As contas estão feitas: as empresas que o governo quer privatizar geraram, no ano passado, resultados líquidos positivos de 350 milhões de euros, o que representa mais do dobro do montante que o governo quer poupar no PEC com o pagamento de juros da dívida pública. Os seis mil milhões de receitas previstas, quando nem um cêntimo estava inscrito no programa eleitoral do PS, contribuirão para uma redução insignificante, de pouco mais de 2%, do peso da dívida pública no PIB.
Será que isto justifica a destruição talvez irreversível de qualquer possibilidade de um Estado estratego capaz de garantir o interesse público em sectores sensíveis da economia, tal como Manuel Alegre bem denunciou, ou a violação do contrato eleitoral com os cidadãos, a base de uma democracia sã? Não creio. Sabe-se que a redução sustentável da dívida só pode vir de um novo modelo de crescimento que prescinda de receitas neoliberais fracassadas. A experiência internacional vem mostrando que o controlo público de sectores estratégicos da economia, nomeadamente no campo das infra-estruturas e dos serviços de rede – da rede eléctrica aos serviços postais -, indispensáveis para a coesão social e territorial de uma comunidade política digna desse nome, é mais eficiente e eficaz do que a mera e sempre ligeira regulação de actores privados.
O resto da minha crónica no i pode ser lido aqui.
Será que isto justifica a destruição talvez irreversível de qualquer possibilidade de um Estado estratego capaz de garantir o interesse público em sectores sensíveis da economia, tal como Manuel Alegre bem denunciou, ou a violação do contrato eleitoral com os cidadãos, a base de uma democracia sã? Não creio. Sabe-se que a redução sustentável da dívida só pode vir de um novo modelo de crescimento que prescinda de receitas neoliberais fracassadas. A experiência internacional vem mostrando que o controlo público de sectores estratégicos da economia, nomeadamente no campo das infra-estruturas e dos serviços de rede – da rede eléctrica aos serviços postais -, indispensáveis para a coesão social e territorial de uma comunidade política digna desse nome, é mais eficiente e eficaz do que a mera e sempre ligeira regulação de actores privados.
O resto da minha crónica no i pode ser lido aqui.
Parece que começam a abrir os olhos, o que tu dizes hoje já eu grito á pelo memos 25 anos.
ResponderEliminarO problema das privatizações, é a falta de direitos do consumidor.
Se o consumidor tiver mais direitos, eu duvido que quiram privatizar algo.
Por exemplo: Se eu for a um hospital de parceria estado/privado, reservo-me no direito de apenas dar ordem de pagamento se eu for bem atendido.
O mito da eficiência do sector privado baseia-se na falácia da intransitividade. Num mundo racional, quando se diz que uma coisa é eficiente ou eficaz, diz-se em quê. Um martelo é eficaz se quisermos pregar um prego, mas não se quisermos aliviar uma dor de cabeça: para este propósito é mais eficaz uma aspirina. A eficiência e a eficácia são conceitos que só fazem sentido se forem transitivos, isto é: se tiverem objecto expresso e objectivo definido.
ResponderEliminarMas no universo fantástico dos neoliberais a eficiência não precisa de objecto nem de objectivo: é uma ideia, um arquétipo que se libertou do mundo material para se tornar uma referência universal.
Não há eficiência nem eficácia que não tenham por objecto um propósito, uma vontade ou um desejo humano. Uma máquina que trabalhe para si própria não é eficiente nem eficaz.
Daqui decorre que numa sociedade política não há eficiência que não seja política; e num sistema democrático não há eficiência cujo objecto não seja o cumprimento da vontade popular. Se essa máquina, esse artefacto a que chamamos mercado não serve os propósitos, a vontade e os desejos da sociedade, então não é eficiente nem eficaz. Não só não o é perfeitamente, como nem sequer imperfeitamente.
As empresas privadas são eficientes (quando o são) na geração de lucros. Não têm que ser eficientes em mais nada, e normalmente não o são. A geração de lucros por parte duma empresa é um objectivo legítimo dos seus accionistas, mas não é um objectivo da sociedade em geral. Esta pode permitir-lhe que gere lucros; pode até organizar-se de modo a criar-lhe condições para tal; mas o objectivo da sociedade está, não directamente no lucro da empresa, mas na contrapartida social deste lucro; e esta contrapartida tem que se cifrar, para uma sociedade que suportou custos, num saldo positivo.
