A The Economist desta semana faz capa com as consequências da actual crise financeira nos países em vias de desenvolvimento. Estes países deveriam estar protegidos da crise pelas gigantescas reservas que vêm acumulando nos últimos anos. No entanto, a realidade é que as suas economias mostram-se frágeis face à fuga maciça de capital estrangeiro e ao forte impacto negativo nas exportações da recessão económica mundial. Ninguém está a salvo.
A verdade é que, como mostra este breve documento do economista Juan Pablo Painceira, a acumulação de reservas por parte das economias emergentes foi essencial para o “boom” na origem desta crise. Estas reservas, normalmente em activos do tesouro norte-americano, permitiram um constante fluxo de entrada de capital na economia norte-americana, ajudando a manter baixas taxas de juro que, por sua vez, contribuíram para a bolha do sector imobiliário.
Um novo acordo de Bretton Woods não deve, pois, ficar limitado à substituição da auto-regulação de Basileia por uma robusta regulação pública da esfera financeira, mas avançar para um novo sistema monetário internacional que, por um lado, reduza desequilíbrios macroeconómicos persistentes e, por outro, permita uma maior discricionariedade nas políticas macroeconómicas adoptadas pelos diferentes países ou blocos regionais. Este artigo de Robert Wade, na New Left Review, além de apresentar um dos melhores diagnósticos que já li sobre esta crise, aponta alguns dos caminhos a serem percorridos.
A verdade é que, como mostra este breve documento do economista Juan Pablo Painceira, a acumulação de reservas por parte das economias emergentes foi essencial para o “boom” na origem desta crise. Estas reservas, normalmente em activos do tesouro norte-americano, permitiram um constante fluxo de entrada de capital na economia norte-americana, ajudando a manter baixas taxas de juro que, por sua vez, contribuíram para a bolha do sector imobiliário.
Um novo acordo de Bretton Woods não deve, pois, ficar limitado à substituição da auto-regulação de Basileia por uma robusta regulação pública da esfera financeira, mas avançar para um novo sistema monetário internacional que, por um lado, reduza desequilíbrios macroeconómicos persistentes e, por outro, permita uma maior discricionariedade nas políticas macroeconómicas adoptadas pelos diferentes países ou blocos regionais. Este artigo de Robert Wade, na New Left Review, além de apresentar um dos melhores diagnósticos que já li sobre esta crise, aponta alguns dos caminhos a serem percorridos.
Extractos de uma entrevista com James Galbraith em que ele sublinha a importância das fragilidades institucionais europeias no combate à crise financeira:
ResponderEliminarJAMES GALBRAITH: Right now the thing that troubles me most is not the United States. The thing that troubles me most is that the same ideas of deregulation, of free markets, were applied in the construction of modern Europe. And the Europeans don't have the institutions of the New Deal, a central bank that can lend as necessary.
BILL MOYERS: Right.
JAMES GALBRAITH: Government that can borrow as necessary; that can take the initiative. They have expanded themselves into Eastern Europe in a way in which Communism was replaced by nothing. And a financial collapse is going on there now is, in many ways, more profound than the one we are experiencing here.
BILL MOYERS: But we've seen Gordon Brown, the Prime Minister of Britain, step forward in a way that our own government hasn't and try to orchestrate a European-wide response to this.
JAMES GALBRAITH: That is true. And that is, you know, collection of the finance ministers getting together over the weekend to try and do this on an ad hoc basis. Mercifully, we have the institutions of government in this country that can act. The Europeans are winging it. They have to go against their charter of the Central Bank, against the Maastricht Treaty and its restrictions on government spending, government deficits. They- that problem is a systemic problem. Our problem is a policy problem. We can solve our problem.
(...)
JAMES GALBRAITH: The government has no problem with money. What we're learning, first of all, is that the dollar remains the anchor currency of the world. The euro is the one, is the currency that's collapsing right now, not the dollar.
Uncle Sam's credit is excellent. Uncle Sam can borrow short term for practically nothing these days. Everybody wants to have Treasury Bills and bonds because they're safe. Uncle Sam can borrow for 20 years at 4.3%. That's the same rate that the United States could borrow at for 20 years in the last month of the Eisenhower administration. So from our point of view, we're actually well placed, I mean, as the government of the United States is well placed to take the lead in pulling the country and the world out of this crisis.
Este último argumento é para mim particularmente relevante, até porque me parece que colheu muita gente de surpresa - por exemplo, Soros n' "O novo paradigma para os mercados financeiros". O desmoronamento do dólar não se confirmou simplesmente porque a única alternativa possível como moeda âncora, o euro, não tem a suportá-la um enquadramento institucional que o credibilize. Num contexto de enorme incerteza, a dívida americana é o activo financeiro de refúgio! Com uma situação tão cómoda para os EUA, não acredito que haja um novo reordenamento monetário, à imagem do que aconteceu em Bretton Woods...