sábado, 27 de novembro de 2010

Confrontar a economia depois das 8 da noite

Enquanto depois das 20h continuamos a ouvir na TV a incompetente conversa de que este orçamento é necessário para colocar o País no caminho da sustentabilidade financeira, na imprensa internacional não faltam especialistas da área financeira a dizer que a austeridade produz o contrário do que dela esperam os comentadores domésticos.

Hoje dou a palavra a Mohamed El-Erian:

"No fundo, a [actual] abordagem trata da liquidez e não da solvabilidade. Aumenta o valor da dívida em vez de o reduzir. E usa o método socialmente penoso dos cortes no rendimento e no crescimento como o principal meio de promoção da competitividade internacional ao longo do tempo.
Não deveria ser uma surpresa ver que, seis meses depois de ter adoptado esta abordagem, a Grécia ainda está em tempo de crise.
(...)
Chegará o momento em que a Europa encontrará uma melhor forma de conciliar o que é desejável com o que é possível. Precisa de abordagens alternativas que, não sendo as melhores, se revelem mais eficazes na resolução do problema da dívida, na melhoria da competitividade, e no apoio a uma reestruturação económica propiciadora de crescimento.
Forçosamente, estas alternativas serão incómodas para os governos. No quadro de um debate público alargado, a reestruturação da dívida surgiria como uma possível opção preventiva em vez de uma inevitabilidade catastrófica. Também seria de pensar num período sabático em que os países mais frágeis da Zona Euro a deixariam temporariamente para regressarem em condições mais sustentáveis."

Mas tenho dúvidas que a realidade faça abrir os olhos a uma União Europeia que se deixou cegar por um neoliberalismo suportado por falsas teorias económicas. Por exemplo: a ineficácia da política orçamental, a necessidade da independência do banco central, uma "economia da oferta" que promete o crescimento económico se as sociedades pagarem o preço redentor do desemprego de massa e salários de sobrevivência.

9 comentários:

  1. É gritante esta situação, só se vê na televisão pessoas que falam como se não estivessem a assistir ao descalabro que são as medidas de austeridade. Estas pessoas querem manter o seu estilo de vida à custa dos que pouco ou nada têm, isto é imoral.

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  2. A economia portuguesa pode desabar, mas ao menos vamos ter o TGV.

    Bancos e construtoras agradecem o empenhamento de quase todos os partidos políticos, que sabem reconhecer quem realmente manda.

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  3. Meus caros, convite para colaborarem:Amanhã, Domingo,28 de Novembro e até Sábado, 4 de de Dezembro, promovemos entre os colaboradores e os visitantes do Estrolabio um amplo debate sobre os principais temas da Economia nacional. Começaremos por analisar a Dívida Externa. Serão publicados diversos artigos, abrangendo tanto quanto possível todo o vasto leque de problemas que afectam a vida económica do País e dos cidadãos.

    Convite dirigido aos autores e a visitantes. Obrigado e um abraço (Ladrões de bicicletas" está na nossa página desde o ínicio)

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  4. Estamos de acordo no facto de que austeridade não projecta a economia em lado nenhum. Mas é óbvio que a Grécia ou qualquer outro país que use a austeridade como maneira de regular financeiramente o país não vai crescer. O propósito de um plano de austeridade não é esse. É sim o de refrear o deficit.

    Também estou de acordo no facto que os Estados europeus vão encontrar soluções entre o desejável e o possível.

    Porém deixo as seguintes questões para futuro debate:

    Crescimento económico é sinónimo de investimento em factores de produção. Sendo que nós (1) não temos dinheiro para investir (2) o nosso mercado não é atractivo a investimentos de capital estrangeiro (3) os países estão a pedir dinheiro para pagar dívida e não para investir. Como é possível projectar o país num ciclo de crescimento económico, nestas condições, sem antes passarmos por um plano de austeridade para equilibrar financeiramente o país?


    Reestruturar as dívidas públicas não é nenhuma utopia. Utopia é pensar que é possível, no mundo de hoje, um período sabático onde os países tivessem esta espécie de insolvência. Se aplicássemos esse conceito às sociedades entravamos em ruptura total. O que estamos a fazer de momento é reestruturar as dívidas. Se conseguirmos executar o orçamentos estamos no bom caminho.

    No essencial o que foi dito por Mohammed não é nada de novo, não apresenta nenhuma proposta concreta. Na verdade não diz rigorosamente nada.

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  5. Blogocionário

    Ao contrário do que disse, não estamos a reestruturar dívidas (negociar um pagamento mais dilatado no tempo e com uma redução significativa do montante).
    Precisamente esta é uma das novidades deste artigo publicado no site da Reuters. É coisa rara ver alguém com lucidez (e que sabe fazer as contas) defender uma solução que (ele bem o sabe) é inevitável. Por isso, defende que é melhor organizá-la desde já do que deixar degradar a situação até que se precipite uma ruptura unilateral.

