quarta-feira, 4 de junho de 2008

Isto não vai, não pode, ficar por aqui

O comício de ontem juntou as esquerdas socialistas, todas as esquerdas que estão disponíveis para iniciar um processo de diálogo e de colaboração capaz de superar a hegemonia do bloco central que, nas últimas duas décadas, tem conduzido a ineficaz e iníqua neoliberalização do país. Só por isto valeu a pena. O comício teve entusiasmo popular e intervenções focadas nas questões de economia política e de política económica que contam: defesa do Estado Social, dos serviços públicos e da dignidade dos profissionais que os suportam; política económica centrada na criação de emprego com direitos; reequilíbrio das relações entre um espaço público atrofiado e o poder, em expansão, do mercado e da empresa privada; combate às desigualdades e à pobreza (a redução do défice social deve guiar toda a política); entendimento correcto da autonomia e do florescimento individuais, das liberdades e das condições sociais em que elas podem ser efectivamente exercidas por todos; defesa das palavras e do seu sentido - capitalismo, socialismo, esquerda. Esta clarificação vai incomodar muita gente. E o seu incómodo será um dos barómetros do nosso sucesso. Depois disto, as palavras-chave que presidiram à convocatória - exigência e responsabilidade - ganham um novo peso. Que todos, nas esferas de intervenção que nos estão disponíveis, estejamos à altura das exigentes circunstâncias. Isto não vai, não pode, ficar por aqui.

7 comentários:

  1. Os cálculos de somar, sem a luz de uma nova ideia, com ar de caldeirada oportuna já mostraram as suas consequências em Itália.
    “Foi você que pediu um Berlusconi ?”

    Depois da decadência dos partidos do centro - PSD e PS - estamos agora perante um típico fogacho do esquerdismo oportunista que, como de outras vezes na história, pode vir a ser antecâmara de ditaduras da direita. Quando o povo tiver perdido totalmente a confiança nos partidos “moderados”, sujeito a grandes dificuldades diárias, os pretextos proporcionados por tiradas extremistas farão surgir, do nada, um Berlusconi português ou, quem sabe, um Salazar da era digital.

    O problema desta gente, que as sondagens animam, é que não faz os trabalhos de casa; não tem qualquer ideia prática sobre a forma de realizar a justiça que reclama. Nesse aspecto vale mais o Jerónimo, e a sua União Soviética “que ainda há-de vir”, pois ao menos sabe-se do que estamos a falar.

    Eles pensam que basta cavalgar as últimas estatísticas sobre a pobreza, mas disso até o Santana Lopes já se tinha lembrado. Não vamos lá com descrições inflamadas da miséria que não são mais do que um disfarce da miséria das alternativas.

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  2. Não me deixa de espantar a quantidade de iluminados que pululam nos comentários em blogues. Convencidos que eles, e epenas eles, conhecem a Verdade. Quem não se limita a discordar, mas acha-se na necessidade de desvalorizar a argumentação do outro, apenas demonstra forte insegurança. Para além de uma total incapacidade de dialogar, entendido como uma postura aberta de intercâmbio de ideias em que se admite à partida a possibilidade de estarmos errados nas nossas opiniões. Ententendo este blogue e as sua caixas de comentários como porta para o diálogo no interior da Esquerda. Num diálogo também se ouve, mas parece que há, convencido da sua importância, quem goste mais de fazer-se ouvir. Não vai demorar muito a encontrar-se a discursar... para o boneco.

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  3. Quado há ausência de argumentos, muita gente tenta ir pelo caminho simples e populista de denegrir de uma forma simplista aqueles que querem realmente construir uma política alternativa, usando o já tipico e batido discurso sobre o passado de algumas esquerdas. Enfim, é uma estratégia de quem pelos vistos está satisfeito com o caminho que Portugal tem feito nos últimos 30 anos, e que o pretende manter.

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  4. Alguns “opinion maker” da nossa praça vão especulando, tentando vislumbrar as razões e consequências deste encontro, talvez reencontro.
    Numa lógica cartesiana, opinam: ”O empurrão final ao governo de Sócrates, sujeitando-o a uma eventual perda de eleições, colocam Ferreira Leite em rota de governação” - (por favor, apertem os cintos!). E continuam a sua análise, remetida aos jogos de poder: “neste cenário, Cavaco terá dificuldades a obter um segundo mandato. E aí aparece Alegre, que já está à espreita”.

    Além de poderem pensar pela própria cabeça, é facto que as pessoas reagem de forma diferente perante as situações.
    No entanto, há uma mensagem subliminar que estes discípulos de Maquiavel querem fazer passar: “Bem-vinda Ferreira Leite; Alegre é calculista”.
    O status quo utilizará todas as armas de arremesso para desviar o rumo de mudança, que se quer aqui e agora.

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  5. "Nesse aspecto vale mais o Jerónimo, e a sua União Soviética “que ainda há-de vir”, pois ao menos sabe-se do que estamos a falar."

    Não, não sabemos. É a URRS de Lenin, Estalinista ou a da Perestroika ? Sinceramente acho que a ideia de fazer do comunismo uma ideologia monolítica só mostra que muito há a ganhar com as demais correntes de esquerda.

    Em termos da acção do estado objectivada na sociedade é claro que é mais seguro servir-se de uma ideologia onde tudo pode, quer e manda - parecendo quase divina - do que aceitar a pluralidade de ideias que podem contribuir para aceitação do indivíduo COMO ELE É.

    "Matar" o mensageiro que traz a diferença para fazer passar uma ideologia que - por razões historico-políticas - se vem a mostrar oca, parece sempre o caminho mais fácil. Veja-se Humberto Delgado ou até Trotsky, que mesmo nas circunstâncias que os separa estão dentro desta mesma ideia de matar a diferença.

    As ideologias constroem-se com a cabeça. São sempre necessários "idiotas" para tal, sejam eles de esquerda, direita ou os extremistas dos dois lados sem falar no centro. Sinceramente acho que o que se passou neste reunião de "esquerdistas" foi exactamente isso: ver até que ponto são diferentes e ver até que ponto são iguais.

    De qualquer forma, fica a questão: De que forma são diferentes os "idiotas", os pensadores de agora e os pensadores de então ? Até que ponto as diferenças de Lenine e Trotsky são diferentes das de Rosas e Alegre ?

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  6. Mas os senhores da renovação e do bloco ainda não perceberam que estão a ser usados pelo PS para lavar a sua imagem de direita, tentando criar uma ideia que, através de Manuel Alegre, o PS até tem uma ala esquerda? (com ministros tudo!, como a Ana Jorge.).

    Não repararam que enquanto o PS - através de Manuel Alegre - pisca o olho ao eleitorado do BE, o mesmo deputado Manuel Alegre vota a favor em todas as propostas de lei do governo? (até agora não votou contra em nenhuma! já saiu da sala um vez, vá lá... mas votar contra, nada! Só é do contra na TV e em comícios do BE).

    Os senhores estão a ser usados pelo PS e não percebem. Não acham estranho o PS enviar o Alegre para fazer uma campanha presidencial mais à esquerda, simulando uma animosidade inexistente, e agora convidar a nº2 dessa mesma campanha para Ministra da Educação?

    Não acham também estranho que o PCP, a esquerda com maior representação do país - não conto com o PS como esquerda -, seja deixado à margem de tais comícios ou reuniões fantásticas? E esse famoso "profundo debate político entre BE e PS"? Não ficará um pouco abaldo com amigalhaços como o M.Alegre e como os vereadores unidos da Câmara de Lisboa?

    João Delgado

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  7. perdão.... ministra da Saúde. Perdoem o lapso.

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