Os salários dos membros dos conselhos de administração das empresas cotadas que fazem parte do principal índice da bolsa de Lisboa, o PSI 20, cresceram cinco vezes mais do que os lucros destas mesmas empresas. A conclusão é do Jornal de Negócio e foi publicada na edição de hoje. Os salários dos altos responsáveis destas entidades subiram 12% enquanto os resultados líquidos aumentaram apenas 2,5%, segundo os relatório e contas das empresas. Mesmo quando os lucros caíram, as remunerações dos administradores cresceram sempre e algumas vezes bem acima da inflação. Não deixa de ser curioso que os administradores que limitam o crescimento dos salários dos seus trabalhadores com base nos resultados financeiros das empresas não apliquem a mesma regra às suas remunerações.
muito bem visto, os salários dos administradores sempre a subir e os dos funcionários sempre na mesma.
ResponderEliminaro blog está excelente, continuem.
cumprimentos
www.vascocasimiro.blogspot.com
Só não consigo compreender o que é nós, pessoas alheias e suponho que não accionistas, dessas empresas temos a haver com isso? É o estado que paga a esses administradores? Não cumprem os mesmos os limites impostos pelo salário mínimo nacional para os seus funcionários?
ResponderEliminarO problema da extrema-esquerda é perder tempo com preciosismos destes. Não deveriamos antes estar todos preocupados, por e simplesmente, em lutar por uma melhoria de vida dos funcionários das grandes empresas? Os vencimentos dos administradores não são para aqui chamados...
João Gomes
aquelaopiniao.blogspot.com
O João Gomes nunca teve um patrão a dizer-lhe... "Isto está dificil, este ano não há aumentos" durante 6 anos seguidos, enquanto o vê trocar de Jaguar de seis em seis meses... e claramente não se deixa impressionar por termos como justiça ou solidariedade.
ResponderEliminarNem imagina que em concertação social esses administradores na pessoa dos representantes das industrias consigam bloquear medidas destinadas a mais justiça e solidariedade.
Caro João Gomes,
ResponderEliminarNão sei se qualifico como extrema-esquerda, mas considero que a existência de salários desproporcionados deve efectivamente ser objecto de escrutínio público.
A única forma de explicar este fenómeno é a existência de uma tremenda assimetria de poder (entre os administradores e quem os apoia e todo o resto da sociedade - trabalhadores e pequenos accionistas das respectivas empresas, mas também consumidores, fornecedores, etc.) e o abuso dessa posição de poder.
Até nas sociedades tendencialmente mais liberais se assume que o abuso de posições dominantes (nos mercados, na política, na comunicação, etc.) deve ser controlado, 'ex ante' e 'ex post'.
Aceitar com indiferença a existência de salários injustificavelmente elevados é aceitar viver numa sociedade que aceita não apenas as assimetrias de poder, mas a sua prepetuação, o seu reforço, o seu abuso e as suas consequências (que incluem não apenas injustiças várias, mas também vários tipos de ineficiência).
Não são preciosismos; são sinais dos tempos, que exigem a recusa da resignação.
Muito bem Ricardo.
ResponderEliminarA ideia de que o que se passa no sector privado não é do domínio público tem-se vindo a alastrar de forma preocupante. A defesa da desregulamentação do mercado de trabalho por muitos sociais-democratas é bem elucidativo do momento triste que vivemos. É frustrante perceber que muitos sociais-democratas desistiram de perseguir a igualdade e esqueceram-se de que ao mesmo tempo que aceitámos a propriedade privada dos meios de produção implementámos um conjunto de regras e regulamentações para limitar e condicionar o exercício dessa propriedade. São exemplos a legislação laboral ou as regulamentções ambientais. É veradade que o mesmo nunca foi feito em matéria de salários mas isso não significa que não devamos exigir saber a justificação para as obscenas assimetrias nos salários.
Caro João, ter estas preocupações não é ser de extrema-esquerda. É ser de esquerda.
Estes aumentos, acima dos lucros reflectem-se negativamente na "melhoria de vida dos funcionários das grandes empresas".
ResponderEliminarE de certeza que não houve aumento de produtividade que suporte o aumento destas remunerações, argumento sp utilizado em negociações salariais!
João Gomes,
ResponderEliminarEstá a pregar aos peixes.
Os únicos salários injustificadamente altos são, talvez, os dos administradores de empresas públicas.
Se os acionistas entendem pagar mais ou menos a um administrador é com eles e com mais ninguem. Se o entendem é a melhor justificação que existe.
Caros amigos,
ResponderEliminarMuito bem, vamos partir da ideia de que efectivamente o estado deve intervir na regulação destas assimetrias salariais. Visto que não se trata de nenhum abuso de posição dominante, como já ouvi aqui alguém dizer, qual seria a solução? Iria o estado estabelecer tectos salariais aos administradores das grandes empresas? A resposta é óbvia, não iria. Caso contrário violaria um princípio constitucional, expresso no art. 86º da CRP, que garante às empresas que o estado, por regra, não pode intervir na sua gestão. E quanto sei, não há nada previsto na lei ordinária que permita limitar os salários dos administradores de empresas.
Caro Pedro, ter essas preocupações é regredirmos nas conquistas da social-democracia. Devemos batalhar pela existência de um estado providência, mas não podemos manter os velhos chavões da dictomia burguesia-proletariado. O marxismo teve o seu tempo e muito provalvemente ainda pode ser renovado, mas não me façam pensar que vivo no século XIX.
caro joao gomes, o dinheiro não cresce nas arvores. O capital disponivel é limitado. Se há acumulação num lado, falta noutro. que tal umas aulinhas de economia?
