sexta-feira, 3 de agosto de 2007

O Zé faz a diferença? (III)

Um desafio aos fundamentalistas do mercado sem fim que arrogantemente apelidam de «analfabeto económico» todos os que discordam dos seus preconceitos: dêem-me um exemplo de uma cidade decente que se tenha desenvolvido sem planeamento urbanístico, sem mecanismos que moldam as matrizes dos preços da habitação de forma a alcançar objectivos definidos pela comunidade. Do que até agora se conhece da proposta saída do acordo entre o PS e o BE não há nada que justifique as preocupações levantadas. A não ser para aqueles que confundem a economia e o bem comum com os interesses de curto prazo dos construtores e promotores imobiliários (vejam aqui e aqui).

5 comentários:

  1. Caro Joao,

    Se há blog com o qual estou em permanente desacordo é o Insurgente, mas as críticas feitas nesse blog a esta medida fazem bastante sentido. A posição dos insurgentes será contra qualquer politica publica, mas não é preciso defender este extremo para discordar da medida proposta.

    Dito isto, considero que o controlo de preços não é a melhor forma de astingir os objectivos -com os quais concordo- de ter mais casas a preços acessíveis. Acha que faz sentido construir uns terraços de bragança do siza e vender um t1 a 100mil euros quando o seu preço de mercado é 400 mil? Com isto não se baixa preços nenhuns, apenas se transporta para o futuro a possibilidade de quem receber esta casa possa ganhar a lotaria. Não podemos ignorar a existência de um mercado (que esta medida não anula, apenas esconde, criando outros) e assobiar para o lado quando se fala de oferta e procura.
    Não acha que seria melhor por casas devolutas no mercado, aumentando a oferta e, aí sim, contribuir para baixar o preço. Ou então quando se atribui licenças para reabilitação/construção exigir que se construam casas a preços mais acessíveis (o que não é o mesmo que vender casas a preço de custo), evitando que os bairros históricos sejam inundados de condominios fechados.

    Cumprimentos,
    Joao Galamba

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Iniciámos uma missão.
    Apoiamos uma causa.
    Carta Aberta de Apoio a Dalila Rodrigues:
    http://www.petitiononline.com/Dalila/petition.html

    Para assinar on-line.

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  4. Salvo melhor opinião, a ideia que a recente coligação PS-BE quer aplicar, não visa propriamente a chamada habitação social, tal como a conhecemos. O mecanismo do controlo de preços (que existe, como tem sido divulgado, em várias cidades do mundo), procura ir mais além, constituindo um mecanismo "disciplinador" de um mercado que não funciona: o da construção civil. Para além de edifícios a preços controlados (o que parece ser importante, não só para acabar com a selvajaria em que descambou o projecto de "bairro social"), será inevitável que haja uma pressão no mercado, dificultando o disparar dos preços, como sempre aconteceu.

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  5. Caro Joao Galamba,

    Embora os insurgentes usem uma retórica anti-política pública, na realidade não há nada que exija uma política pública mais robusta do que a criação de mercados.

    De resto, concordo com a ideia de mecanismo disciplinador defendida por Zé Bonito: enviar um sinal aos promotores e assim gerar uma dinâmica que possa facilitar a redução dos preços para certos segmentos da população geralmente excluídos do acesso a habitação no centro.

    De resto é curto falar de oferta, procura e preço como mecanismo de equilibrio. No "mercado" de habitação há poder de mercado, assimetrias de informação brutais, lógicas de especulação poderosas.Os preços são muito viscosos (sobretudo à baixa...).

    De resto julgo que concordamos: é preciso penalizar fiscalmente os proprietários que tenham casas devolutas, constranger a criação de condominios fechados. Há muito espaço para medidas arrojadas. Veremos o que acontece...

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