Escreve Sérgio Sousa Pinto (SSP), hoje no Público: «foi justamente porque a Europa estava desapetrechada para intervir nas questões que "verdadeiramente importam às pessoas" e porque a China, por exemplo, não está demasiado interessada nos pontos de vista de Gordon Brown em matéria de dumping monetário (cotação do yuan), de abertura do mercado chinês aos produtos europeus ou do desrespeito permanente pelos direitos de propriedade intelectual que se celebrou o tratado. Todos estes temas respeitam ao futuro imediato da Europa no emprego, nas deslocalizações, na competitividade e na manutenção do modelo social europeu».
Ficamos a saber que para SSP o que põe em causa o modelo social europeu não é a total independência do Banco Central Europeu face aos poderes democráticos, nem a prioridade total que é dada pelos tratados europeus ao controlo da inflação (e não ao crescimento económico e ao emprego) por parte desta instituição, nem as restrições (sem sustentação teórica) que são impostas à prossecussão das políticas orçamentais de cada país, nem a quase impossibilidade de estabelecer níveis mínimos de condições sociais, ambientais ou fiscais na UE (que impeçam que a actuação das «forças de mercado» erodam o que ainda resta das conquistas sociais conseguidas na Europa ao longo de décadas). Para SSP o que «verdadeiramente importa às pessoas» é a abertura da China aos produtos europeus (suponho que esteja a falar da presença de empresas financeiras, cuja actuação na economia doméstica continua - e muito bem... - a ser restringida pelo Governo Chinês) e o «desrespeito permanente pelos direitos de propriedade intelectual» (a Microsoft, por esta altura, estará felicíssima pela preocupação que SSP tem com as «pessoas»).
Tal como SSP, também eu acredito que «só a Europa integrada pode responder ao problema real da erosão crescente das soberanias nacionais, preservando a nossa capacidade de exercer o maior controlo possível sobre o nosso destino colectivo». Mas essa Europa não é seguramente aquela que os tratados da UE, os velhos e o novo, têm para nos oferecer.
A propósito da China e das maravilhas da globalização e do milagre da inflação baixa, etc, é arrepiante o preço que a China e ,cada vez mais, todo o planeta estão/irão pagar por isso:
ResponderEliminar«As Pan Yue, a vice minister of China's State Environmental Protection Administration (SEPA), warned in 2005, "The [economic] miracle will end soon because the environment can no longer keep pace." » in "The Great Leap Backward?" artigo do Foreign Affairs:
http://www.foreignaffairs.org/20070901faessay86503/elizabeth-c-economy/the-great-leap-backward.html
Por certo, Sérgio Sousa Pinto não estará "atrapalhado" na concorrência entre o PS e o PCP pela influência do comité central do PCChinês? Não, o Sérgio sabe que o PS ganha a parada. Os que fingem ter uma ideologia e na China o seu exemplo é que ficarão para trás.
ResponderEliminarE já agora sugiro a leitura de "O século chinês" de Federico Rampini e "Pela china dentro" de António Caeiro". Elucidativos.