Professor Catedrático da Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa (o grande centro irradiador do liberalismo económico em Portugal) e ex-ministro das finanças do PS (caiu por ter discordado abertamente de alguns grandes projectos de investimento público), Campos e Cunha não poderia deixar de ser um liberal. E, no entanto, a sua fé nas virtudes do mercado concorrencial não se estende a sectores que são monopólios naturais, como é o caso da Rede Eléctrica Nacional (REN). Sectores que pelas suas características tornam impossível ou altamente ineficiente a existência de mais do que uma empresa a operar.
Em artigo no Público da passada sexta-feira, Campos e Cunha estranha o consenso neoliberal que bloqueia a discussão sobre os enormes riscos de passar um sector com estas características para mãos privadas. As possíveis quebras no investimento na manutenção e modernização da rede (invoca o desastroso exemplo norte-americano) ou a possibilidade de uma «regulação laxista» são alguns dos riscos por si identificados. Isto num sector onde as falhas são pagas por todos.
De facto, a miopia do equilíbrio orçamental a todo o custo, as pressões dos grandes grupos económicos rentistas (interessados em capturar um sector monopolista onde os lucros estão garantidos) e o desaparecimento de qualquer rasto de pensamento socialista na direcção do PS estão a permitir a apropriação privada sem fim de sectores estratégicos de evidente interesse público. Aqui a regulação não substitui a propriedade pública. A monitorização das operações privadas é difícil e custosa e a possibilidade de captura do regulador pela empresa que controla a actividade é real. No futuro, esta desastrosa e irresponsável decisão de privatização (inclusive do ponto de vista das finanças públicas) terá de ser revertida. Até lá todos pagaremos os custos.
Como li na altura da privatização, e concordo a 100% é preferivel ter 1 monopólio público que um monopólio privado!
ResponderEliminarPara além da lógica economicista de vistas curtas(encaixe da privatização) não consigo entender qual a estratégia de futuro para o país com a alienação destes sectores chave!
Cpmts
Nuno
Este Partido Socialista vai de mal a pior... Realmente não há ninguém que segure aquele barco, que segue desenfreadamente cheio de vontade de liberalizar. Não me venham dizer que são um partido de esquerda...
ResponderEliminarGostei do seu post. Mas o que mais me atraiu foi a sua opinião sobre a FEUNL, de onde saí licenciado em Economia, tendo depois feito um mestrado na SOAS. Vim de água gelada e fui colocado em água a ferver, bem sei.
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