«Outra coisa surpreendente do manifesto dos 51 é uma posição claramente europeísta de algumas pessoas que não são tidas como europeístas». Quem é que não é tido como europeísta? Aqui sempre se defendeu um vigoroso aumento do orçamento comunitário e sempre se criticou a actual arquitectura do desgoverno económico europeu que mais parece tirada de um manual de teoria da escolha pública. O desastre está à vista. De resto, é preciso ser caridoso para considerar a atoarda de Vital Moreira sobre o imposto europeu, logo prontamente desmentida pelo PS, uma proposta. Também já aqui defendemos que ou bem que temos um Estado federal, com algum tipo de imposto europeu e com dívida pública europeia, ou bem que a utopia de uma moeda sem Estado acabará mal. Os europeístas felizes do tanque do PS, que andaram estes anos todos a gabar os génios que nos meteram neste buraco institucional, feito com PEC e BCE, é que têm contas a prestar.
terça-feira, 30 de junho de 2009
O tanque e os manifestos
Paulo Trigo Pereira (PTP) decidiu pronunciar-se sobre o manifesto pelo emprego no esvaziado tanque das ideias do PS: «É surpreendentemente pobre e errática a argumentação». Nada que surpreenda: PTP prefere atrelar-se e atrelar o PS ao manifesto dos 28. Com estes intelectuais orgânicos, não admira que o PS também vá pescar nas águas do Compromisso Portugal. Continua a insistir-se na «taxa de natural de desemprego» de duvidosa fama teórica e empírica. Sim, é verdade que os cálculos dos custos do desemprego tomam, implicitamente, como referência um mundo sem desemprego. E depois? Antes isso do que tomar como referência uma taxa de desemprego arbitrária, natural ou não, que só serve para justificar uma política económica que usa o desemprego como mecanismo para disciplinar o mundo do trabalho. Aqui temos outras prioridades normativas. Os custos de protecção social são, entre outros, os custos com os subsídios de desemprego, o resultado de uma política complacente. Nada que faça perder uma linha a PTP, que parece achar que esta crise se cura a si mesma sem investimento público que deixe lastro. Quem subscreveu o manifesto acha que os custos de confiarmos nas forças de mercado são, no actual contexto, demasiado elevados.
«Outra coisa surpreendente do manifesto dos 51 é uma posição claramente europeísta de algumas pessoas que não são tidas como europeístas». Quem é que não é tido como europeísta? Aqui sempre se defendeu um vigoroso aumento do orçamento comunitário e sempre se criticou a actual arquitectura do desgoverno económico europeu que mais parece tirada de um manual de teoria da escolha pública. O desastre está à vista. De resto, é preciso ser caridoso para considerar a atoarda de Vital Moreira sobre o imposto europeu, logo prontamente desmentida pelo PS, uma proposta. Também já aqui defendemos que ou bem que temos um Estado federal, com algum tipo de imposto europeu e com dívida pública europeia, ou bem que a utopia de uma moeda sem Estado acabará mal. Os europeístas felizes do tanque do PS, que andaram estes anos todos a gabar os génios que nos meteram neste buraco institucional, feito com PEC e BCE, é que têm contas a prestar.
«Outra coisa surpreendente do manifesto dos 51 é uma posição claramente europeísta de algumas pessoas que não são tidas como europeístas». Quem é que não é tido como europeísta? Aqui sempre se defendeu um vigoroso aumento do orçamento comunitário e sempre se criticou a actual arquitectura do desgoverno económico europeu que mais parece tirada de um manual de teoria da escolha pública. O desastre está à vista. De resto, é preciso ser caridoso para considerar a atoarda de Vital Moreira sobre o imposto europeu, logo prontamente desmentida pelo PS, uma proposta. Também já aqui defendemos que ou bem que temos um Estado federal, com algum tipo de imposto europeu e com dívida pública europeia, ou bem que a utopia de uma moeda sem Estado acabará mal. Os europeístas felizes do tanque do PS, que andaram estes anos todos a gabar os génios que nos meteram neste buraco institucional, feito com PEC e BCE, é que têm contas a prestar.
khjo
ResponderEliminar"O trabalhador por conta de outrem é o maior inimigo da economia". É a ideia que se tenta impingir à opinião pública desde há décadas. Pois sendo a produtividade a grande culpada da falta de competitividade da economia (portuguesa, europeia), quanto mais automatizada estiverem a indústria e os serviços, melhor.
