quais depende a sua própria prosperidade.
Nos anos 20, a Alemanha acabou por pagar apenas uma pequena parte das compensações. Mas o tempo que levou até que isso acontecesse acabou por impedir uma plena recuperação da Europa, tornou a própria Alemanha na vítima mais visível da Grande Depressão e provocou um ressentimento generalizado com péssimas consequências políticas. A chanceler Angela Merkel fazia bem em analisar esta história.
Robert Skidelsky, cuja tradução exige uma revisão bem mais cuidada, remete-nos sempre para a importância das histórias económica e das ideias económicas, áreas que tantos economistas apenas com poder conseguiram banir de tantas formações universitárias.
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