Acho que foi Boaventura Sousa Santos que escreveu que uma das tarefas da teoria social crítica é defender a igualdade quando a desigualdade significa exploração e defender a desigualdade quando a igualdade significa opressão. A arte está em saber distinguir entre os dois casos. Sensibilidade e boa teoria social ajudam. Poucas pessoas o fazem tão bem em Portugal como Miguel Vale de Almeida. Agora em nova casa.
Vejam a sua última posta sobre o «debate» que tem entretido a nossa nostálgica direita pós-colonial: «Uma ciência sem auto-consciência não é ciência, é uma mecânica utilitarista. Uma ciência sem consciência social não é ciência, é uma monstruosidade positivista (e já vimos no que isso deu nos anos 30 e 40 europeus, ou será que não vimos?). Uma comunicação social que não pára um segundo, antes de escrever, para se perguntar o que, se algo, constitui a "essência" de "raça" ou de "pretos" ou de "brancos", o que constitui a ciência, ou quais os efeitos do que diz sobre a desigualdade já existente, não é comunicação social - é , na "melhor" das hipóteses, uma caixa de ressonância do senso comum ou, na pior, um instrumento de propaganda».
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