Mas como é que isto é possível?!? Dantes ainda tentavam encobrir, agora roubam a nação à luz do dia sem vergonha e não se faz nada?!? Nem os partidos de esquerda apresentam queixa crime por contra estes autênticos bandidos que estão a fazer negócios que lesam a nação? Perdeu-se a vergonha...
ResponderEliminarA crer na seriedade dos estudos recentes feitos no nosso país, as empresas pouco respeitam os direitos dos consumidores praticando bullying utilizando a desculpa como arma de arremesso. Quando esta não funciona as linhas de apoio a clientes refugiam-se na tese de que até ao momento nenhum cliente reclamou dessa daquele problema. Tenta dar a ideia de quem está errado é o cliente, mesmo que a lei esteja do lado do consumidor. Isto é bullying praticado conta o consumidor.
ResponderEliminarMesmo que esteja exagerada esta generalização, bastará pensarmos que as estatísticas também nos dizem que a maior parte dos consumidores nem reclamam pois de nada vale. Ou seja, temos que aceitar que o bullying praticado pelas empresas, mesmo sem se conhecer o fenómeno, ele esta presente no quotidiano dos portugueses e é pior que a “PIDE”.
É evidente que muitas pessoas desconheciam o bullying até ao momento.
Bullying é a definição de agressões de vários tipos;
A palavra bullying diz respeito a todas as formas de agressão, repetidas e intencionais, sem razões aparentes e que, resultando de uma relação desigual de poder, causam angústia, no consumidor devido a sua impotência de se defender. Dor que pode revelar-se insuportável e conduzir a vítima ao acto de pagar e calar, perante a luta de David contra Golias.
As agressões são a violação da lei frequentemente confundidas com a desculpa de “esta na lei mas nada podemos fazer”; podem ser morais, assumindo, não raras vezes, as características de guerra silenciosa, que vai destruindo, devagarinho, a auto-estima e impondo estados depressivos ao consumidor. Na tentativa de criar no consumidor a ideia que este é sempre culpado, mesmo que tenha razão. Estas guerras de bullying praticadas pelas empresas demonstram que o bullying, é politica corrente na maioria das empresas.
Poderemos dizer que os principais instigadores ao bullying em Portugal são:
EDP, PT, TV CABO, BRISA, ZOOM, CTT, CÂMARAS MUNICIPAIS, ÁGUAS DE PORTUGAL, BANCOS, COMPANHIAS DE SEGUROS, ETC…..
Será que agora querem culpar putos que praticam bullying???!!! Quando os mesmos são instigados todos os dias com exemplos concretos na televisão……
Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas
Estas privatizações são de facto, a maior parte delas, uma atrocidade.
ResponderEliminarNo entanto é profundamento ingénuo achar que é Manuel Alegre que vai inverter a situação. Uma vez que Manuel Alegre não percebe um chavo de economia, assim que subisse ao poder os interesses do costume rapidamente o convenceriam de que não existe alternativa a estas medidas! E se não fossem estas privatizações seriam outras atrocidades semelhantes! Enquanto continuarmos a eleger nabos, ainda que sejam nabos bem intencionados, nada vai mudar.
“Trocadas as descomposturas preliminares, sobre a questão da fazenda, decide-se que é indispensável, ainda mais uma vez, recorrer aocrédito, e faz-se novo empréstimo. No dia seguinte averigua-se, por cálculoscheios de engenho aritmético que para pagar os encargos doempréstimo do ano anterior não há outro remédio senão recorrer ainda mais
ResponderEliminaruma vez ao país e cria-se um novo imposto.
Fazem-se empréstimos para suprir o imposto, criam-se impostos para pagar os empréstimos, tornam-se a fazer empréstimos para atalhar os desvios do imposto para o pagamento dos juros, e neste interessante círculo vicioso,mas ingénuo, o deficit - por uma estranha birra, admissível num ser teimoso,mas inexplicável num mero saldo negativo, em uma não-existência - aumenta sempre através das contribuições intermitentes com que se destinam a extingui-lo, já o empréstimo contraído,
já o imposto cobrado…
Pela parte que lhe respeita, o país espera. O quê? O momento em que pela boa razão de não haver mais coisa que se colecte, porque está colectado tudo, deixe de haver quem empreste por não haver mais quem pague."
Ramalho Ortigão
Farpas-1882