quarta-feira, 14 de novembro de 2007
Uma ciência prudente
«As melhores políticas estão sempre associadas às condições locais, quando se recorre às vantagens já existentes e se procura ultrapassar os condicionalismos internos. É por isso que, habitualmente, muitas reformas bem sucedidas não têm o mesmo resultado noutros países. As reformas, no fim de contas, não são como aquelas estufas que podem ser transferidas à vontade para qualquer tipo de solo (...) em última análise, cabe a cada país dizer: ‘Obrigado, mas não queremos; faremos as coisas à nossa maneira’». Dani Rodrik, o mais iconoclasta dos economistas neoclássicos do desenvolvimento, professor em Harvard e blogger profícuo. Contemplado com o Prémio Albert Hirschman (recentemente criado). Esta citação foi retirada de um artigo que o Jornal de Negócios em boa hora publicou e onde Rodrik destaca precisamente a importância de Hirschman, um economista que nunca recebeu o reconhecimento de uma disciplina que tende a empurrar para a margem muitos dos melhores. Sobretudo quando estes recusam as desastradas receitas universais propagadas pelas ortodoxias do momento. Não quero ser demasiado optimista, mas parece que algo está mesmo a mudar: «Os modelos dinâmicos são muito mais comuns, floresceu uma economia de 'second-best', a economia política tornou-se corrente dominante e a economia comportamental pôs em causa o 'actor racional'. Consequentemente, Hirschman parece-se cada vez menos com o inovador tresmalhado que imaginava ser. A sabedoria convencional poderá, por fim, estar a alcançá-lo». Já não era sem tempo. Agora só falta mudar as orientações dominantes da política económica. E já agora o ensino da economia.
Ultimamente tenho andado a tentar passar de «iletrado económico» (estatuto que várias vezes me foi atribuído, com toda a justiça, hélas, pel'O Insurgente) ao estatuto menos vergonhoso de «leigo informado»; e tenho a agradecer ao Ladrões de Bicicletas a contribuição que me tem dado para a prossecução deste objectivo. Já estive a dar uma vista de olhos pelo blogue de Dani Rodrik, que me permitiu aprender hoje mais umas coisas.
ResponderEliminarCaro josé luiz sarmento,
ResponderEliminarPelos seus posts creio que o «iletrado» é só figura de retórica. De qualquer forma, foi a pensar em si que este post foi escrito.