sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Que força é essa?

O que se passa nos locais de trabalho afecta as capacidades, os recursos e o poder que cada um de nós detém «cá fora». Também por isso, há poucas coisas mais importantes do que as regras que distribuem os direitos e as obrigações para lá da porta onde está escrito «proibida a entrada a pessoas estranhas ao serviço». O código do trabalho hoje aprovado mede, melhor do que qualquer outra coisa, a extensão da guinada à direita do PS e sobretudo de muitos dos que há algum tempo eram vistos como pertencendo à ala socialista desta formação política. É um padrão muito saliente nesta e noutras áreas da governação. Basta lembrar a posição de Vieira da Silva em 2003, aquando da aprovação do Código de trabalho de Bagão Félix. Manuel Alegre, um dos quatro socialistas com memória, afirmou hoje: «O PS é que infelizmente votou contra aquilo que tinha dito em 2003 (…) Nós [PS] fomos contra o Código do Trabalho apresentado pelo ministro Bagão Félix. Agora quase tinha que pedir desculpa das coisas que disse na altura».

Francisco Van Zeller da CIP deve estar muito satisfeito: «Vieira da Silva fez melhor do que um governo de direita». Jorge Leite, um dos nossos grandes especialistas em direito do trabalho, esclareceu ao Público as razões dessa satisfação: «Creio que o Código continua prisioneiro de concepções antigas, não enfrenta alguns dos mais significativos fenómenos da actualidade, como é o caso das empresas em rede, e insiste na tendência para a empresarialização do direito do trabalho, dele fazendo um instrumento de gestão, assim reduzindo, consequentemente, a dimensão humana do mundo do trabalho e sujeitando os direitos do ser humano no trabalho aos imperativos da economia de mercado».

Reduzir os salários, perdão os custos variáveis, por via da adaptabilidade ou minar a única central sindical que ainda tem peso (partir a espinha à CGTP voltou a ser uma orientação de política) através da promoção de todos os oportunismos laborais. Depois admirem-se se as desigualdades salariais não cessam de aumentar a par com o poder dos patrões. Leiam o dossiê sobre trabalho e sindicalismo na ops! se quiserem perceber para onde o PS nos está a levar. A neoliberalização gradual do PS e do país, que não recua, na prática, perante nenhuma crise do capitalismo purificado, lança um desafio a toda a esquerda socialista. Saibamos estar à altura.

1 comentário:

  1. De facto, este PS há muito que mete nojo.
    Agora, porém, ultrapassou até o PSD e o CDS pela Direita.
    Se os portugueses não perderem a memória( e creio que uma larga faixa não perderá)este miserável Partido «Socialista» e o seu arrogante e mentiroso SG sofrerão uma derrota que ficará na história.
    A mentira, a arrogância, e a Direita(embora mascarada)não poderão prevalecer sobre a razão, a justiça e o povo deste país.

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