«Se a Europa quiser desenvolver a sua indústria, os seus empregos e o seu modelo social, ela terá de accionar o princípio da preferência comunitária, inscrito no Tratado de Roma. Este princípio não deve apenas traduzir-se na utilização prevista de uma tarifa exterior comum, mas também numa revisão da política de câmbio» (Liêm Hoang-Ngoc).
É necessário «criar um sistema para possibilitar que os Estados com défices persistentes na balança de pagamentos possam aplicar medidas excepcionais, derrogando, se necessário e temporariamente, as leis da concorrência e das ajudas de Estado para poderem combater esse défice» (João Ferreira do Amaral).
Neo-Liberalismo Sempre!!
ResponderEliminarAntes que se comece aqui mais uma série de ataques ao "Neo-Liberalismo" por pessoas que confundem "falhas do ser humano" com falhas do sistema (como se corrupção, ganância ou abuso de poder já não existissem antes de qualquer filosofia económica) e tentam deitar abaixo este modelo socio-económico que é indiscutivelmente o mais eficaz no combate a pobreza mundial (Obviamente se regido pelas leis, mentalidades e principios éticos mais apropriados).
Sou economista, sou apoiante da causa Liberal e estudei numa faculdade com uma clara tendência neo-clássica. Nas minhas aulas de Economia Internacional, onde se defendia claramente a abertura de fronteiras ao comércio, nunca se negou que, em certas e determinadas situações, algumas políticas proteccionistas fossem salutares. De facto, ninguém nega que, aquando do nascimento de uma nova indústria com importancia estrtégica, esta deverá ser protegida nos momentos iniciais por forma a ganhar escala e crescer sem o risco de ser abalada por economias com outra dinâmica ou estrutura de custos.
Na situação Europeia actual, algum proteccionismo, a sectores chave, será de facto desejável.
O que quero deixar aqui claro, é que as vantagens de EXCEPCIONALMENTE se recorrer ao proteccionismo não são de todo uma arma de arremeço contra o Neo-Liberalismo Puro. E isso está bem patente no facto de por exemplo Adam Smith (Pai do Lieralismo) ou Milton Friedman (um dos maiores defensores do liberalismo da história) serem os primeiros a assumir que não existem mercados perfeitos e que o estado, através de leis, tem obviamente um papel importante na supressao ou diluição das mesmas.
Faço este comentário porque estou farto do que o pessoal de "Esquerda" tem andado a dizer na praça publica, tentando fazer passar a imagem do Neo-Liberalismo como uma filosofia extremista, baseada na ganância e na exploração dos "pobres e indefesos"!
É apenas um modelo que permite que seja o povo a suprir as necessidades do próprio povo! através da iniciativa privada e da exploração do capital. É, sem a menor dúvida, o sistema que promove o maior número de oportunidades para todos, e apesar de não poder passar de um momento para o outro todo os agricultores na miséria para ricalhaços em iates, vai passando alguns, e deixando milhões em situações intermédias. Sempre premiando o mérito e a proactividade. Há porém muita gente que não o entenda (ou não queira entender)mas isso acontece tanto do lado patrões como dos empregados!!
"Ninguém nega"? Desculpe lá, mas você tem andado distraído!
ResponderEliminarBruno Silva
ResponderEliminarVeja a reacção às considerações de Ha-Joon Chang
Você percebeu perfeitamente que o "Ninguém nega" não foi mais do que uma força de expressão. Como bem sabe não haverá nenhuma opinião neste mundo sobre a qual não haja algúem que não tenha uma contraria ou diferente.
ResponderEliminarMas obviamente que já estamos num patamar quase que "clubístico" em que por melhor que eu conseguisse argumentar o facto de o termo "Neo-Liberalismo" não ser algo pejorativo, e que regido pelos valores correctos é sem dúvida o melhor sistema económico-social, você iria continuar preso às suas ideias.
Mas já fico contente pelo facto de o único argumento que arranjou consistiu em contrariar uma mera "força de expressão" e que demorou quase uma hora para a conseguir fundamenta-la com exemplos. Exemplos esses que não passam de meras opiniões, por muito ilustres que sejam os emissores. Eu, porém, não dou exemplos de opiniões, eu falo na lógica de quem criou a filosofia, não de quem a extrapolou.
Especulação, derivados financeiros “marados”, jogos de poder, ganância e falta de bom senso não são certamente predicados que constem nos cânones da teoria Neo-Liberal como constituintes da mesma.
Bruno Silva, creio que o problema do liberalismo neo ou não, "Puro" é a precisamente a pureza. Assume pureza de informação, pureza de racionalidade, pureza de princípios, para atingir resultados perfeitos.
ResponderEliminarÉ, "in my book", a definição de Utopia. O mundo das pessoas, da politica das instiruições, não funciona assim, e a duzia e meia de prerequisitos para ter um mercado perfeito nunca se verificam, nunca se verificaram, nunca se verificarão.
"indiscutivelmente o mais eficaz no combate a pobreza mundial"
Isto, qualquer análise histórica lhe diz que é mentira.
Mas você não quer mesmo entender!!!
ResponderEliminarLogo no PRIMEIRO capítulo do livro "Riqueza das Nações" (Bíblia do Liberalismo) assume-se que o mercado não é perfeito. Logo, há a necessidade de estado e de um alinhamento estratégico nacional que muitas vezes não é verificado apenas pelo "pursuit of self interests". Não há nada de perfeito no mundo, portanto resta-nos o pragmatismo. Isto talvez deva advir do facto do consumidor não ser de facto tão racional com se assume como pressuposto, mas isso é outro assunto.
