"As recentes eleições revelaram que as preferências maioritárias dos portugueses deram a vitória ao PS, embora aquém da maioria absoluta, e uma maioria de esquerda (PS, BE e CDU) em votos e mandatos parlamentares. Por um lado, o PS ganhou com 36,6% dos votos, mas perdeu cerca de 8,4% dos votos face aos 45,0% de 2005. Por outro lado, entre 2005 e 2009, os partidos à sua esquerda aumentaram significativamente (BE: de 6,4% para 9,9%) ou muito ligeiramente (CDU: de 7,5% para 7,9%). Tudo somado, e mesmo tendo em conta que ainda faltam distribuir 4 deputados da emigração, há uma clara maioria à esquerda, seja em termos de votos (53,8% do total), seja em termos de lugares no parlamento (127/230 = 55,2%). Portanto, ao rejeitar a maioria absoluta, o eleitorado apontou para a necessidade de entendimentos entre os partidos. Além disso, tendo em conta a maioria das esquerdas, podemos dizer também que o eleitorado aponta para que, prioritariamente, tais esforços de entendimento sejam feitos neste sentido.
Estes resultados exigem que as esquerdas se encontrem e sejam capazes de explicitar o contributo que cada um destes partidos (PS, BE e CDU) está disposto a dar para se encontrar uma solução estável de governo, tão comum por essa Europa fora. Pelo menos essa tentativa de entendimento é devida ao povo português pela forma como demonstrou a sua vontade eleitoral.
Os subscritores do presente apelo convidam a comunicação social para o lançamento público da iniciativa, no Martinho da Arcada, em Lisboa, nesta quarta feira, 30 de Setembro, pelas 17H00. Neste mesmo dia, o apelo, subscrito por um conjunto de cerca de 150 personalidades de vários quadrantes profissionais, sociais e político-ideológicos que constituem a sua comissão promotora, estará disponível para subscrição pública no seguinte sítio da internet: http://www.compromissoaesquerda.com.
Lisboa, 29 de Setembro de 2009
Pelos promotores
Isabel de Castro
Maria João Seixas
Maria do Céu Guerra (co-porta-voz)
Ana Paula Fitas (co-porta-voz)
Fernando Vicente
Ulisses Garrido (porta-voz)"
Existe qualquer coisa de incoerente na forma como a sociedade portuguesa classifica politicamente o PS, depende de quem observa, das circunstâncias, dos desejos, etc.
ResponderEliminarPor esse motivo tenho dificuldades em aceitar esta interpretação de que a esquerda ganhou uma maioria no parlamento. Por e simplemente não sei se é possível afirmar isso, nem o seu contrário.
Por exemplo, o PC faz declarações sistemáticas afirmando que "este" PS de Sócrates, no governo, faz políticas de direita.
O Bloco considerou prioritário retirar a maioria absoluta ao PS. Presumo que não estaria contente com a política de esquerda do governo.
No PSD e no CDS os argumentos são precisamente o contrário: o governo tem de ser derrubado porque as suas políticas são classificadas como sendo de esquerda.
Também neste blogue foram destacados várias acções do governo que indiciam um certo desvio às denominadas políticas de esquerda: privatização da gestão hospitalar, alteração do código de trabalho com prejuizo para o trabalhador, desqualificação sistemática do papel social dos sindicatos, etc.
Os próprio dizem ser da "esquerda democrática".
Por tudo isto, considero que este apelo ainda não faz sentido.
Primeiro é necessário responder às seguintes questões: o que é ser de esquerda na actual conjuntura em Portugal? Este PS de Sócrates é ou não é de esquerda? Quanto é que "vale" e quem é a esquerda no PS actual?
Só com todos os dados reunidos, depois de dadas as respostas a estas questões, fará sentido questionar se é possível e benéfico reunir um projecto comum entre CDU, BE e PS?
Será oportunismo ou infantilismo político?
ResponderEliminarÉ um apelo que demonstra bem a infantilidade política de tantos "notáveis" da nossa praça, e ao mesmo tempo, de alguns que pretendem a custo de qualquer arranjinho chegar ao poder.
ResponderEliminarÉ óbvio que colocar em pé de igualdade a responsabilidade dos 3 partidos citados só pode ser parvoíce. Um deles teve maioria absoluta e privatizou parte das coisas mais importantes para a maioria das pessoas, e colocam a questão (uma das porta-vozes desta proposta-pasquim) como, o BE e a CDU devem largar as suas quintinhas que só lá estão por motivos identitários... claro que sim, ainda bem, que alguém tenha identidade na esquerda, se esta direcção política mandou o socialismo às couves (veja-se o resultado PSD e a descolação de votos para o CDS), então... claro que a haver alguma ínfima possibilidade de entendimento tem de partir logo de ínicio, o PS, enquanto partido mais votado, tem de saber apresentar um orçamento que inclua as propostas dos outros, e não o contrário.
Eu não votei neste Freeport!!!! Abaixo a corrupção! O PS não é de esquerda! É DE DIREITA!!!!!
ResponderEliminarContem com o PCP e com o BE para lutar contra a vossa máfia (que não roubam só bicicletas)!
Questionado sobre se a CDU estaria disponível para esse acordo, Ruben de Carvalho respondeu: “A CDU só assume compromissos com o que concorda e não precisa de assumir compromissos para os respeitar quando está de acordo”.
ResponderEliminar“Se o candidato Pedro Santana Lopes, ou outro qualquer, apresentar propostas que nós entendamos que servem os interesses da Câmara de Lisboa estaremos de acordo, se entendermos que não estaremos contra”, acrescentou.
Não pude deixar de reparar que os meus comentários anteriores foram apagados. O que se passa?
ResponderEliminar