quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Isto não vai lá com apelos

O recente artigo de Paul Krugman na New York Review of Books saiu ontem no Público. Uma iniciativa muito oportuna. Destaco duas ideias que têm de fazer parte do menu de todos os governos que queiram ser parte da solução. O keynesianismo não pode ficar circunscrito aos EUA. Em primeiro lugar, a defesa de um controlo público directo do sistema financeiro: «a recapitalização acabará por ter que ser maior e mais alargada, e acabará também por ter que haver uma maior afirmação do controlo governamental – de facto, será algo mais parecido com uma total nacionalização temporária de uma parte significativa do sistema financeiro». Esta é a única forma de restabelecer os mecanismos de crédito e de garantir o interesse público. Depois logo se verá se o controlo público da banca é temporário ou não. Acho que se terá de concluir, contra Krugman, que o necessário reenquadramento de toda a esfera financeira não é possível sem uma presença pública directa muito mais forte. A propriedade conta. Em segundo lugar, a necessidade de uma política orçamental centrada no aumento da despesa e do investimento público: «o estímulo orçamental foi demasiado pequeno, utilizando apenas cerca de um por cento do produto interno bruto. O próximo deveria ser muito maior, digamos, à volta dos quatro por cento do produto interno bruto (…) a maior parte do dinheiro desse primeiro pacote tomou a forma de deduções fiscais, muitas das quais foram poupadas e não gastas. O próximo plano deve concentrar-se em manter e expandir os gastos governamentais». Definitivamente, isto não vai lá com apelos inócuos ao «dever social dos bancos» (Sócrates na AR).

7 comentários:

  1. Que não vai com apelos também o pinóquio sabe.
    O problema dele é que sendo visceralmente de direita(pois, pois, já sei que ele ontem disse que o PS é um partido de centro esquerda e blá, blá, blá...e eu sou o nosso senhor jesus cristo...), qualquer outra forma de intervenção está-lhe mentalmente vedada.
    Por outro lado, uma das formas de combater mais eficientemente e com sucesso a crise, é aumentar pura e simplesmente o rendimento dos trabalhadores, desempregados e reformados, alterando radicalmente a distribuição da riqueza.
    É que, não se pode pedir ás pessoas para consumirem mais de para por a economia a andar, quando as pessoas estão emdividadas e grande parte delas (que não o Vitor Constancio, claro) mal ganham para sobreviver.
    Fazer o que estes srs estão a fazer é pura e simplesmente(salvar os ricos e poderosos), e chutar os problemas.

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  2. I. Armadilhas da liquidez?

    O artigo do Krugman é certamente uma boa reflexão (uma reflexão boa) mas é quase uma mera proforma.

    O debate afinal extende-se para lá disso, dois textos:

    http://gregmankiw.blogspot.com/2008/12/next-round-of-ammunition.html

    e

    http://krugman.blogs.nytimes.com/2008/12/17/a-whiff-of-inflationary-grapeshot/

    em contraponto.

    II. E um ponto a explorar: o que difere uma economia do crédito, de uma economia da dívida? Há primeira vista, nada; mas só mesmo há primeira vista. Este debate académico também está inquinado pela próprio aparelho conceptual insuficiente que os manuais ortodoxos de economia veiculam, e paradoxalmente, in is very limit, todas estas respostas que aparecem sobre o que deve ser a política monetária de respostas à crise repousam numa concepção Friedmaniana da moeda.

    III.Porque afinal foi ele o primeiro a dizer que a Grande Depressão foi causada pela actuação negativa do Banco Central (insuficiência de oferta de moeda). O caminho entre Deflação e (Hiper)Inflação mantém hoje a realidade suspensa(a realidade da crise); a pior saída de todas seria um colapso económico, mas as suas determinantes não estão sequer estudadas porque os modelos o abolem à partida. É preciso reencarar a "economia realmente existente"!

    IV. Mais do que teoria avulsas, de pacotilha, que é a isso que se resume (quase)todo o academismo económico, precisamos de retomar "os modos de operação", muito para lá das políticas monetárias ou orçamentais, que essas apenas nos servem uma nesga da realidade!

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  3. Olha a Keynessss!! Aquele senhor que mandava dar à rotativa à fartazana! E depois, isso não é um esquema de Ponzi tipo Madoff? Não não, dizia o Keynes, isso é no longo prazo, e no longo prazo estamos todos mortos. O FED seguiu os seus sábios conselhos. E olhem: o longo prazo chegou, o Keynes está morto, e quem paga a factura somos nós!

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