Em «Uma boa medida da Troika» João Miranda também se congratula com o aumento dos transportes públicos em 15%. Mas, ao contrário de José Manuel Fernandes (que avalia a justeza dos aumentos a partir da relação moderada que a sua pessoa mantém com os transportes públicos), João Miranda recorre a argumentos com maior sofisticação e, digamos assim, «robustez científica».
As coisas são muito simples. Como ele nos explica, com os aumentos «os utentes passam a ter incentivo para seleccionarem melhor o local onde vivem e a localização do emprego que têm» (sobretudo se esta medida for complementada «com medidas que liberalizem o mercado de arrendamento»). Paralelamente, «as empresas passam a ter um incentivo para se localizarem nas cidades satélite, (...) reduzindo os movimentos pendulares» e fomentando «um diferencial de salários», favorável à periferia. Acaba-se com o subsídio do Estado «à suburbanização dos grandes centros urbanos», as «empresas públicas de transportes deixam de destruir tanto valor» (como sabem, é essencialmente esse o seu objectivo, «destruir valor») e a «desertificação dos centros históricos começa a acabar».
No «mundo-lego» de João Miranda, povoado por seres economicamente racionais e constituído por peças que basta «destacar» de um lado para o outro, tudo é simples, lógico e perfeito. Aliás, fica demonstrado que a persistente incapacidade para inverter os desequilíbrios regionais em Portugal apenas resulta do facto de a descoberta destes 15% ter sido tão tardia (tivesse o actual governo tivesse entrado em funções há um ano atrás e já encontraríamos, provavelmente, um país muito diferente nos Censos da População acabados de realizar).
O único problema deste «mundo-lego» é apenas, de facto, o de não existir. Ou de existir na cabeça de João Miranda do mesmo modo que a guerra - como ela é - existe na cabeça de uma criança a partir de um jogo de playstation. A realidade é todavia outra coisa, e é sobre essa outra coisa que as questões relevantes se jogam. Ou acham os João Miranda deste mundo que, por exemplo, uma cidade sobrevive sem os trabalhadores por conta de outrem da restauração, dos serviços de limpeza ou do comércio em geral? Que eles próprios sobreviveriam sem esse pessoal supostamente menos qualificado e dependente dos transportes públicos que - tudo indica - gostariam de acantonar lá longe, nas cidades satélite?
Não é só o mundo do João Miranda que é de Lego.
ResponderEliminarOs argumentos do João Miranda são do mais falacioso ciêntificamente, grotescos totalmente ignorantes, e muito muito preguiçosos.A Ideia do homem economicus enquando decisor racional, há décadas que levou as primeiras machadas e está hoje enterrado pela comunidade ciêntifica, ou seja por quem ao longo da sua vida se dedica humildemente e sob a crítica dos seus pares a estudar a realidade. Estranho que estes ferverosos crentes do neoliberalismo passem por cima de duas décadas de investigação ciêntifica, com repercursões concretas em várias áreas: planeamento estratégico (Mintzberg), Neurociências (Damásio), Economia (Daniel Kahneman e Amos Tversky). o primeiro foi mesmo Nobel em 2002 pelos seus trabalhos na área da tomada de decisão, que encaixam que nem uma luva na invalidação sumária dos preguiçosos e desactualizados argumentos do João Miranda. Se João Miranda é talhante porque raio quer ele opinar como sapateiro?
ResponderEliminar"Não é só o mundo do João Miranda que é de Lego."
ResponderEliminarEu traduzo:
"Não tenho quaisquer argumentos mas quero discordar de alguma coisa."
1. João Miranda virou socialista com estas ideias de política económica para incentivar os cidadãos a fazerem isto ou aquilo.
ResponderEliminar2. Um ladrão de bicicletas facilmente detectou esta falta de adesão à realidade, esta ilusão sobre os resultados do intervencionismo.
Sic transit gloria mundi
Mas quem é esse tal idiota Joao Miranda.?
ResponderEliminarÉ algum marciano.? Ou será que vive na lua.?
Acho que ele( e os Joaquins Fernandes deste país) devia era ser deportado para um dos muitos lugares/bairros da periferia da Lisboa, tipo Corroios, e ter de arcar ( ele e a familia toda) com o aumento brutal,imoral e estupido dos transportes públicos para ver se gostava.
Em alternativa podia mandar-se gente desta e já agora o governo para a Lua e fazê-los arcar com as despesas de transporte. Ao ministro da economia (o tal Alvaro - não gosto do homem o que é que querem) podia ir lá para a terra dele (o Canada) e faze-lo pagar os transportes. Isto é estupido não é ó Alvaro.? É como o aumento que você e o seu patrão fizeram.
E pé ante pé,devagarinho,em pleno verão para não levantar ondas,eles seguem em frente
ResponderEliminarOs media aplanam o caminho e colmatam os estragos,com a ajuda dos "espontâneos"(ou não tão espontâneos)
Os "intelectuais" de serviço-Fernandes,Mirandas- fazem o que podem...tentam criar substracto teórico
O que se revela impossível
As pulhices serão sempre pulhices
(ia dizer outra coisa,mas achei que era usar linguagem demasiado crua)
De que resulta que os que estão de serviço se convertem simplesmente nisso...
...em ...
Já não percebo nada. O que é que o João Miranda quer? Que o Estado não intervenha intervindo, ou que intervenha não intervindo?
ResponderEliminarMas começam a haver algumas manifestações:
ResponderEliminarhttp://pt.indymedia.org/conteudo/editorial/5299