ResponderEliminarEsta lógica destruiu milhões de postos de trabalho nos últimos 20 anos, conduziu à utilização maciça de autómatos programáveis e robots na indústria, caixas automáticas nos bancos e nos transportes, e na Internet foram transferidas para o utilizador muitas tarefas que eram executadas por pessoas que tinham um emprego. Em duas Repartições de Finanças que visitei ultimamente mais de metade das secretárias não tinham ninguém lá sentado. Reparando melhor percebe-se que o mesmo funcionário anda de secretária em secretário fazendo o trabalho que era de vários há uns anos.
Só não chegámos mais cedo à actual situação de desemprego porque entretanto foram aparecendo actividades não produtivas que absorveram a população que se destinava aos postos de trabalho suprimidos, e porque a tendência demográfica é para a diminuição da população activa e para o envelhecimento.
Porém a na corrida ao armamento na guerra produtividade / emprego pendeu definitivamente para o lado da produtividade, da tecnologia. Se não quisermos que as pessoas morram à fome por falta de emprego temos que recorrer à política do subsídio. Em breve teremos um exército de pobres a viver de subsídios e meia dúzia de iluminados a carregar em botões (de autómatos ou de teclados de PCs). É a minha visão do futuro.
Então devíamos era todos voltar para o tempo da agricultura de subsistência, do sapateiro de esquina e da máquina de escrever. A produtividade que a industrialização e informatização da economia nos trouxe é o que lhe permite estar aqui a comentar num blogue nos seus tempos livres em vez de estar a cavar para por comida na mesa. Se ainda tivessemos que fazer todo o trabalho manualmente, acha mesmo que a sua vida teria o conforto que tem hoje?? Todas a inovações, desde a invenção da roda têm contribuído para facilitar a vida da humanidade. A destruição desses empregos é precisamente o que permitiu libertar o trabalho humano para outras actividades. Desde que continuem a existir necessidades humanas por satisfazer (e essas sempre existirão e sempre em maior número) haverá sempre trabalho para fazer.
ResponderEliminarCarlos,
ResponderEliminarnão confunda necessidades com desejos.
Sabe quem foi Edward Bernais?
Foi ele quem descobriu que as necessidades eram finitas mas os desejos não. Em parte porque acreditava que era preciso manter as massas controladas, a consumir, e as fábricas a produzir.
Não há que ser luditta e negar
os beneficios do progresso,
mas também convém perceber que quando há um mercado para "insultos curtidos no teu telemóvel" não estamos propriamente a falar de necessidades.
Aqui há uma vintena de anos, o Alvin Toffler celebrava a terceira vaga, uma revolução tecnológica que iria libertar o homem de todo o trabalho rotineiro para poder ter apenas actividades criativas.
Convenhamos que o futuro não é nada do que estava prometido.
Todos os ganhos de produtividade foram capturados pelos mais ricos, e a quem trabalha agora pede-se mais tempo do que nunca.
Há algo de profundamente errado nisto tudo.
Pelos padrões pré-industriais, um indivíduo da classe média actual é riqussímo. Não foi assim há tanto tempo que a generalidade da população tem acesso a habitação com electricidade, saneamento, gás. Sem falar em educação e cuidados de saúde acessíveis. E então se formos falar de automóveis, computadores, telemóveis, etc... foi há menos tempo ainda. Fora todas as actividades de lazer, viagens que mesmo uma familia de classe média- baixa pode usufruir, mesmo que em pequenas doses. Vai me dizer que a uma grande parte da população (não digo da mundial, mas falemos no caso de Potugal) não tem hoje condições para ter acesso a tudo isto?? Se isto não é riqueza comparado com o que se passava há 100 ou mesmo 50 anos atrás, não sei o que será.
