«O Presidente francês, Nicolas Sarkozy, defendeu hoje em Bruxelas uma 'aplicação inteligente e dinâmica' do Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC), ao explicar aos parceiros europeus as razões para um previsível atraso no equilíbrio orçamental francês». Leia-se: o presidente francês anunciou que o PEC não se aplica em França e que o seu governo pretende utilizar os défices públicos como instrumento de política económica para relançar o crescimento económico e aumentar a criação de emprego. Fá-lo-á, no entanto, através de uma redução da carga fiscal de mais do que duvidosa eficácia económica. Adicionalmente, criticou, e bem, a valorização excessiva do euro que prejudica as exportações europeias. Ou seja, pôs em causa os perversos pilares da zona euro.
Paradoxalmente, a resposta foi entusiástica: «numa primeira reacção à 'exposição' de Sarkozy, o presidente do Eurogrupo, o primeiro-ministro luxemburguês Jean-Claude Juncker, saudou o facto de a França ter decidido levar a cabo uma 'reforma profunda' da sua economia, manifestando-se convicto de que a mesma não travará o processo de consolidação orçamental no país».
Isto encerra uma grande lição: o PEC não passa de um instrumento para condicionar a política económica ancorada à esquerda e que aposta no investimento público e no controlo democrático da economia. Quando se apresentam novas versões do Reaganomics, com défices públicos como resultado de reduções dos impostos para os mais ricos, a resposta é entusiástica. A esquerda social-democrata, que se amarrou a aberrações, tem muito que aprender com o voluntarismo da direita.
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