Jeffrey Sachs foi, durante os anos oitenta, um dos principais símbolos do ajustamento estrutural imposto aos países em desenvolvimento. Foi ele que desenhou o radical programa de privatização e liberalização boliviano, cuja aplicação resultou num gigantesco levantamento popular violentamente reprimido. No presente, o "Dr. Shock" (como ficou conhecido) renasceu como economista do desenvolvimento, preocupado com os famélicos da terra. Este notável artigo (com um título brilhante), publicado no Jornal de Negócios, sobre a importância da intervenção pública na reconversão da agricultura dos países mais pobres, mostra bem como Sachs mudou de opinião. Deixo alguns excertos:
"A História tem mostrado que é necessária uma acção governamental para ajudar os agricultores mais pobres a escaparem à armadilha da pobreza derivada dos fracos rendimentos."
"Durante a crise da dívida, nas décadas de 80 e 90, o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial obrigaram dezenas de países pobres importadores de alimentos a desmantelar estes sistemas estatais. Foi dito aos agricultores que deveriam desenvencilhar-se sozinhos, deixando que as “forças de mercado” fornecessem os ‘inputs’. Foi um grande erro: essas forças de mercado não existiam. "
"É hora de reestabelecer os sistemas de financiamento público que permitem aos pequenos agricultores dos países mais pobres, nomeadamente os que dispõem de terrenos com dois ou menos hectares, aceder aos necessários ‘inputs’ de sementes de alto rendimento, adubos e sistemas de irrigação em pequena escala."
O pequeno agricultor deve ser protegido, até porque tudo indica que as pequenas propriedades são mais produtivas do que o modelo agro-industrial.
ResponderEliminarSe tivermos em conta o últimos parágrafos do artigo do Der Spiegel que mencionou no post anterior. Vemos que este senhor pode não estar assim tão bem intencionado.
ResponderEliminarCom certeza que os agricultores iram beneficiar desta proposta mas alguém beneficiará muito mais, concorda?
"In keeping with the new trend, hedge funds and investment banks have started buying up farms worldwide. Morgan Stanley, for example, already owns several thousands of hectares of agricultural land in Ukraine. An agriculture fund operated by Blackrock, a New York investment group, acquired more than 1,100 hectares (2,717 acres) in Britain's Norfolk County. Others are combing the world, from Russia to South America, for investment opportunities. In Argentina, prices for the most productive fields have increased by 80 percent in recent years.
The British hedge fund Emergent Asset Management is currently collecting €1 billion ($1.55 billion) to buy up African farmland south of the Sahara Desert.
"Hedge fund managers may not be good farmers," says Paul Christie, Emergent's marketing chief, "but with the right partners they can be good farm managers.""
http://www.spiegel.de/international/world/0,1518,559550-3,00.html