ResponderEliminarApenas contestei a noção de necessidade vs desejo. As necessidades são coisas básicas, que dão conforto, segurança e alguma previsibilidade à vida.
ResponderEliminarMas conceitos como a "obsolescência planeada", ou a criação permanente de desejos supérfluos que forçam ou induzem um consumo permanente e excessivo, são destrutivos quer da felicidade individual, porque são causas de frustração e ansiedade, quer do ambiente, porque insustentáveis.
O progresso tecnológico e a extensão de comodidades e tecnologias a faixas mais alargadas das populações é o que se chama civilização e não é de agora.
A questão será o que se faz com isso. E a resposta tem sido sempre a mesma: "faz-se mais", crescimento infinito.
Mas vivemos num mundo finito, e as pessoas têm vidas finitas.
Precisamos mais de crescimento qualitativo e menos de crescimento quantitativo. Devia significar mais tempo livre, menos horas de trabalho, menos tempo perdido a ir para o trabalho em cidades disfuncionais, etc etc.
Mas isso só é possível se os ganhos de produtividade forem distribuídos de forma menos assimétrica do que até agora. O que para muita gente é um tabu.
Começa-se por criticar, (sem fundamentar) a opinião de terceiros (eu tb sou a favor da criação, conservação e modernização de infraestruturas públicas, como elemento facilitador do multiplicador de investimento privado) e acaba-se por discordar com os leitores com uma abordagem desviante e esta sim de intelectualidade orgânica.
ResponderEliminarNecessidades vs Desejos?...
Leu Maslow e "A hierarquia de necessidades"? (5), que foram muito contestadas na época, pois sabe-se que qualquer necessidade depois de satisfeita gera outra necessidade..."Obsolescência Planeada" é um comportamento antiético utilizado pelo Marketing, para forçar necessidades...e desejos são apenas fontes de inspiração; são carências e indigências...e deixe de ler quem nada tem a acrescentar...
Quando fala em Alvin Toffler, talvez não tenha compreendido, onde ele quis chegar...mas já nas décadas de 50/60 do século passado se falava sobre os conceitos futuros entre trabalho e emprego e se avançava com previsões de 2/3 - 1/3 como necessárias, devido ao desenvolvimento das novas tecnologias e à riqueza suficiente criada para sustentar o "trabalho"...intencionalmente nada disso é explicado para testar os vossos conhecimentos e inteligência...
Carlos, você anda perto...
Reconheço qualidade em certos "Ladrões de Bicicletas"
(salvo seja)...
Cumprimentos
Não li Maslow.
ResponderEliminarA minha fonte imediata neste caso é uma série documental da BBC intitulada "The Century of the Self" e o assunto é tratado com referência aos anos 20 americanos onde o espectro da superprodução assombrava os industriais.
Nessa altura vendiam-se produtos pela sua qualidade, durabilidade. E foi nessa altura que eles começaram a ser vendidos como uma extensão da identidade das pessoas. Um dos primeiros foi a usar estas técnicas Edward bernais, sobrinho de Freud.
"Compre isto e seja independente/sensual/reconhecido/rebelde".
Podemos chamar a isto necessidades, se considerarmos que satisfaz a pulsão de status inerente ao ser humano.
Mas isso é assumir que essa pulsão apenas pode ser canalizada e expressa pela aquisição e exibição de bens materiais, o que me parece redutor.
L. Rodrigues, não me interprete mal, mas não consegui compreender onde quer chegar...limitação minha...como manipulador de consciências ou de opinião, conheço bem o trabalho de Frantz Fanon, que libertou África da colonização Europeia...
