quarta-feira, 25 de maio de 2011

A crise portuguesa em dez minutos

Tendo em vista contrariar o discurso dominante sobre a génese da crise financeira, económica e social, assente no argumentário do «Estado gastador», da «responsabilidade exclusiva deste governo» e dos «cidadãos que vivem acima das suas possibilidades», a ATTAC-Portugal (Associação para a Taxação das Transacções Financeiras para a Ajuda aos Cidadãos) elaborou um documento que mostra como a narrativa que coloniza os meios de comunicação é enviesada, carece de fundamento e, sobretudo, ignora o quadro mais vasto em que a actual situação deve ser interpretada.

Como se refere na página que disponibiliza o documento, «para compreendermos as verdadeiras causas dos problemas do país temos de recuar no tempo e analisar o conjunto de decisões políticas, tomadas nos últimos anos, justificadas por teorias económicas bastante em voga e enquadradas por premissas ideológicas que têm sido hegemónicas nas últimas décadas».

3 comentários:

  1. Deixo aqui o texto que escrevi com o mesmo obejectivo, para os meus amigos. Muito baseado no que li neste blogue nos ultimos 4 anos.

    Portugal, de onde vens? E para onde vás?
    Os culpados directos são os países/partidos que mandam no mundo e que desde os anos setenta impuseram a utopia dos 'mercados auto-regulados eficientes', também conhecida por liberalismo, neo-liberalismo, ultra-liberalismo, anarco-capitalismo, capitalismo anglo-saxónico, Escola Austríaca, Chicago Boys...
    Também são culpados, indirectamente os partidos/países que não mandam, mas obedecem, incluindo os da 'terceira via'!
    A maior crise mundial desde 1929 foi provocada por esta ditadura da finança transvestida de liberdade. A mais detalhada e perceptível explicação, (OBRIGATÓRIO LER ATENTAMENTE) aqui:
    http://pt.mondediplo.com/spip.php?article107
     
    Portugal uma 'pequena economia aberta' (é difícil ser de outra forma, já foi testado o 'orgulhosamente sós' e não funcionou) está completamente exposta, bem demonstrado pela drástica diminuição do numero de camas ocupadas na hotelaria (as duas regiões mais turísticas são também as duas com mais desemprego, Algarve e Madeira), mas não foi apenas nas viagens que os ricos europeus cortaram, quando se aperceberam que as suas acções e casas valiam muito menos, foi no consumo em geral, e isso levou a uma quebra das exportações Portuguesas, com o fecho de empresas e mais desemprego.
    Disto tudo veio menos receita e mais despesa (ex: subsidio de desemprego), ou seja um aumento do défice que tinha acabado de ser, e muito bem, reduzido para 3%. Todos os números aqui:
    http://www.dgo.pt/cge/cge2009/CGE_2009_vol1.pdf
     
    Não esquecer ainda que esta utopia dos 'mercados financeiros auto-regulados' provocou, cá também, falência de bancos, um dos quais pelo seu tamanho se não fosse salvo tinha levado mais atrás. Mais défice!
     
    Mas o imenso poder e dinheiro daqueles a quem esta utopia interessa continua pelo mundo fora a pagar centros de investigação, universidades e jornais de referencia para credibilizar e divulgar. É incrível o sucesso que estão a ter! Bem disse  Jean-Paul Fitoussi: "Actualmente, os incendiários da economia global transformaram-se nos procuradores que acusam os bombeiros de terem causado uma inundação."
    http://www.project-syndicate.org/commentary/fitoussi10/English
    A segunda crise, chamada 'crise da divida soberana', não é especificamente Portuguesa, mas uma crise financeira da zona euro com repercussões mais graves na periferia. Esta crise sofre de dois maus diagnósticos. Primeiro, o aumento das taxas de juro pelas agências de rating, não foi causado pela divida publica mas sim privada. Ver aqui: 
    http://www.voxeu.org/index.php?q=node%2F5615
    O segundo, e mais grave, estas agências de rating são as mesmas atribuiam nota máxima a produtos financeiros que valiam zero! E o nome agência é um engano, são empresas controladas por fundos de investimento e bancos que lucram com aqueles ratings. Ver aqui:
    http://economia.publico.pt/Noticia/economistas-entregaram-queixa-contra-agencias-de-rating-na-pgr_1489319
    Porque razão está o rating Português igual ao rating da Colômbia??? Um pais cuja metade está sequestrada por uma guerrilha!!!
    Os bancos emprestam dinheiro aos estados com taxas pronograficas mas estão descapitalizados. Onde vão buscar o dinheiro que emprestam? Ao BCE com 1% de taxa. E porque não vão os estados buscar esse dinheiro directamente ao BCE? Porque a arquitectura do euro, marcadamente ultra-liberal, quer que a vontade dos povos seja capturada pela ditadura dos mercados.
    http://blogs.ft.com/economistsforum/2010/03/should-financial-markets-dictate-budgetary-policies-in-the-eurozone/
     
    continua...

