terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Poderes e razões

"Os governos parecem estar sob pressão das agências de rating, que têm agora um poder irónico, depois do falhanço que precedeu a crise financeira." José Reis do Ladrões em declarações ao jornal i. Experimentemos ir pelo caminho de cortes na despesa que estas agências, que os governos insistem em não desmantelar, recomendam: "A soma das partes (contracção da despesa pública e do rendimento disponível no conjunto da UE) é incompatível com o resultado agregado pretendido (sustentação da despesa, do emprego e da procura). Não é preciso ser adivinho para antecipar a consequência" (José Maria). Acrescentaria que um orçamento à altura das circunstância tem mesmo de enfrentar os grupos sociais que beneficiam da estrutura neoliberal de constrangimentos de que estas agências fazem parte.

De resto, toda esta situação nas periferias é a demonstração da utopia económica que presidiu à criação do euro: não há moeda europeia sem fiscalidade, despesa pública e divida pública europeias. Sobre o fracasso deste modelo de integração, vale a pena ler o euromorandum 2009/2010: "Europa em Crise". Desde há vários anos que centenas de economistas, entre os quais vários de nós se incluem, alertam para a sua insustentabilidade económica, social e ecológica e apresentam alternativas de política económica à escala europeia. Que fazer? Continuar a trabalhar e a insistir.

Jörg Huffschmid, Professor na Universidade de Bremen e um dos grandes dinamizadores desta e de outras redes de economistas europeus dedicadas à investigação e apresentação de propostas, faleceu recentemente: "Há homens que lutam um dia, e são bons; Há outros que lutam um ano, e são melhores; Há aqueles que lutam muitos anos, e são muito bons; Porém há os que lutam toda a vida; Estes são os imprescindíveis" (Bertolt Brecht).

1 comentário:

  1. Deixem-me dizer; isso parece uma proposta esquisofrénica.

    Tá bem que toda a gente acha e pensa q um fiscalidade comum mitigava este malogrado estado de coisas.

    Mas isso é treta de esconomista; e fundamentalmente não muda nada. É trocar o poder da finança nacional pela finanças mais poderosas da europa. Ninguém cá quer isso, a não ser aqui o blog de vanguarda, que vendidos por vendidos preferem vender-se a quem der mais capital para sustentar o défice!!

    E não vale a pena bater na mesma tecla. A tragédia desensrola-se à nossa tecla; mas os senhores parecem ter pouca proposta para esse concreto. Qd os CDS tb começarem as disparar para Portugal ainda vão continuar a dizer mal dos CDS das agências de rating e por aí fora.

    É óbvio que uma saída para a Grécia será ponderar em transformar parte da dívida nacional em dívida europeia, com parte de outros Estados Europeus a fazer o mesmo para se protegerem dos humores do mercado.. mas as medidas "tipo FMI" serão impostas na mesma. Mesmo com a dívida concentrada os saldos bancários terão q continuar a ser cobertos, e só se vislumbra uma opção: aumentar a carga fiscal sobre a populaça.

    Tudo em nome do défice. Mas com isso os senhores parecem estar bem. Afinal vamos ficar a 2.30 horas de Madrid, já ninguém quer saber da velha linha de montanha... bons tempos passámos naquele ar de serra; mas isso eram outros tempos.

    ResponderEliminar