ResponderEliminarSou apenas um leitor, não membro deste BLOG, poderei responder esporadicamente a quem me interpele, mas prefiro questionar os membros quando tenho dúvidas, não quero substituí-los na sua legitimidade.
Os meus cumprimentos
Ora essa. É uma prerrogativa sua.
ResponderEliminarE não me interprete mal. Apenas quis esclarecer as minhas fontes.
Posso estar enganado mas não creio que os autores se importem com discussões marginais que sejam despoletadas entre comentadores.
E já assisti ou participei em diversas bastante estimulantes, por aqui.
"Mas isso só é possível se os ganhos de produtividade forem distribuídos de forma menos assimétrica do que até agora. O que para muita gente é um tabu."
ResponderEliminarÉ sempre a mesma história com a malta da esquerda. Não importa que as massas sejam retiradas da pobreza, o flagelo é que existam uns quantos milionários que escravizam os "plebeus", quais "senhores feudais".
Cada um tem direito a uma parte do bolo. Quem acrescenta mais valor tem direito a menos, quem acrescenta mais tem direito a mais. Se eu não estou satisfeito com o meu trabalho, e se tiver competências para encontrar um com melhor remuneração e condições, posso mudar de emprego. Vai-me dizer que muita gente não pode fazer isso, o que é totalmente verdade. Mas para quem tem as competências certas, normalmente há sempre oportunidades. Hoje em dia já existem uma série de mecanismos de apoio (subsidio desemprego, formação subsidiada, todos os outros benefícios sociais) que permitem ajudar os que temporariamente ficam de fora do sistema produtivo. E as coisas são mesmo assim. Se eu quiser ter acesso aos frutos da produção humana, tenho que participar de alguma forma nessa produção, através das mais variadas actividades.
Quer ajudar os menos abonados financeiramente??
O melhor a fazer seria acabar com o sistema monetário de moedas fiat e bancos centrais, que come as poupanças através de inflação, e que causa o ciclo económico de "boom" e "bust" Reformar o sistema fiscal para que este incida mais sobre as rendas decorrentes do uso da terra e menos sobre o trabalho humano.
Se quiser saber mais sobre isto leia Ricardo ou veja uns episódios do Renegade Economist ou então o economista Michael Hudson para começar (há videos no youtube)
Sobre o sistema monetário talvez queira começar pela exposição de Torsten Polheit entitulada "Ending the monetary fiasco and returning to sound money" (também está no youtube)
Cumprimentos
Correcção:
ResponderEliminarCada um tem direito a uma parte do bolo. Quem acrescenta mais valor tem direito a mais, quem acrescenta menos tem direito a menos. Quem tem competências mais escassas, ganha mais, quem não tem ganha menos.
Está a ver o que é o tabu?
ResponderEliminarEu falei apenas em "menos assimétricas".
Não falei em quanto, nem em desvalidos nem em ricos obscenos nem em dar a quem não merece.
Apenas salientei que os ganhos de produtividade dos ultimos trinta anos foram capturados por uma percentagem minima da população. Os salários reais em paises como os EUA estagnaram desde então, ou baixaram.
Para si, aparentemente, é indiferente que hoje um agregado familiar, em que pai e mãe trabalham, não consiga ter o nivel de vida relativo que era possivel ter há 30 anos com apenas o pai a trabalhar. Basta-lhe que a tv que ele tinha era a preto e branco e agora é a cores e de LCD!
Já agora, compare os Indices de igualdade em Portugal e os sempre referenciados países nórdicos. Ou França ou Espanha que é mais ao pé. Há empreendedorismo, há
ricos e pobres, mas a diferença é um pouco menos chocante.
(o argumento da qualificação da população não colhe, porque em portugal os empresários são tão analfabetos como os seus empregados, em média)
E não, não é necessariamente melhor ser remediado no meio de ricos do que pobre no meio de pobres.
