sábado, 29 de novembro de 2008

Abuso do poder

O Ministério da Educação recorre agora à ameaça, explícita, face-a-face, através dos seus directores regionais.

Recorde-se que não foi pelo mérito profissional que estes dirigentes foram recrutados. Foram indicados ao Ministério pelas estruturas do partido. Portanto, em princípio, gente disciplinada e disposta a tudo. É a hora da verdade para o Primeiro-Ministro que conta com o medo como poderosa arma de divisão.

O filósofo José Gil discute esta faceta da cultura portuguesa no livro “Portugal, Hoje – O Medo de Existir” (capítulo: “De que é que se tem medo ?”). Mais recentemente, conclui assim um artigo na Visão (2.Outubro.2008):

“No processo de domesticação da sociedade, a teimosia do primeiro-ministro e da sua ministra da Educação representam muito mais do que simples traços psicológicos. São técnicas terríveis de dominação, de castração e de esmagamento, e de fabricação de subjectividades obedientes. Conviria chamar a este mecanismo tão eficaz, “a desactivação da acção”. É a não-inscrição elevada ao estatuto sofisticado de uma técnica política, à maneira de certos processos psicóticos.”
(Figura via Cantinho do Mundo)

4 comentários:

  1. Há de facto medo na sociedade portuguesa!
    As pessoas começam a ter medo de dizerem-se sindicalizadas. Uma reclamação ou um recurso fundamentados por alguém, que se ache no seu direito e que se sinta prejudicado pelo incumprimento da lei, é considerada uma afronta…
    Muitas vezes a resposta é a “lei do silêncio”, à Siciliana, ignorando simplesmente.
    O poder protege-se, paira a ameaça: “Quem não está connosco, está contra nós”.

    Até quando este Estado “Grande Irmão”?

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  2. Porém, essa "desactivação da acção" não está apenas presente na educação nem apenas presente em Portugal. É mágoa

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  3. Sócrates nem sabe o que lhe espera - desobediência civil -

    Há profs a ceder, poucos.

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  4. Li os comentários. Li também o Gil.
    A culpa é vossa , dos que sabem , e cultivam o saber como inacessível. Chamam-lhes ignorantes ,aos que vos põem a comida na mesa. Mas palavras eu não como , como batatas.
    A deslocalização de empresas é fútil comparado com a deslocalização daquilo que é verdadeiramente necessário ao ser humano. Com fome nem sequer pensavam em debitar palavras. O sector terciário , parasitário , onde vocês se enquadram , é o primeiro a ir á vida quando os calos apertam. É bom que tenham consciência disso. Da vossa futilidade. E de como , quando já nos triplicam ou quadraplicam , nos asfixiam.

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