sábado, 16 de outubro de 2010

Ir às raízes dos problemas socioeconómicos?

A Monthly Review é uma das mais interessantes e pedagógicas publicações do que nos EUA se designa por economia política radical. Procurar ir às raízes. Graças, entre outros, a Paul Sweezy, o seu fundador, foram pioneiros na identificação do processo contemporâneo de financeirização do capitalismo e no escrutínio das suas causas. Um tema que é hoje quase convencional. Ler os artigos, agora compilados em livro, onde analisam desde o início do milénio os mecanismos que iriam estar na origem deste grande crise é bastante esclarecedor – estagnação dos rendimentos salariais devido ao enfraquecimento do movimento sindical, endividamento para compensar as tendências para a estagnação económica e muita especulação financeira. Marx, Keynes, Kalecki e quem mais for necessário para analisar criticamente o capitalismo realmente existente. O último número tem dois artigos disponíveis gratuitamente que ilustram na perfeição a abordagem de economia política que esta publicação socialista defende: John Bellamy Foster discute a “financeirização da acumulação” e Özlem Onaran discute a crise do capitalismo europeu, a leste e a oeste. Boas leituras.

3 comentários:

  1. é uma revista com tantas falhas

    e a parte da estagnação salarial...

    e a ausência da análise das alterações nos fluxos comerciais de produtos manufacturados e matérias primas

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  2. Meu caro João Rodrigues, você é de uma ingenuidade a roçar a estupidez…

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  3. Caríssimo amigo João Rodrigues,

    Obrigado pela pertinente sugestão de leitura! Com efeito, só a financeirização do capitalismo e a oculta especulação que este sistema propiciou tornou possível esta violenta crise económico-social que vivemos, actualmente, na Europa.

    Só a crispação social que se começa a fazer sentir por vários países da Europa poderá "abrir um pouco os olhos" aos tecnocratas da econometria, no sentido de obrigar os países Europeus a pensar uma estratégia sólida para que este "barco" não continue à deriva sem comando real e com as tripulações cada vez mais agitadas no mar já de si tormentoso....

    Só a partir de políticos carismáticos, com sensibilidade social, com um estratégia estrutural que passe pela mudança de paradigma Civilizacional, como bem nos diz Vitorino Magalhães Godinho ( VMG, Os problemas de Portugal - Os problemas da Europa, 2010), que consigam mobilizar as populações com o objectivo de recuperar o modelo Social Europeu e de fazer sair o velho continente da crise financeira em que se encontra metida, e em particular os países do Sul. Todas estas complicações são, com efeito, decorrentes da cobiça de uns tantos oligopólios e da economia chinesa que assenta a sua estratégia de afirmação mundial no desrespeito pelos Direitos Humanos mais básicos ( como vimos a propósito da reacção colérica das autoridades chinesas face à atribuição do Prémio Nobel da Paz ) pervertendo a concorrência do comércio internacional.

    Só, assim, poderemos voltar a ver luz ao fundo do túnel...

    Saudações cordiais, Nuno Sotto Mayor Ferrão
    www.cronicasdoprofessorferrao.blogs.sapo.pt

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