Um exercicio clássico da economia comportamental é perguntar a alguém algo assim:
"preferia ganhar 100 num mundo onde todos ganham 100, ou ganhar 50 num mundo onde todos os outros ganham 25?"
Isto mexe com as cabeças das pessoas. O status é um motor fundamental para as nossas motivações. É irracional? Talvez. Mas é humano. E ignorá-lo é retirar do centro da economia aquilo que lá deve estar: as pessoas.
Gera tensões, frustações, e depois desastres, na falta de um estado policial ou de uma religião que tempere isto tudo...
Qual destes mecanismos subscreve?
PS:Michael Hudson.. acho que ele defende cancelamento das dividas, tábua rasa. Isso seria um bom esquema de redistribuiçao...
De um artigo dele:
"Rome was the first society not to cancel its debts. And we all know what happened to it. Classical historians such as Plutarch, Livy, and Diodorus attributed Rome’s decline and fall to the fact that creditors got the entire economy in their debt, expropriated the land and public domain, and strangled the economy."
"Para si, aparentemente, é indiferente que hoje um agregado familiar, em que pai e mãe trabalham, não consiga ter o nivel de vida relativo que era possivel ter há 30 anos com apenas o pai a trabalhar."
ResponderEliminarCulpe a inflação e o sistema monetário. Não me venha dizer que a culpa é do mercado e do capitalismo.
"O status é um motor fundamental para as nossas motivações."
Precisamente. Por isso é que o socialismo não funciona.
Aquilo que o Michael Hudson diz podia ser conseguido se os Governos não andassem a salvar os bancos e a criar dinheiro a partir do ar para cobrir as perdas. O que é preciso é reduzir o montante das dívidas à capacidade de pagar. O que implica a reconhecimento das perdas através da liquidação das instituições insolventes. A bolha rebentou e estão a tentar inflá-la novamente. Da próxima vez que rebentar não vai haver ar que chegue para a encher de novo.
"Os salários reais em paises como os EUA estagnaram desde então, ou baixaram."
ResponderEliminarPor isso mesmo é que se deve reformar o sistema fiscal nas linhas que eu referi.
E a inflação também te que ser tida em conta. Veja o capítulo 10 do Crash Course no site chirsmartenson.com e ja fica com uma ideia do que estou a falar. Aliás, já agora veja os capítulos todos.
Não funciona o socialismo e não funciona o homo economicus da economia neoclássica...
ResponderEliminarE agora?
Afinal que é que funciona?
Eu, que não sou propriamente eleitor do PS ou dos partidos à sua esquerda, dei por mim, há dias, a ter saudades do medo do comunismo soviético.
ResponderEliminar.
Neste mundo que já não acredita no Inferno e numa punição após a morte, a União Soviética era o Império do Mal, uma espécie de Inferno.
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Num hipotético combate militar entre o Ocidente e a União Soviética, era importante não perder por falta de comparência, por desistência.
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Assim, o medo do comunismo soviético impedia ou minimizava decisões puramente técnicas ou de maximização do lucro a todo o custo.
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Como acabou a União Soviética, acabou o medo do Inferno na Terra.
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E é difícil fugir disto, IMHO, por que era necessária uma consciência social que apelasse à actuação individual. Se for o Estado a ditar o aumento do SMN para 600 euros amanhã desaparecem muitas empresas que não podem mesmo pagar tal valor, mas ao seu lado existem outras, muito menos é certo, que o poderiam fazer.
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Enfim, reflexões...
Funciona o empreendedor da escola austríaca. Dito isto, não me confunda com um libertário puro ou um anarco-capitalista. Eu acho que a sociedade pode e deve tolerar alguma ineficiência económica a troco de um pouco de justiça social e de regulação de certas actividades. Aliás, a vida em sociedade é feita de compromissos. No entanto, como escola de economia parece-me mais adequada do que a visão monetarista, neoclássica ou keynesiana
ResponderEliminarO debate feito neste espaço de comentários é muito paradigmático de algo que falta a nosso país: conversação social.
