domingo, 30 de janeiro de 2011

Pequenos passos para um mundo menos desigual

Nancy Birdsall, presidente do Center for Global Development, publicou aqui uma lista de dez medidas de custo zero que permitiriam fazer progressos significativos em matéria de desenvolvimento internacional em relativamente pouco tempo. Sendo o CGD um think tank progressista no contexto norte-americano mas certamente não radical, seria difícil esperar propostas especialmente avançadas. Ainda assim, a maior parte das ideias é sensata, exequível e merece ser publicitada. Birdsall refere principalmente medidas a adoptar pela administração norte-americana, mas, na maior parte dos casos, estas são directamente transponíveis para o contexto europeu. Aqui ficam algumas:

  • a remoção das quotas e tarifas no acesso ao mercado norte-americano (europeu) por parte das exportações originárias de todos os chamados países menos desenvolvidos (a que eu acrescentaria a revisão dos subsídios à produção agrícola norte-americana/europeia de modo a deixarem de constituir um mecanismo de dumping particularmente devastador);
  • o estabelecimento de uma ligação entre a política migratória e a actuação humanitária através da concessão de um contingente extraordinário de vistos a migrantes oriundos de países vítimas de catástrofes (o que seria um avanço bastante tímido, mas ainda assim positivo, ao nível da adopção de políticas migratórias mais progressistas e favoráveis ao desenvolvimento);
  • a aprovação e aplicação de legislação que garanta a transparência de todos os pagamentos efectuados por empresas privadas a governos de países em desenvolvimento no âmbito de acordos de exploração de petróleo, minérios e outros recursos naturais;
  • o aumento da proporção da ajuda pública ao desenvolvimento destinada a financiar a provisão de bens públicos globais, como a investigação agronómica.

Para ler e debater, discordando de algumas coisas e concordando com outras.

(O mapa em cima reflecte a distribuição mundial da riqueza em 2002 e foi retirado de http://www.worldmapper.org/)

2 comentários:

  1. O mapa reflete apenas a ideia de uma concentração de riqueza

    300 milhões de homens possuem 95% daquilo que se convenciona chamar riqueza mundial
    (sejam terras, símbolos de troca ou pecunia senso strictu que dê para abater e comer)

    6650 milhões detêm os restantes 5%
    e cerca de 1000milhões detêm 90%
    desses 5%

    ou seja 5500milhões têm fome de bens

    (a que eu acrescentaria a revisão dos subsídios à produção agrícola norte-americana/europeia de modo a deixarem de constituir um mecanismo de dumping particularmente devastador);

    a produção agrícola necessita de energia

    e num mundo tão economicamente dividido essa energia é escassa

    lá por um barão do cacau com os seus 5 ou 6 hectares viver um pouco melhor na África Ocidental
    e ter acesso a um carro em 2ªmão e a um frigorífico

    os seus 50 trabalhadores terão trabalho nas mesmas 3 ou 4 semanas por ano
    e nem por isso ganharão mais

    os passos que parecem ser pequenos
    são na realidade microscópicos

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  2. O mais engraçado é que alguns iluminados falavam desta agricultura dos pobres, nos anos 80 entre eles em portugal um tal de Mariano Feio mas esse ressalvava que tal como as castas na índia quando se fala de pobres também há castas

    Há os pobres que têm dívidas
    e os que nem dívidas podem ter
    mesmo o microcrédito agrícola
    só funciona se se tiver terra
    e água

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