ResponderEliminartodos estamos presos pelas mesmas cordas
Hugo,
ResponderEliminarE que tal umas aulinhas de economia?
Só no gabinete de economia do PCP é que continuam a ver mercados como jogos de soma nula...
João Gomes, deixe estar que em faculdades de economia, das respeitadas, estaria bem...
Caro João Gomes,
ResponderEliminar«(...) qual seria a solução? Iria o estado estabelecer tectos salariais aos administradores das grandes empresas?» são perguntas muito pouco apropriadas para quem faz questão de viver no século XXI.
Embora considere que o Estado foi e é um instrumento fundamental para a promoção do desenvolvimento económico e social e da sustentabilidade ambiental, estou longe de acreditar que as lutas em nome daqueles objectivos só se fazem na medida em que forem passíveis de intervenção estatal.
Num período em que as instituições democráticas formais têm cada vez menos poder face aos interesses económicos particulares, muitos movimentos sociais apostam no combate a práticas privadas contrárias ao interesse público através de mecanismos que não são necessariamente mediados pelo Estado (alguns chamam a isto iniciativas da 'socidade civil', expressão que se presta a muitos equívocos).
Obviamente, para que tais lutas tenham lugar e sejam bem sucedidas é necessário: (i) que não se tomem como naturais práticas socialmente injustificáveis, só porque não contrariam as leis existentes nem são passíveis de regulamentação à luz das normas legais instituídas; e (ii) que se generalize nas nossas sociedades esta recusa da resignação, por forma a dar força a todas as formas de pressão disponíveis.
Obviamente, não espero a adesão a estas formas de intervenção cívica de quem considera que a consciência social e o direito à indignação são características da extrema-esquerda do século XIX.
Eu acrescentaria que o regresso ao século XiX a estar a acontecer não é culpa de quem está em baixo.
ResponderEliminarDepois de um periodo de relativa "igualdade" a seguir à segunda guerra, desde os anos 70 que as diferenças entre patroes e empregados se aproximam da época dos "Robber Barons".
Caro Ricardo Paes Mamede,
ResponderEliminarContinua a falar em "formas de intervenção cívica" e até possíveis formas de actuação do estado e da sociedade cívil, quanto a este caso concreto. Mas aguardo que me diga quais. Como é que alguém poderá evitar que os administradores das 20 maiores empresas do PSI20 tenham ordenados como os que foram divulgados?
E explique-me lá uma coisa. Como é que existem "muitos movimentos sociais apostam no combate a práticas privadas contrárias ao interesse público através de mecanismos que não são necessariamente mediados pelo Estado"? Isto é inverter a lógica, quem conduz as tranformações sociais é o estado, são os governos e não a Greenpeace ou a Associação de Amigos Portugal-Albânia. Se a causa da IVG tivesse ficado refém destes movimentos, ainda hoje não teria saído vencedora.
Não me diga que concorda com o facto de haverem movimentos organizados para bisbilhutarem a esfera privada das pessoas, por alegadamente estas terem comportamentos prejudiciais à sociedade. De salutar que são prejudiciais aos olhos apenas das associações, porque repito não conheço nenhuma legislação ordinária que refira tectos salariais para funcionários de empresas privadas.
Quanto à consciência social também a tenho, mas bastante diferente da sua. O direito à indignação é justo e merece ser respeitado, mas para que o mesmo exista, não precisamos de um Sá Fernandes em cada esquina.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarCaro João Gomes,
ResponderEliminarconvido-o a visitar o seguinte blog, http://www.beppegrillo.it, para ter um exemplo do que podem ser formas alternativas de intervenção cívica quando o Estado pouco faz, ou pode fazer. Qualquer dia talvez me dedique a fazer uma lista exaustiva. Para já, por aqui me fico.
caro ricardo francisco, o seu optimismo no mercado é comovente. que tal umas aulinhas de historia? posso aconselhar-lhe umas universidades "respeitadas".
ResponderEliminarCaro BG,
ResponderEliminarPortanto concordamos que se trata de "História" não de Economia....
Tambem podia dizer Sociologia...agora Economia...continuo a achar que o Hugo precisava de umas aulas, não de "economia marxista", de Economia, mesmo.
Caro João Gomes,
ResponderEliminarNão segue este Blog. Só pode.
O caminho precunizado por aqui passa mesmo pela velha receita das nacionalizações. Liberdades...eles ainda se riem de si.
ricardo francisco, a promessa de riquezas exuberantes e sem par não é nova. A crença infalível na economia também não. E no entanto basta seguir as dinâmicas do capitalismo para nos apercebermos (como foi bem notado por este blog) da deterioração das condições de vida (excepto para os "admnistradores"). A riqueza gerada tem tido apenas uma via, defendida com unhas e dentes pelos liberais em nome da "liberdade" como bem colocou. Quanto a Marx, esse ainda grande papão (pelos vistos), não o conheço.
ResponderEliminar"E no entanto basta seguir as dinâmicas do capitalismo para nos apercebermos (como foi bem notado por este blog) da deterioração das condições de vida (excepto para os "admnistradores")"
ResponderEliminarDeteriariações de vida de quem?
Os pobres são cada cez menos pobres. Nunca na história da humanidade tantos saíram anualmente da pobreza!!!
Esta verdade doi. Doi mesmo.
Pelo Small borther continuaremos a linkar este blog. Não tememos a comparação. É bom ver como pensam os, segundo o Daniel Oliveira, Economistas de equerda...
Já por lá deixei mais um...sempre linkado...