ResponderEliminarAs partes começaram este debate cheios de preconceitos. Agarrados a rótulos políticos: ser de esquerda, ser de direita, pertencer a...No final, naquele que é o quadro geral sobre a filosofia política e económica, estão praticamente de acordo.
Agora que compreenderam isso podem ir mais longe.
Daquilo que observo os Portugueses têm mais em comum do que deixam parecer, não compreendo porquê. E nestes períodos essa questão fica ainda mais aguda. Parece que se torna mais importante pertencer a um qualquer grupo, do que libertar o debate e começar a concretizá-lo.
O que fazer com o Estado? Qual deve ser o seu posicionamento para cada sector da sociedade? Como é que se pode dar mais força à sociedade civil? As políticas públicas podem contribuir para melhorar essa sociedade? As Universidades estão a fazer o que deviam? E as escolas secundárias? Qual deve ser a estratégia económica para Portugal? Deve sair da sociedade civil ou o estado deve fazer escolhas? Podem colaborar Estado e sociedade civil? Se sim, de que forma? E como é que não deve fazê-lo? Como é que queremos que evolua a Europa? E as nossas autarquias, devem ter mais funções e libertar o estado, está bem assim, ou o estado central deve articular mais funções? Talvez um pouco dos três? Como é que se dá mais governabilidade ao país? Depende apenas de nós? Para que servem as Juntas de Freguesia? São úteis tal como estão? E o parlamento? E a Justiça, onde reside efectivamente o seu problema (ou problemas), etc.
Carlos
ResponderEliminarSe me garantir que a escola austríaca não nega o papel empreendedor do estado, prometo estudar a coisa.
(não sou economista, e o que sei e percebo é puro autodidatismo, baseado naquilo que é a discussão pública. a minha actividade profissional é na área da comunicação/marketing e a formação académica incompleta que tenho é na área da biologia, e uns toques de psicologia...
Aquilo que posso dizer (e era a base das minhas criticas na questão das necessidades) é que os profissionais de marketing foram muito mais eficazes em identificar o verdadeiro comportamento e natureza na base das decisões económicas das pessoas, do que os economistas.
Só que os profissionais do marketing têm uma agenda que não é exactamente o bem comum, nem era de esperar que fosse)
«Apenas salientei que os ganhos de produtividade dos ultimos trinta anos foram capturados por uma percentagem minima da população. Os salários reais em paises como os EUA estagnaram desde então, ou baixaram»
ResponderEliminarMas de onde é que tirou estes dados absurdos? Isto é completamente non sense.
"Os salários reais em paises como os EUA estagnaram desde então, ou baixaram»"
ResponderEliminar.
A Harvard Business Review traz, no número de Junho um artigo que refere isso mesmo:
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"Even more worrisome, averagew real weekly wages have essentially remained flat since 1980, meaning that the US economy has been unable to provide a rising standard of living for the majority of its people."
Harvard está cheio de non-sense, como se vê.Obrigado CCz.
ResponderEliminarDe qualquer modo, ia remeter para Elizabeth Warren, por sinal professora em Harvard e actual presidente da comissão de fiscalização do TARP.
"The coming collapse of the middle class" disponivel no youtube.
http://www.youtube.com/watch?v=akVL7QY0S8A
Aqui se pode ver com a clareza dos números o que aconteceu às familias médias americanas entre 1970 e 2005.
L. Rodrigues,
ResponderEliminarNão consigo abrir o Youtube no pc que estou a usar agora. Quando trocar de computador vou dar uma olhadela no vídeo.
Quanto aos dados que apresenta, fui confirmar e parecem-me correctos (Fonte: Bureau of Economic Statistics). De facto, entre 1980 e 2005, os salários parecem ter estagnado.
Ainda assim, tiveram uma evolução mais positiva do que entre 1964 e 1981. Durante este período, caíram 7 ou 8%. Ou seja, o problema não surgiu em 1980.
