quarta-feira, 11 de junho de 2008
O partido do bloco central
A reacção sectária de Vital Moreira ao crescimento e capacidade de iniciativa e de proposta política das esquerdas socialistas é um bom sintoma da preocupação do partido do bloco central que tem comandado as políticas públicas em Portugal. Trata-se de queimar pontes e de começar a preparar o terreno para «pensar o impensável»: um governo do bloco central a sério em 2009. Sócrates e Ferreira Leite com a bênção de Cavaco. Evitar qualquer convergência à esquerda parece ser a prioridade. De resto não há muito a dizer porque o seu artigo no Público de ontem é parco em argumentos. Só não percebo como é que alguém que quer usar o financiamento público para promover a expansão dos grupos privados rentistas em sectores essenciais da provisão pública se pode apresentar como um grande defensor do Estado Social. Enfim, Vital Moreira é hoje o principal ideólogo da direitização do «socialismo moderno» português e esta sua função torna o debate muito pouco interessante. De qualquer forma, ficam algumas perguntas: Quem apresentou propostas de combate à precariedade no sector privado e na administração pública? Quem contestou as dispendiosas e ineficientes engenharias mercantis das parcerias público-privadas ou as danosas privatizações de sectores estratégicos (estou a pensar na Galp)? Quem apresentou propostas para diversificar as fontes de financiamento da Segurança Social por forma a evitar que os «sacrifícios» caíssem apenas sobre os mesmos de sempre? Quem apresentou propostas fiscais realistas para combater a especulação financeira e imobiliária e para diminuir a escandalosa fuga ao fisco? Quem defende uma revisão do governo económico europeu para reabilitar políticas de pleno-emprego sem as quais não há Estado Social que nos valha? As perguntas multiplicam-se. A linha de que Vital Moreira é o ideólogo tem de ser derrotada. Isto exige apenas o reforço das esquerdas socialistas que não se renderam ao neoliberalismo, mesmo que seja na versão ordoliberal, bem mais realista e eficaz do que as restantes.
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ResponderEliminarHavia de ser bonito seguindo essas propostas. E querer utilizar a UE para conseguir o que não se consegue por via eleitoral é no mínimo mau perder e revelador daquilo que a extrema-esquerda sempre foi e será: anti-democrata.
ResponderEliminarEquívoco vital!
ResponderEliminarhttp://denunciacoimbra2.wordpress.com/2008/06/10/equivoco-vital/
Sempre pensei que a extrema-esquerda era outra coisa, não aquela onde amiúde Vital Moreira gosta de colocar o PCP e o BE. Será para criar a ilusão que o PS é de esquerda, quando até os verdadeiros socialistas não o acham?
ResponderEliminarAparentemente Vital escreve quase o mesmo que muitos de nós defendemos: economia de mercado regulada (não percebo as aspas), a eficiência e sustentabilidade do Estado social, aprofundamento da integração europeia…
Só que a praxis mostra-nos outra coisa. Por exemplo, em relação ao aprofundamento da integração Europeia, parece-me que o afastamento é cada vez maior, tendo até receio que se esteja a cair numa “eurocracia” sediada em Bruxelas e Frankfurt, situação mais facilitada com governos cegamente seguidistas.
A preocupação com a imperiosa necessidade de haver uma maioria absoluta, também já feita sentir por outras pessoas do bloco central (José Miguel Júdice, Proença de Carvalho) é a face visível do esvaziamento ideológico, da possibilidade de propostas alternativas, da dificuldade da vivência democrática.