Uma das dificuldades com que a esquerda hoje se defronta é qual a posição a tomar face aos salvamentos de grandes bancos privados afectados pela crise financeira. Devemos socializar as perdas privadas dos responsáveis pela crise? Penso que não deve haver qualquer hesitação quanto à necessidade das recentes intervenções das autoridades monetárias. Esta é a única forma de circunscrever a actual crise.
No entanto, é possível ter um programa progressista que não só aponte o imperativo da reforma do sistema financeiro (algo que este blogue tem feito repetidamente), mas também faça propostas concretas que transformem as acções de salvamento em oportunidades políticas. Este artigo de Robin Blackburn vai nesse sentido. O autor, além de propor um conjunto de medidas que reprimam a esfera financeira, apresenta uma interessante proposta: a construção de um fundo público constituído por acções, vendidas a preço preferencial, dos bancos que beneficiaram da intervenção pública. Estes fundos, não podendo transaccionar as acções (o que evita a tentação da especulação), utilizariam os futuros dividendos no financiamento da Segurança Social. Um programa que me parece claramente inspirado no plano do sueco Meidner, já aqui abordado.
Qual o incentivo de aplicar o meu dinheiro num banco sólido? Vai haver sempre um parvo para pagar o prejuízo.
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