«Na ausência de outros instrumentos de política económica, é como se os governos só tivessem à sua disposição políticas tendentes a reduzir os custos relativos do trabalho através da concorrência fiscal e social (. . .) É uma espécie de tragédia grega: a partir do momento em que os instrumentos de gestão da política económica estão bloqueados, os governos não têm outra escolha a não ser praticar políticas económicas que agravam a situação».
Jean-Paul Fitoussi, um dos mais prestigiados economistas franceses, numa notável entrevista. Estes bloqueios não são uma inevitabilidade. São o resultado de escolhas políticas que definiram a arquitectura do «governo» económico europeu, cristalizadas no infame Pacto de Estabilidade ou no estatuto do BCE. Esta escolhas impedem políticas públicas coordenadas de relançamento. Única via para aumentar o crescimento e diminuir o desemprego. São elas que estão na base da actual crise do projecto europeu.
Absolutamente de acordo.
ResponderEliminarQuem manda nisto, não é o José Sócrates, nem é o Cavaco Silva, nem é o "grande capital". Quem manda em Portugal é a UE.
A UE diz: têm que atingir tal meta (em relação a Orçamento de Estado, PIB, défice etc...). Depois, as medidas, são escolhidas pelo governo. Só que não há muitas alternativas a exigências como "Reduzir a intervenção do estado na economia". Neste caso, as medidas a aplicar são impostas pela exigência que é feita. E, como disseste, isso não permitirá mais investimento...
A UE quer, à força toda, americanizar a Europa. Por isso é que eu digo que a UE é anti-europeísta, pois tudo o que faz (em matéria económica... é disso que estamos a falar), fá-lo contra os valores europeus.
Ou a Europa muda, ou deixa de ser Europa.
E se a Europa está em crise... então África, Ásia, América do Sul estão em quê? Esses sim, estão em crise!
A Europa é o continente onde existe menos desigualdades e mais humanismo. É o continente mais próspero. Vamos estragar isso em troca de uns dólares, que só vão chegar a alguns? Tenham juízo!
Bem sintetisado, baldassare.
ResponderEliminarE nesta batalha contra a Europa podem começar com a luta contra a PAC, por exemplo?
ResponderEliminarSe começarem por aí eu tambem alinho na manif...
Falando a sério. O PCP foi o único partido da altura que entendeu o alcance da entrada na UE...
O Cavaco quando saiu do governo para dar aulas bem explicava que a UE é um excelente bode expiatório. A medida é impopular? A UE obriga...
"É o continente mais próspero. Vamos estragar isso em troca de uns dólares, que só vão chegar a alguns? Tenham juízo!"
ResponderEliminarDe facto à frente da Europa continua a América do Norte. Apesar de acolher todos os anos imigrantes pobres de todo o mundo.
"Que só vão chegar a alguns" - É que hoje ninguem, mas ninguem acredita nessas palavras de ordem. Todos, mas todos vivem melhor.
«"É o continente mais próspero. Vamos estragar isso em troca de uns dólares, que só vão chegar a alguns? Tenham juízo!"
ResponderEliminarDe facto à frente da Europa continua a América do Norte. Apesar de acolher todos os anos imigrantes pobres de todo o mundo.»
Prosperidade. Não disse PIB, disse propsperidade. Para mim, só há prosperidade se houver uma relativa distribuição dos rendimentos. A América do Norte é o "continente" mais rico. A Europa é ligeiramente mais pobre, mas o dinheiro está muito melhor distribuído, e eu prefiro assim.
«"Que só vão chegar a alguns" - É que hoje ninguem, mas ninguem acredita nessas palavras de ordem. Todos, mas todos vivem melhor.»
Claro que todos vivem melhor desde a entrada de Portugal para a UE... O problema é que a UE está a americanizar-se e assim, provavelmente, a maioria viverá pior.
Na América existe muita desigualdade. Cá não existe. Porque é que a Europa quer ser uma "Little USA"? Eu não percebo...
Ah, e já agora, a "América do Norte" não é um continente... o continente é a América. E a América, no total, vive pior que a Europa... mas ok, eu aceito a diferenciação cultural, em vez da geográfica.
«De facto à frente da Europa continua a América do Norte.»
ResponderEliminarA que América do Norte se refere você? àquela que tem mais de 1% da população nas prisões e 20% a viver abaixo do limiar de pobreza? Com não sei quantos milhões de crianças subnutridas e uma percentagem elevadíssima de analfabeto?
De facto a desigualdade e a concentração de riqueza nos EUA está em valores muito elevados face à sua própria história. Não é uma palavra de ordem, é uma realidade abjecta! E não me venha dizer que é por causa da liberdade e do mérito:
http://www.economicmobility.org/assets/pdfs/EMP%20American%20Dream%20Report.pdf%20
http://money.cnn.com/2006/09/20/commentary/sahadi/index.htm
http://www.thecorporatelibrary.com/index.php?F=Shop&p=shop&s=srr
Esse lugar comum de dizer que os EUA têm melhores condições de vida que a Europa já não acerta com a realidade!
Parece que os links não ficaram bem. Aqui vão outra vez:
ResponderEliminarhttp://www.thecorporatelibrary.com
/index.php?F=Shop&p=shop&s=srr
http://money.cnn.com/2006/09/20/
commentary/sahadi/index.htm
http://www.economicmobility.org/assets/pdfs/
EMP%20American%20Dream%20Report.pdf%20
Caro J.M. Sousa,
ResponderEliminarSabe que está a usar indicadores relativos de pobreza?
Sabe que um pobre americano é classe média em portugal em PPP?
Nos EUA usam a regra de 3 vezes o rendimento necessário para viver com dignidade como barreira de pobreza. Na Europa, salvo erro usa-se 60% da mediana do rendimento per capita como barreira.
Essas percentagens são importantes para quem se preocupa mais com a igualdade do que com a prosperidade. Quem tem pouco preocupa-se em ter mais, não em que os que tenham mais tenham menos.
De acordo com o critério Europeu, Cuba é um país quase sem pobres. Já esteve em Cuba?
Caro Ricardo
ResponderEliminarVocê usa muitos conceitos abstractos, sem o devido enquadramento. E fico-me por aqui.
CAro J.M. Sousa,
ResponderEliminarComo por exemplo "pobreza"? É um problema abstracto mas real. E medido. E para se entender o problema precisamos entender os indicadores, como são construídos em tese e na prática.
Os indicadores de pobreza são dos mais importantes no que toca a instrumentalização da Economia como ciência política nos dias de hoje.
Eu estou contextualizado. Aposto que só Hoje é que o J. Sousa soube como eram calculadas essas % de pobres que são tantas vezes anunciadas. Ignorance is bliss, e por aqui não me fico.