Quer falar de história? Coreia do Sul, Taiwan, Singapura, Hong Kong...
China, India, Brasil, Russia, Europa de Leste...
Portugal, Espanha, Grécia, Irlanda...
Com mais ou menos barreiras, o comércio internacional permitiu a criação de oportunidades para que estes países pudessem, através do trabalho, criar riqueza e evoluírem drasticamente.
Medidas proteccionistas são certamente essenciais em certas situações e em determinadas circunstâncias. Porém, têm contrapartidas:
- Dão lugar a ineficiências e falta de rigor.
- Os contribuintes locais pagam um "desconto" nos produtos para os consumidores estrangeiros.
- Os consumidores locais têm de comprar produtos mais caros do que os que conseguiriam se importassem diminuindo, bem assim, os seus níveis de satisfação.
Contudo, não haja dúvidas que podem trazer benefícios ao nível estratégico nacional. Existe porém, a necessidade de haver bom senso para saber até que ponto o esforço dos contribuintes/consumidores internos é compensado pelos ganhos futuros. Dito isto, o proteccionismo é importante mas o essencial é discutir o quanto, como, quando e em quê! O que leva a discussões específicas sobre casos particulares.
Existe ainda a questão de se afinal há alguma preocupação com os agricultores de arroz que vivem e continuariam a viver na miséria por muitos mais anos se nos fechássemos a sete chaves.
Caro Bruno Silva
ResponderEliminarPorque carga d'água você se arroga a presunção de saber o que eu penso ou não? - não me conhece!. Porventura já se deu ao trabalho de pensar que se calhar há realidades que você desconhece e por causa disso desvaloriza tão rapidamente aquilo que você pensa ser apenas uma mania dos outros. Com certeza - por isso é que se costuma dizer que no meio é que está a virtude - que há razões contra o proteccionismo. Não se deseja o proteccionismo pelo proteccionismo. Tal como o livre comércio sem mais também não é desejável. Normalmente, estas coisas são um bocadinho mais complexas!
Se você se der ao trabalho de ler "Bad Samaritans - the guilty secrets of rich nations & the threat to global prosperity" do Prof. de Cambridge Ha-joon Chang (sul-coreano - tem a vantagem de ter testemunhado in loco a rápida evolução do seu país - a sua percepção não se limita aos modelos), terá uma perspectiva histórica que lhe demonstrará um padrão que força o comércio livre sobre os mais fracos quando se tem poder. Já agora podia recomendar-lhe este relatório da OXFAM que fala das regras distorcidas impostas, novamente, pelos que têm poder, dificultando o desenvolvimento dos mais "fracos"
Na sua análise, você esquece-se de uma coisa: é que os consumidores também costumam ser produtores e vice-versa.
ResponderEliminarJá agora, sobre o relatório da OXFAM, pode ler este pequeno resumo aqui
ResponderEliminarGostei dos comentários do Sr. José M. Sousa.
ResponderEliminarPosso-lhe dizer, pela minha experiência em África, que tem toda a razão.
A abolição do proteccionismo nestes mercados iria levar ao afundanço total da, pouca ou inexistente, produção local destes países, tão dependentes daquilo que importam (quase tudo!). Por algo um dos pontos quentes da cimeira UE-África foram as taxas aduaneiras.
Prosseguindo o debate, eis um outro exemplo concreto: a indústria do caju em Moçambique
ResponderEliminar"...no PRIMEIRO capítulo do livro "Riqueza das Nações" (Bíblia do Liberalismo)..."
ResponderEliminarBem isto parece uma tirada de um qualquer criacionista! LOL Julgo que como Karl Marx ambos escreveram grandes livros mas que têm de ser enquadrados com o contexto em que foram escritos.
"...há a necessidade de estado e de um alinhamento estratégico nacional que muitas vezes não é verificado apenas pelo "pursuit of self interests"..."
É o que adoro nesta fase. Andamos anos a fio a falar desta ultima parte, chamaram-nos todos os nomes e mais alguns, e agora são estas mesmas pessoas que negam o que foi defendiam à meses atrás. Lindo!
"Não há nada de perfeito no mundo, portanto resta-nos o pragmatismo. Isto talvez deva advir do facto do consumidor não ser de facto tão racional com se assume como pressuposto, mas isso é outro assunto."
Isso é um assunto que como o outro tem sido discutido até à exaustão e foi preciso uma crise sem precedentes para abrirem os olhos a esse facto! Caso não saibam é mesmo isso que o "novo" campo da economia tem vindo a afirmar.
"...o proteccionismo é importante mas o essencial é discutir o quanto, como, quando e em quê! O que leva a discussões específicas sobre casos particulares."
Aqui, e isto é uma opinião muito pessoal, é que não concordo. Pelo menos no sentido ortodoxo de proteccionismo. Isto é, qualquer protecionismo que apenas tenha em linha de conta a protecção da industria nacional face a industria internacional mais competitiva é, friso uma vez mais para mim, negativo.
Sem duvida esta crise serviu para dar uma enorme lição a quem a está a viver.
Neo-Liberais ou como diz um amigo que em 2008 esteve em Cranfield a fazer o MBA: "neo-antigos .. na perspectiva histórica" !
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