Este parágrafo remata o editorial da edição de ontem do Diário Económico:
“O risco de deflação não está completamente posto de parte, mas é mínimo. E mais: tendo em conta os planos de injecção de liquidez nos mercados internacionais, a subida acelerada de preços comporta hoje, de certa forma, um risco maior na zona euro - e também em Portugal.”
Será que o jornalista está seriamente convencido do que escreveu?
Todos sabemos que, como Portugal, também a Espanha entrou “em terreno negativo” no mês de Março (ver aqui). Aliás, o jornalista sabe que o receio da deflação na Zona Euro não é recente e tem sérios fundamentos macroeconómicos que não são camufláveis por raciocínios de aritmética sobre o índice de preços (ver aqui e aqui). Em Janeiro, o Financial Times alertava para o risco da deflação (ver aqui) e, no fim de Março, voltou ao tema destacando a diversidade das situações no seio da Zona Euro (ver aqui). Então para Portugal o risco é “mínimo” ?!
Mas se a intenção é pôr o DE a ajudar as autoridades portuguesas, desvalorizando os factos para evitar discutir a realidade, não creio que resulte. Nesse caso, cabe perguntar: isto é jornalismo?
Ainda por cima, o editorialista vem dizer-nos que o verdadeiro risco que actualmente corremos é o da inflação!
Francamente, aqui é mesmo ignorância. Mas nisso sempre pode dizer que está bem acompanhado pelo monetarismo radical. Aliás, a maioria dos economistas que o DE contacta precisa de deitar fora muito do que aprenderam e começar de imediato uma reciclagem acelerada. Para tomarem consciência da dimensão da tarefa, deviam começar por ler este artigo de Willem Buiter.
É que, nos assuntos económicos como nos demais, o País tem direito a melhor jornalismo.
Parece-me que a ignorância é mais do blogista do que do jornalista. Então voçê não sabe que inflação é o aumento do volume de moeda em circulação e que o aumento dos preços é apenas a consequência da inflação? Mais, depois de termos um período de inflação elevada no ultimo ano, devido aos picos do preço de petróleo e outras matérias primas, você anda preocupado com uma misera descida do índice de preços. Quer dizer, se o índice de preços subir 10% num ano e depois descer 5% no ano seguinte, isso é deflação?? Daqui a um ano ou dois, ou talvez menos até, quando as quantidades absurdas de dinheiro que andam a imprimir começarem a entrar no mercado e os preços a subir, vou ver o que dizem os deflacionistas.
ResponderEliminarCaro Carlos,
ResponderEliminarVá perguntar aos japoneses se a subida do volume de moeda em circulação os tirou da deflação que estiveram mergulhados durante uma década...
Caro Carlos
ResponderEliminarO blogista forneceu material de apoio à opinião que apresentou. E você? Tem algum texto de economia para apoiar o seu comentário? Gostaria de ver, porque o seu comentário mostra que não tem conhecimentos de economia suficientemente amadurecidos para se proteger da charlatanice da doutrina monetarista.
Antes de comentar, leia o material fornecido
Caro Carlos,
ResponderEliminarO que o Jorge Bateira disse está do melhor que se pode ler sobre o tema, em tempos em que o próprio Vitor Constâncio diz que isto é bom porque as famílias vão poupar!! Peço ao Jorge que me desculpe mas deixei a minha indignação em http://tinyurl.com/cg6cu9
Um abraço,
Carlos