Vital Moreira defende hoje na sua coluna no Público que o novo regime de crédito para estudantes do ensino superior é parte do processo de democratização do acesso à universidade. Não vejo como. Na ausência de novas iniciativas na área da depauperada acção social escolar e num contexto de desinvestimento público no ensino superior, vejo-a mais como uma peça da arquitectura mercantil que o governo vai construindo. Aliás Vital Moreira acaba por reconhecer a custo isso mesmo: «É certo que embora não exista nenhuma relação directa entre as duas coisas, com este novo instrumento afastam-se alguns argumentos contra o aumento do montante das propinas no ensino superior, a qual deve ser encarada a prazo». Afastam-se alguns argumentos? Quais? Talvez a ideia de que as propinas são um mecanismo de exclusão? E não são? E como deixarão de o ser? Queres ter ensino então vai ao banco? Os estudantes-clientes vão passar a suportar (a prazo e com juros) uma parte crescente dos custos com o ensino superior. E que tem isto que ver com democratização?
Razão tem por isso Santana Castilho em artigo no mesmo jornal:«Esta medida é (...) a anestesia antecipada de efeito longo da lógica de Bolonha: desresponsabilizar o Estado do financiamento do ensino superior público que, paulatinamente, vai passando do serviço do conhecimento para o serviço à omnipresente economia de mercado». Afinal de contas isto só vem confirmar que a «conjugação da democracia liberal e do Estado social» que «constitui a grande tradição democrática europeia» (Vital Moreira) está a ser posta em causa precisamente por aqueles que mais a dizem defender.
Só um esclarecimento em relação ao valor das propinas de frequência no primeiro ciclo do ensino superior publico.
ResponderEliminarO valor máximo actual não deriva de nenhuma decisão de este ou de outro governo, resulta sim do tecto estipulado pelo tribunal constitucional resultante do famoso artigo que que define que o ensino deve ser progressivamente gratuito.
Este governo ou outro que venha não pode aumentar as propinas, do primeiro ciclo, porque elas já estão no máximo permitido.
Aliás o governo aumentou as propinas, de uma forma mais ou menos camuflada, quando reduz o primeiro ciclo, o que têm financiamento e as restrições constitucionais, para 3 anos e torna quase obrigatória a frequência do segundo ciclo, para completar 5 anos de frequência no ensino superior, e este sim com propinas bem mais elevadas.
So chateia que o Santana Castilho com tao longas, rebuscadas, adjectivadas, subejamente trabalhadas frases nao se consegue ler.
ResponderEliminarAquilo que mais me escandaliza no texto de Vital Moreira é a ideia que está subjacente a esta afirmação "a elevação do montante das propinas (...) de modo a reforçar o nível de recursos e de auto-suficiência financeira das universidades e politécnicos".As universidades e os politécnicos fechado sobre si mesmo deveriam então adquirir ou reforçar a já adquirida auto suficiência obtendo receitas através das propinas. Isto significa que eu vou pagar para garantir que o meu estabelecimento de ensino continue a funcionar enquanto o estado se desresponsabiliza daquilo que devia ser neste momento, a sua primeira preocupação. E o conhecimento que é produzido nas faculdades serve para quê?? E os grupos de investigação e os laboratórios e todos os focos de produção científica e intelectual...uma parte significativa da ciência aplicada que se produz deveria produzir lucros. E uma parta significativa da ciência que se produz deveria ser aplicada. E em vez de pagarem propinas os alunos deveriam ser a mão de obra por excelência desses tais focos de desenvolviemto científico. Porque a fazer se consegue motivação acrescida sem défice pedagógico. E acho que esta sim...seria a lógica adequada...Dá mais trabalho desenvolver boas ideias e vendê-las do que sacar dinheiro ao pessoal (em vez de o pôr a trabalhar)...
ResponderEliminarMas vocês ainda se dão ao trabalho de tentar encontar as "razões" do farol da Lusa-Atenas?. Se ele é, como dizem e parece, o grilo falante do socretinismo, está esclarecida a justeza e coerências das pedidas que justifica e preconiza. Veja-se a "cruzada" contra os farmacéuticos de que foi acérrimo instigador, que é que deu? concentração, aumento dos lucros obscenos das farmácias e eliminação do anacrónico privilégio do lic. em farmácia, que já toda a gente sabia que era mais teórico real, agrande parte deles não +passava de testas- de-ferro dos verdadeiros proprietários.
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