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  2. continua...
     
    Aqui começa a culpa nacional, estamos no euro porque queremos!  Só que fora da área para a esquerda do PS, quem avisou para o problema de uma entrada no euro sobrevalorizada, foi apenas este senhor:
    http://www.ionline.pt/conteudo/96779-a-moeda-unica-que-apareceu-dar-coesao--europa-e-um-erro
    Mais, o Euro é responsável por uma década de crescimento económico anémico  (<1%) em Portugal. Uma moeda demasiado forte para as nossas exportações. Mas sem euro tinha-mos já pedido ajuda em 2008 exactamente com o mesmo problema da Hungria.
    http://www.nytimes.com/2008/10/19/world/europe/19hungary.html
     
    Não é apenas o euro! A nossa lumpemburguesia, rentista e avessa ao risco é o nosso MAIOR PROBLEMA, com os seus quase-monopólios, parcerias publica-privadas que privatizam os lucros e socializam as perdas. Sem esquecer essa tríade maldita Câmaras/ Clubes/Empreiteiros que destruiu a beleza do pais, mas não só, OBRIGATÓRIO
     LER ATENTAMENTE:
    http://ladroesdebicicletas.blogspot.com/2010/12/uma-parte-menos-falada-da-crise-de.html
     
    Então a solução, com 20 anos de atraso e condicionada ao espartilho da arquitectura do euro, é: APOSTAR NOS BENS TRANSACCIONÁVEIS como muita gente diz:
    http://www.publico.pt/Pol%C3%ADtica/manuela-ferreira-leite-afirma-que-portugal-tem-de-apostar-nos-bens-transaccionaveis_1477994
     
    O próximo governo terá de incentivar os empresários a construir mais fábricas e exportar mais bens intermédios, e se for possivel bens com o máximo valor acrescentado possível!
     
    Vamos ver os ideólogos de Passos e do "Compre me isso Portugal" rebaptizado de 'Mais Sociedade', onde querem que o pouco dinheiro disponível aos empresários seja aplicado:
    http://sic.sapo.pt/programasInformacao/scripts/videoplayer.aspx?ch=negocios+da+semana&videoId{7E051AD1-FEB9-435E-A085-7A3D3FB15C62}
    Fábricas? Industria? Não! Querem mais rendas e monopólios na Saúde, Educação e Segurança Social!
     
    Depois disto tudo, o que faz o maior partido da oposição? Apresenta um candidato mais moderado (?Paulo Rangel?), não! Pela primeira vez desde a sua fundação apresenta um ultra-liberal!
    Se não pudesse vir a ser trágico eu diria que era cómico!
    E isto explica as sondagens com as transferências de intençoes do PSD para o CDS e um 'engolir do sapo' nas transferências BE para o PS.
     
     
    PS: Dois filmes para mais tarde recordar:
    http://www.sonyclassics.com/insidejob/
    http://www.dailymotion.com/video/xik4kh_debtocracy-international-version_shortfilms
     
    PS2: E inacreditável a desfaçatez deste Sr Carrapatoso, vir falar em concorrência, depois de juntamente com as outras duas operadoras moveis ter comprado a quarta licença móvel que iria reduzir os preços ainda mais acentuadamente do que quando a Optimus chegou. Tudo isto, antes das operadoras virtuais, e sem um pio da autoridade da concorrência, não admira que a troika tenha apontado como um dos maiores problemas a falta de concorrência.
     
    PS3: Para perceber a sociedade que os ultra-liberais querem, basta ler Oliver Twist de Charles Dickens

    PS4: Comparar as qualificações dos Portugueses também ajuda
    statlinks.oecdcode.org/962009061P1G001.XLS

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  3. desculpem, onde diz obejectivo deve ler se objectivo ou será objetivo

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