Enquanto que na Europa estamos condenados a uma política económica inspirada na teoria económica que presidiu à Grande Depressão dos anos trinta, no resto do mundo há vontade para aprender com a crise financeira. Bom exemplo disso é a forma como os controlos de capitais estão a ser reinstituídos em vários países, da Islândia ao Brasil, passando pela Tailândia, como bem aponta este artigo de opinião de Ilene Grabel e Ha Joon Chang, hoje publicado no Financial Times. Os controlos de capitais não são nenhuma panaceia para o desenvolvimento. No entanto, se bem desenhados e implementados, eles permitem a estabilização financeira e, assim, sólidas fundações para o crescimento económico, como, aliás, aconteceu no período que precedeu os últimos trinta anos de política neoliberal.
Como bem apontam Grabel e Chang, estas políticas devem ser acompanhadas pela refundação do sistema financeiro internacional, por forma a garantir soluções concertadas para a instabilidade económica e para o desemprego. Existem já alguns esforços meritórios para o conseguir. Um deles é inspirado directamente na proposta de keynes para a criação de uma moeda “internacional”, sem existência real, o Bancor, que servisse de meio de pagamento internacional e que, aliado a um fundo internacional, fosse um instrumento para a correcção dos desequilíbrios externos dos diferentes países. Chama-se “SUCRE” e envolve os países da Alba (Venezuela, Bolívia, Equador, Cuba e Nicarágua). Este sistema foi desenhado como unidade conta gerida por uma entidade regional, onde todos os países têm os mesmos direitos de voto. Pretende-se promover o comércio regional nas moedas locais, ganhando assim autonomia face ao dólar, ao mesmo tempo que prevê o uso dos excedentes comerciais “excessivos” em investimento produtivo, direccionado para as exportações, nos países deficitários. Política industrial, lembram-se? O sistema é embrionário e depara-se como inúmeros problemas, já que os diferentes países têm políticas cambiais e de capitais muito diversas, dificultando a concertação. Contudo, é certamente um exemplo a seguir de perto.
Vai ser uma maravilha ver Malta e a Alemanha com o mesmo poder de voto.
ResponderEliminarora aqui está uma saída!!!
ResponderEliminarquando há respeito pelos outros!! na europa não há respeito nenhum!! é uma farsa!!
Pois oh anonimo, a mesma maravilha de ver o Estado do Dakota do Norte com o mesmo poder de voto do Estado de Nova Iorque ou da California, ou mesmo do Hawai nos EUA. Vivemos tantas maravilhas neste mundo, nao?
ResponderEliminar"Chama-se “SUCRE” e envolve os países da Alba (Venezuela, Bolívia, Equador, Cuba e Nicarágua) ... O sistema é embrionário e depara-se como inúmeros problemas, já que os diferentes países têm políticas cambiais e de capitais muito diversas, dificultando a concertação. Contudo, é certamente um exemplo a seguir de perto."
ResponderEliminarSinceramente não conhecia mas pela descrição parece-me uma iniciativa condenada ao fracasso.
Uns verdadeiros corsários da democracia e liberdade Latino-Americana.
ResponderEliminarQue trupe!!
As mesmas políticas, as mesmas ideias, a mesma cegueira dos anos trinta. Se daqui voltar a resultar uma guerra na Europa; e se a Alemanha for vista, justa ou injustamente, como causadora principal dessa guerra, uma coisa é praticamente certa: quando ela terminar não haverá Alemanha.
ResponderEliminarJosé, eles sabem disso, näo tenhamos ilusöes.
ResponderEliminarE eles sabem também que säo o motor da Europa, aliados aos franceses: O PIB da Alemanha é 27% do da Eurozona, o da França 21%.
Por isso mesmo quando esses dois países foram os primeiros a violar os critérios de convergência, nada aconteceu. E poucos anos depois foi o que se viu com o descalabro das contas da Grécia e demais.
Malta e Alemanha väo ter o mesmo poder de voto quando se regerem pelos mesmos princípios de rigor orçamental, independentemente do partido ou da dimensäo económica.
De outra forma näo faz sentido que uns trabalham (DE), e outros näo aumentem a produtividade há quase 20 anos (PT).
Os cidadäos alemäes já se cansaram de apertar o cinto, que näo houve aumento real dos salários em 10 anos, para "manter a competitividade! Por isso o Lidl é täo barato!
Fotografia da família feliz ... é mesmo um grupinho jeitoso.
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