Para evitar a ruptura da zona euro têm sido avançadas várias propostas que fariam a UE dar os primeiros passos no sentido de uma união federal. Por exemplo esta:
A alternativa é perdoar a totalidade, ou a maior parte, da dívida pública grega (de qualquer modo é impossível pagá-la); recapitalizar os bancos alemães, franceses (e gregos); conceder à Grécia apoio suficiente para que possa realizar investimento público em infraestruturas num volume tal que arraste o investimento privado e reponha a saúde da sua economia. Se quiserem, este é o cenário “Plano Marshall”. Este plano poderia ser financiado por Euro-obrigações (proposta do Sr. Juncker), por financiamento directo do BCE, ou por uma taxa Tobin (ou por uma combinação destas três formas); assim, ‘o custo para o contribuinte europeu’ seria de menor importância.
Alternativas deste tipo serão de facto alternativas? As Euro-obrigações obrigam os países ricos a assumir a responsabilidade pelas dívidas de todos, pelo menos até certo ponto (por exemplo até 60% do PIB de cada país). O problema, para mim da maior importância, é que a mutualização da dívida dos estados não tem apoio político e, por isso mesmo, nunca foi proposta pelos partidos políticos desses países. Por outro lado, o financiamento através do BCE por criação de moeda poria em causa as condições exigidas pelos alemães quando aceitaram abandonar o marco.
Infelizmente, grande parte do que tem vindo a ser proposto para superar a presente crise assenta num pressuposto que me parece anti-democrático: admite-se que, sob a pressão da finança europeia que não quer suportar qualquer custo, e face ao alto risco de incumprimento dos países devedores, os governantes alemães, holandeses, austríacos e finlandeses acabarão por dar o passo federalista colocando os seus concidadãos perante o facto consumado. Para superar a crise temos de sacrificar a democracia?
Para reflectir sobre esta questão vale a pena ler este texto.
A questão, a meu ver, coloca-se a montante deste momento. Poucos foram os que alertaram para as consequências políticas da criação de uma moeda única e os povos, em grande medida, aceitaram(?) o euro sem plena consciência do que isso implicaria. No fundo, a escolha já foi feita por eles em 1999. Hoje, vêem-se perante uma evidência: uma moeda única implica um reforço da união política. Portanto, o atropelo à democracia fez-se aquando da adesão ao euro. Hoje, a pressão das circunstâncias permite perceber na plenitude as implicações políticas de uma união monetária - e fazem-nos compreender que das duas uma: ou as populações foram enganadas de forma inconsciente ou foram irresponsavelmente conduzidas a este caminho.
ResponderEliminarA questão é: há ainda espaço para alguma boa solução que respeite a vontade das populações?
http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=1907109&seccao=Viriato+Soromenho+Marques
ResponderEliminar"Não tenhamos ilusões. Na Europa de hoje, ou somos federalistas ou somos suicidas."
Caro Jorge Bateira,
ResponderEliminarFiz link deste post.
Obrigado.
Abraço.