Nuno Garoupa, destacado economista do direito e da direita intransigente, queixa-se do suposto oligopólio da lucidez sobre o erro deste euro atribuído a João Ferreira do Amaral por jornalistas pouco rigorosos. Como Garoupa tem o mau hábito de ser demasiado vago, preferindo quase sempre prescindir de nomes, suponho que está a referir-se à informada entrevista feita por Ana Sá Lopes e Nuno Aguiar. Os jornalistas introduzem bem a questão: “Foi das poucas pessoas fora da área do PCP que criticaram a adesão ao euro.” De facto, tirando mesmo Carlos Carvalhas ou Octávio Teixeira, por exemplo, lembro-me de Francisco Louçã e de poucos mais economistas. Os economistas académicos da direita com intervenção pública sobre esta matéria andavam com os da esquerda dita moderna a fazer estudos por encomenda sobre os amanhãs europeus que cantariam. Quem foram então os numerosos economistas portugueses de que fala Garoupa? Nomes e textos, por favor. Fora de Portugal, a coisa era diferente, claro. Em Portugal, o consenso era de tal ordem que Pedro Pita Barros, que tem obrigação de ser um bom conhecedor destes assuntos, atribui o monopólio a Ferreira do Amaral: “Do que me recordo apenas João Ferreira do Amaral era convictamente contra a entrada no euro.” Têm de falar na SEDES sobre isto.
Ao contrario de Garoupa, acho que o debate nacional sobre a questão europeia tem vindo a melhorar muito ligeiramente, também só podia porque, como bem sublinha, acabou o romance europeu. Não concordo com a separação artificial política-economia que faz. A decisão de instituir o euro também foi uma decisão de economia política numa época onde a crença na convergência real, induzida pela convergência nominal e pelas forças de mercado, toldou o juízo a muita gente. Além disso, sabia-se que a regulação assimétrica da UE colocaria, mais tarde ou mais cedo, todo o peso do ajustamento no Estado social e no mundo do trabalho. Era sobre isto que se falava e fala entre demasiados economistas, sobre a necessidade de aprofundar utopias liberais. De resto, o BCE ou a “constituição económica” da UE, exemplos de federalismo de mercado, parecem saídos de um manual de economia política neoliberal.
Esqueceram-se mesmo de alguns detalhes: crises financeiras causadas pela ordem neoliberal, desequilíbrios comerciais sem mecanismos decentes de correcção, polarização social e regional, relação umbilical entre moeda e Estado soberano, etc. O dilema europeu só se resolve com acção política que mude o enquadramento institucional, mas as forças sociais que a poderiam levar a cabo não se vêem por aí e parece tudo trancado institucionalmente. Enfim, vamos então andar entre a austeridade, a especulação, a deflação e a reestruturação da dívida por tempo indefinido? Seja como for, isto é bem visto: “O jornalismo português deu palco e voz apenas a um punhado de economistas que pontificavam desde as sinecuras bem remuneradas do regime sobre as maravilhas do euro para a economia portuguesa, sistematicamente ignorando os problemas que se acumulavam.” O mesmo se passa com a discussão sobre a austeridade...
eu cá não sei..mas com a taxa tão elevada de desemprego , os economistas podiam por em prática os seus tão augustos saberes e criar empresas xpto a dar bués de lucro , com ordenados do caneco , onde empregar a malta..faziam então um serviço que a gente precisa mesmo. é que palavras não dão de comer. façam lá o favor de se reduzirem à vossa insignificancia para o andamento das coisas. bla , bla , bla..actos? nada , zero , nerón , népia. era bem melhor quando a malta fazia e vocês desbarravam sobre porque , como e tal do fazer sem implicar com ele. no principio da ciência , quando ela era útil e grátis.
ResponderEliminarse não sabem fazer melhor , calem-se.
Lembro-me também da oposição do Pedro Arroja.
ResponderEliminarSérgio Costa
lembro-me que o Sérgio Ribeiro escreveu um livro sobre as consequências da adesão ao euro, afirmando-secontra, é claro!
ResponderEliminarAssim de repente J Gomes (Wharton), M. Duarte (Toronto), R. L. Castro (Montreal), D. Dias (Illinois), I. Vieira (Évora), V. Carvalho (UPF). Basta abrir o J Monetary Economics, a European Econ R ou o Portuguese Econ J. Mas para a esquerda intransigente parece que só quem sai no Público ou no DN é relevante. Padece do mesmo erro bem identificado pela direita intransigente.
ResponderEliminarAlém de Ferreira do Amaral houve outros, é claro.
ResponderEliminarÉ que o problema não estava aí, o problema estava na Comunicação Social e nos diversos comentadores que pululam por todo o lado.
Desde o início que a Comunicação Social só apresenta os que são a favor, quem era contra raramente, muito raramente aparecia, tal como os comentadores.
O que parece é que houve uma vasta operação que convenceu todo o país das maravilhas do Euro, de que era o único caminho e que quem era contra estava ultrapassado.
Mais do que a classe dos economistas, a culpa reside mais nos jornalistas, comentadores e políticos.
Talvez a resposta esteja mesmo no clube Bilderberg,o qual continua a ser ignorado como se não existisse,ora este avanço de austeridade serve a quem??
ResponderEliminarAs elites financeiras com seus associados das grande empresas e dos média mais os politicos do bloco central europeu(com o silencio estranho de quem faz oposição interna)têm a resposta certamente.
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