«Nenhum homem fez a terra. Ela é uma herança original da espécie no seu
conjunto. A sua apropriação é totalmente uma questão de conveniência. Quando a
propriedade privada da terra não é conveniente, é injusta.»
«O uso da terra para a agricultura, de facto, deve necessariamente ser,
por enquanto, exclusivo; a quem lavrou e semeou deve ser permitido
colher.»Mas...
«Quando não existe intenção de cultivar a terra , não é possível apresentar, em geral, uma boa razão para que ela seja propriedade privada.»
«O que está em jogo para a comunidade no que diz respeito ao cultivo
apropriado da terra é demasiado (...) para que estas questões sejam deixadas à
discrição de uma classe de pessoas chamada dos terratenentes, quando eles se
mostram incapazes de corresponder à confiança neles depositada.»
«Os donos de domínios na Irlanda não fazem nada pela terra senão drenar
dela o seu produto».
sexta-feira, 29 de agosto de 2008
A propriedade: afinal é ou não um roubo? VI
Para Mill, propriedade privada legítima era não só o que fosse adquirido pelo trabalho e a poupança como o que fosse obtido por contrato com os frutos desse trabalho e poupança. Além disso, pensava ele, o direito de propriedade não seria completo se não incluísse a prerrogativa de doar e, em consequência, de obter por doação.
Uma herança quando decorre de uma disposição testamentária é de certo modo uma doação. O mesmo não acontece quando tal disposição não existe. A posição de Mill sobre a instituição da herança distinguia os dois casos. No primeiro caso – disposição testamentária – Mill, ao mesmo tempo que reconhecia o direito de legar (dentro de certas condições), limitava o direito de herdar a montantes estipulados por lei, isto é, defendia o imposto sucessório que tão abominável parece ao liberalismo corrente. No segundo caso – quando não existe disposição testamentária – recusava o direito de herança a colaterais e aceitava-o, sujeito a imposto sucessório, para filhos e conjuges. O objectivo destas medidas de reforma do direito sucessório, explícito em Mill, seria evitar a acumulação inter-geracional de fortunas absurdas.
No que diz respeito à propriedade da terra o melhor é mesmo ouvirmos Mill:
A terra da Irlanda poderia então, segundo Mill com vantagem, ser entregue aos rendeiros, compensados que fossem os proprietários com uma pensão ou uma indemnização.
Oh Dr Castro Caldas, mas diga de uma vez.
ResponderEliminarÉ ou não é um roubo?