quinta-feira, 1 de novembro de 2007
O pluralismo da economia numa conferência
A Faculdade de Economia da Universidade do Porto vai acolher, a partir de hoje, a conferência anual da Associação Europeia de Economia Política Evolucionista. Trata-se de uma das maiores associações europeias de economistas académicos. E é sem dúvida o porto de abrigo de todas as heterodoxias que recusam os mitos e as «evidências» em que assenta o discurso neoliberal que ainda domina a disciplina. Heterodoxias que procuram construir uma ciência mais realista e humana. Uma ciência capaz de compreender as dinâmicas com que se cosem o capitalismo global e a suas variedades nacionais, a inovação e as suas instituições de suporte, o papel do Estado e da regulação, as trajectórias possíveis de desenvolvimento, a acção individual e colectiva enquadrada por regras e instituições económicas. Uma ciência com memória histórica que sabe as chaves para compreender o mundo de hoje podem estar no passado - Marx, Veblen, Commons, Keynes, Kalecki, Schumpeter, Minsky e tantos outros. Sobretudo aqueles economistas cuja contributo é inversamente proporcional ao seu reconhecimento pela ortodoxia de uma disciplina que é eximia em fazer «descobertas» que muitas vezes apenas repetem aquilo que já foi dito com mais profundidade por quem foi esquecido ou ostracizado. Uma ciência que recusa incursões imperialistas noutras ciências sociais porque sabe que pode melhorar a sua capacidade explicativa se procurar antes aprender com elas. Uma ciência que valoriza a metodologia porque só assim o debate científico pode ser informado. Uma ciência que valoriza o pluralismo e o debate racional e que luta contra o preconceito ignorante e as várias tentativas veladas ou assumidas de silenciamento por parte de quem olha para a economia como uma ciência natural. Quem trabalha ou trabalhou num departamento de Economia, e chegou à conclusão de que o formalismo árido da ortodoxia é um beco sem saída, sabe bem do que é que eu estou a falar. Estar na margem é uma forma de resistência. E também aqui se pode aprender com o passado.
E que tal um blogging da conferencia, sessao a sessao, tema a tema? De portatil ao colo e comentario a escorrer?
ResponderEliminarAinda não cheguei a esse ponto a. cabral. Talvez lá chegue. Ao contrário, uns dias sem blogoesfera só fazem bem...
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