Depois de ler o artigo do economista Miguel Portela no economia.info, onde se conclui “que a apreciação da taxa de câmbio real poderá ter sido um importante factor na destruição de emprego nas manufacturas no período 1988-2006”, lembrei-me de repescar o final de uma posta com alguns meses da autoria de João Pinto e Castro:
“[A] adesão ao euro foi imposta ao país sem sentido de responsabilidade e a pretexto de ilusórias vantagens que, de facto, jamais se concretizaram. Foi o nosso Grande Salto em Frente doméstico, promovido por políticos e economistas sem mundo nem cultura a quem a ideologia toldou o juízo. Agora, que não podemos sair nem podemos ficar, a dimensão do erro é manifesta para todos. Mas nem assim os que nos atiraram para aqui são capazes de fazer mea culpa. Eles estavam e estão certos, o país de incapazes e mandriões que nós somos é que está errado.”
Esta é uma parte importante da história. E agora? Que fazer? Eu e o Ricardo propusemos algumas pistas europeístas na Finisterra, que me parecem tão difíceis como o regresso ao escudo. Isto está tudo blindado do ponto de vista da transformação institucional. Enfim, Jacques Sapir defendeu, há alguns anos atrás, uma nova arquitectura monetária europeia que nos tirasse desta previsível camisa-de-onze-varas. Não podemos sair, não podemos ficar? Existirá uma terceira via?
I. E parece agora que os ladrões acordaram para a realidade da taxa de câmbio real; afinal Portugal continua a ter uma tx de câmbio com o exterior, mesmo estando incluido numa União Monetária. Curioso. Ou assim nem tanto.
ResponderEliminarII. A a TCR é só uma rácio entre preço da moeda / nível de preços; se fossemos ver outro rácio muito gramado por economias de todas as extracções aumento salarial / crescimento da produtividade, as modas paravam ainda pior.
III. Por isso, q há a fazer? Estudar, estudar mt. ahahha. Já dizia o Lenine...
Uma terceira via para uma nova arquitectura monetária
ResponderEliminarÁs segundas, terças e quatro preocupam-se com a competitividade. Ás quintas, sextas e sábados preocupam-se com o nível de vida dos trabalhadores.
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Decidam-se!!!
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Só há uma forma de conciliar as duas, apostar nas indústrias e empresas produtoras de bens de cada vez maior valor acrescentado. Não, não precisa de ser de muita tecnologia, podem ser sapatos a 300 euros o par, ou têxtil, ou mobiliário, ou ...
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Só que para que a transição se dê temos de deixar morrer as empresas que não souberem, ou não puderem, ou não quiserem dar a volta.
-Houve quem andasse a percorrer o país avisando os incautos.
ResponderEliminarCcz já deve ter ouvido falar no paradoxo de Kaldor: os países que mais crescem são também aqueles onde as taxas de crescimento dos custos unitários do trabalho mais aumentaram. Pensamos efectivamente o mesmo em todos os dias da semana.
ResponderEliminarSendo assim; só não percebo onde é que está o paradoxo!
ResponderEliminarO paradoxo de Kaldor não significa (infelizmente) uma relação causal mas apenas revela que a competitividade não depende apenas dos custos unitários do trabalho mas TAMBÉM ou principalmente de outros factores como a acumulação de capital (e nomeadamente do aumento do capital por trabalhador), o progresso técnico ou as economias de escala/gama.
ResponderEliminarQue Vítor Bento ou Ferraz da Costa ainda chamem de "paradoxo de Kaldor" eu compreendo. (BTW, é impressionante, é de chorar, perceber e racionalizar que Ferraz da Costa, é ou foi presidente do Forum para a Competitividade, e só sabe falar dos salários mais nada... nem os franciscanos são tão pobrezinhos)
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Agora que os Ladrões ainda o chamem de paradoxo... não compreendo.
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Só é paradoxo para quem, olhando para a equação da produtividade, só consegue ver a redução dos custos como a única válvula de actuação para aumentar a produtividade. Pelo contrário, quem está habituado a olhar para o numerador e percebe o seu efeito multiplicador, sabe que a melhor receita é aumentar os preços. Aumentando o valor do que é produzido aos olhos dos clientes.