Além disso, entre 1980 e 2005 o PIB americano praticamente duplicou. É no mínimo improvável que toda esta riqueza adicional tenha sido açambarcada apenas pelas classes mais altas.
Por exemplo, no mesmo período os salários reais no Reino Unido cresceram cerca de 50%. Na Alemanha, cresceram 35% (Fonte: Comissão Europeia). Parece-me difícil esta disparidade entre UK, Alemanha e EUA.
Não tenho explicação para isto. Presumo que uma parte cada vez maior das compensações aos trabalhadores seja feita de outra forma que não salários (saúde, acções, etc.). Mas gostava de ouvir a opinião de um economista da área.
"É no mínimo improvável que toda esta riqueza adicional tenha sido açambarcada apenas pelas classes mais altas"
ResponderEliminarNote que quando falo de salários reais, implica um ajuste para a inflacção enquanto, tanto que percebo, quando se compara valor de PIB estamos a falar de valores absolutos.
O dobro em 25 anos equivale a um crescimento de cerca de 2% ao ano, que é bem possivel que seja até inferior à inflacção.
Outra coisa a ter atenção é que frequentemente estamos a comparar coisas diferentes: média e medianas, o que poderia justificar a aparente disparidade entre EUA e UE.
Se falamos dos salários da classe média, a mediana é bem mais util.
Já depois de escrever os primeiros parágrafos descobri este gráfico que compara a evolução nos EUA do GDP/per capita com a evolução do rendimento (mediano).
http://economistsview.typepad.com/economistsview/2008/09/gdp-per-capita.html
Quando me refiro ao crescimento do PIB, falo de crescimento real, não de crescimento nominal. Daí esses dados dos salários serem tão aberrantes.
ResponderEliminarO problema é que os dados que consultei do BLS apontam mesmo para salários reais médios estagnados, o que é absurdo. É assumir que entre estes 25 anos os níveis de vida não melhoraram. Os telemóveis, iPods e computadores foram todos para os extraterrestres...
Esse gráfico da Economist que cita apresenta dados muito mais aceitáveis. Mas a porcaria do BLS deixou-me curioso. Vou ver se perco algum tempo a tirar isto a limpo.
"Os telemóveis, iPods e computadores foram todos para os extraterrestres."
ResponderEliminarUma coisa que é clara na análise de Elisabeth Warren é que as despesas em bens de consumo não aumentaram significativamente entre 1970 e 2005.
A maior diferença é o que se paga por habitação, saúde e educação.
Áreas onde é muito mais complicado contrair as despesas com uma vida regrada.
Em 2007 (data da palestra) havia já mais crianças em famílias à beira da falência que à beira do divórcio.
"Os telemóveis, iPods e computadores foram todos para os extraterrestres..."
ResponderEliminarCredito.
"É assumir que entre estes 25 anos os níveis de vida não melhoraram."
1 - Bens de consumo nao sao sinonimo automatico de melhor bem-estar, especialmente em sociedades que estao para la dos limiares de subsistencia para a maioria da sua populacao.
2 - A geracao actual (no mundo dito Ocidental) esta em vias de se tornar a primeira geracao a experimentar uma esperanca media de vida inferior a dos seus progenitores. Mais uma vez, nao e um indicador automatico de bem-estar mas e um indicador proxy bem mais fiavel que a quantidade de bens de consumo produzidos.
«Credito.»
ResponderEliminarTem dados que comprovem isso?
«Bens de consumo nao sao sinonimo automatico de melhor bem-estar, especialmente em sociedades que estao para la dos limiares de subsistencia para a maioria da sua populacao.»
Concordo. Eu estava apenas a responder ao argumento de que a disponibilidade de bens de consumo não aumentou desde 1980.
«A geracao actual (no mundo dito Ocidental) esta em vias de se tornar a primeira geracao a experimentar uma esperanca media de vida inferior a dos seus progenitores»
Pode enviar-me links de dados que confirmem isso e de estudos que expliquem as causas por detrás desse fenómeno? (não estou a ser irónico, é curiosidade genuína).
