«No momento em que escrevo, os portugueses dispõem de duas visões muito diferentes sobre como sair da crise em que nos encontramos. De um lado, o "manifesto dos 28" e, do outro, o "manifesto dos 52". Para o primeiro, a solução é o limite do endividamento, o que implica uma drástica redução do investimento público, fonte de muitos males, sendo os maiores o TGV, o novo aeroporto e as auto-estradas. Para o segundo, a prioridade é a promoção do emprego e a capacitação económica, o que implica um forte investimento público (não necessariamente nos projectos referidos) pois só o Estado dispõe de instrumentos para desencadear medidas que minimizem os riscos sociais e políticos da crise e preparem o país para a pós-crise». O artigo de Boaventura de Sousa Santos na Visão está disponível aqui.
O provedor do leitor do Público debruça-se sobre a cobertura que o jornal deu aos vários manifestos. É uma análise detalhada e que expõe bem a forma como a agenda política neoliberal de José Manuel Fernandes se sobrepôs, uma vez mais, aos mais básicos critérios jornalísticos. Não deixem de ler: «o jornal reconhece a existência de erros neste processo [o director não, claro] e tem procurado emendar a mão, dando agora o mesmo relevo aos três manifestos no seu site (...) O problema é que não existe segunda oportunidade para se causar uma boa primeira impressão».
Li os manifestos e os dois primeiros não me parecem assim tão antagónicos. Nem os primeiros rejeitam todo o investimento público nem os segundos defendem que se pode gastar sem qualquer limite. Como ninguém defende propriamente o NAL nem o TGV e como ambos até propõem áreas de investimento semelhantes, não haverá maneira de conciliar as duas visões em vez de realçar as diferentes trajectórias ou posições políticas dos subscritores?
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