    Outra novidade, no quadro do que se publica nos media financeiros, é a defesa de uma saída temporária do euro. Para lá do optimismo do autor quanto à possibilidade de esta ideia ser aceite na UE, tenho de reconhecer que esta é a única forma de a nossa economia voltar a crescer e, desse modo, pagar pelo menos uma parte da dívida.
    Como vê, duas ideias que não vê discutidas na nossa televisão depois das 8 da noite.

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  6. A soluçäo para a crise orçamental já foi experimentada, e com muito sucesso, na Argentina. Assim que Kirchner chegou ao poder em 2003 após o regabofe neoliberal que conduziu o país à ruína enquanto pôs os ricos ultraricos e assassinou a classe média, os argentinos viraram verdadeiramente à esquerda, e ele desde o início só se prestou a restruturar a dívida, nada de (mais) austeridade.

    E acabou! Pagou talvez metade da dívida pública, e os abutres financeiros fugiram i.e. näo emprestaram mais dinheiro. Isto fez com que a Argentina tivesse que alavancar os seus próprios recursos, e hoje em dia vejam como o país que supostamente ia entrar em falência após 2005, está em pleno crescimento, mas com maior igualdade social.

    Os especuladores que paguem a crise que criaram!

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  7. A crise é um bom negócio.

    A crise é um bom negócio. O bom negócio vive da crise que a gera, a alimenta, a desenvolve e a domina conforme lhe apetece, como um tumor.
    .......E A CRISE É O RESULTADO DO NEGÓCIO QUE COMEÇOU HÁ , MAIS OU MENOS 5 ANOS..
    Uma certa Europa, vive assim:


    "O investimento na dívida pública portuguesa está a revelar-se um excelente negócio para a Banca nacional. Com os juros da dívida da República em alta desde o início do ano, até atingirem 6,8% no leilão de Obrigações do Tesouro neste mês, o aumento das aplicações em 7,8 mil milhões de euros, entre Janeiro e Setembro de 2010, já garantiu à Banca muitos milhões de euros.

    Se fizermos as contas ao dinheiro aplicado neste ano, e se contarmos com uma margem mínima de dois pontos percentuais, o lucro ultrapassa os 150 milhões de euros, mas na realidade os ganhos ainda serão superiores. O BCE [Banco Central Europeu] empresta dinheiro à Banca portuguesa a 1%, contra garantias, e a Banca investe em dívida com juros a 6%", explica Mira Amaral, ex-ministro de Cavaco Silva e actual líder do BIC. Os últimos dados do Banco de Portugal revelam que, em Setembro de 2010, os bancos nacionais tinham investidos em dívida pública portuguesa 17,9 mil milhões de euros, um aumento de 53% em relação aos 9,5 mil milhões de euros registados em igual mês do ano passado.
    Desde a entrada em vigor da moeda única, a 1 de Janeiro de 1999, que a Banca portuguesa não tinha tamanha exposição à dívida pública. Para Luís Nazaré, ex-líder dos CTT, esta realidade "revela mais sensibilidade da Banca nacional para assegurar a dívida pública portuguesa, mas é também uma excelente aplicação, porque vai buscar o dinheiro a 1% ao BCE e investe-o a 5% na dívida". Mira Amaral alerta que "isto não é sustentável", porque "o BCE está a ajudar, através dos bancos comerciais, os governos".

    Fonte:http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/exclusivo-cm/divida-da-milhoes-de-lucro-a-banca

    Errata: o aumento de 9,5 mil milhões de euros para 17,9 mil milhões de euros, não representa, como diz o jornal, um aumento de 53%, mas sim de 90%.

    o QUE DIZ O MIRA É OUTRA DEMAGOGIA DESTE ABUTRES...ESTÁ MAS É A ESGANAR O POVO

    MÁRIO PACHECO ( um abraço)

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  8. Jorge Bateira,

    A reestruturação da dívida não evita que nós tenhamos de nos financiar no próximo ano em quase 50 mil milhões de euros. Podia até ser considerada como medida de curto-prazo mas a longo prazo não. Isto porque os benefícios para os credores iriam ser também melhorados. Ou seja íamos ainda pagar mais.


    Sair do Euro é irresponsável. Assumimos a responsabilidade e estamos na moeda única desde o início. Tirando o facto de que essa saída teria mais efeitos negativos do que positivos na economia.

    O que disse inicialmente é que o autor não apresentou nenhuma solução realista. Limitou-se a apresentar a situação económica da Europa. Aquilo que todos nós já sabemos.

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  9. enquanto se vê a Tv às 8 da noite não se vêem coisas que são feitas por pessoas que não vêem televisão. Que mostram alternativas, que DÃO ideias, boas a maior parte das vezes. Há mundo além da televisão...
    Gosto mais de ler no blogues do que ver a histeria em que se tornou a televisão.
    Um bem-hajam

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