PR, o google é nosso amigo.
ResponderEliminarEm vez de procurar nas minhas fontes, que são sites com www.eurotrib.com (basicamene um forum), procurei no google e encontrei este artigo de 2002
http://www.dynamist.com/articles-speeches/nyt/equality.html
A pergunta no artigo é se "face à divergência de rendimentos também houve uma divergência de consumo".
A resposta está mais ou menos neste parágrafo:
"As incomes have become more unstable, consumers have benefited from more efficient ways to borrow and save. Better credit markets have kept consumption from becoming as lopsided as current income."
"melhores mercados de crédito"
Hoje, sabemos o que isso significava...
"Os telemóveis, iPods e computadores foram todos para os extraterrestres."
ResponderEliminar.
O mesmo artigo da Harvard Business Revew deste mês explica onde é que os consumidores arranjaram dinheiro:
.
"Even more worrisome, average real weekly wages have essentially remained flat since 1980, meaning that the U.S. economy has been unable to provide a rising standard of living for the majority of its people. This undoubtedly is one reason Americans have attempted to borrow their way to prosperity, a strategy that clearly is no longer tenable."
.
Em paralelo, com o progressivo outsourcing industrial para a Ásia e o sucesso da Wal Mart os preços dos bens estiveram sob controlo.
.
"Restoring American Competitiveness" by Gary P. Pisano and Willy C. Shih
"Os telemóveis, iPods e computadores foram todos para os extraterrestres."
ResponderEliminar.
"in the USA in 2006-07, private debt grew by $4 trillion, boosting aggregate demand in that $14 trillion economy by over 20 per cent."
.
http://www.switzer.com.au/the-experts/steve-keen-economy-expert/green-shoots-or-green-observers/
"Pode enviar-me links de dados que confirmem isso e de estudos que expliquem as causas por detrás desse fenómeno? (não estou a ser irónico, é curiosidade genuína)."
ResponderEliminarNao e detectavel, pelo menos ainda, efeitos mensuraveis sobre a esperanca de vida media.
Aquilo que e claramente mensuravel e que a nas ultimas 2 ou 3 decadas a evolucao da esperanca media de vida esta a ser desigual.
http://query.nytimes.com/gst/fullpage.html?res=9F01E3D7133CF934A25750C0A9639C8B63&sec=health
Ou seja, se analisar a sub-seccao dos pobres nas sociedades Ocidentais ja e observavel uma estagnacao ou mesmo percas no indicador. Existem estatisticas semelhantes no Reino Unido que indicam claramente o mesmo efeito.
Quanto ao futuro, varios alertas ja foram feitos, este e aquele que provavelmente teve maior publiccidade:
http://www.smh.com.au/news/National/Life-expectancy-to-drop-for-first-time-in-1000-years/2005/03/17/1110913743754.html
http://www.nih.gov/news/pr/mar2005/nia-16.htm
http://www.sciencedaily.com/releases/2008/04/080422103952.htm
O motivo central e a epidemia de obesidade que esta a progredir nos paises industrializados e acima de tudo o dado mais preocupante que comecou a memergir nos ultimos anos que e a obesidade infantil, ja ha muito que se sabe que a obesidade em adultos e factor de risco para muita patologia cardiovascular e outra, mas a obesidade infantil vai criar uma geracao de diabeticos, os quais, em media vivem menos que o resto da populacao.
O facto de se assistir a uma estagnacao na progressao da esperanca de vida nos pobres esta relacionada em parte com um pior acesso a cuidados de saude, especialmente em paises como os EUA onde o sistema de saude nao e universal.
Mas tambem que sao estes, os pobres, os piores afectados pela epidemia de obesidade porque:
- nao tem dinheiro para comprar alimentacao nutritiva e equilibrada
- nao tem dinheiro nem tempo para fazer exercicio fisico.