Uma coisa temos clara: a defesa do Estado Social, a luta pela «rigidez no mercado de trabalho», que tem indubitáveis vantagens socioeconómicas, ou o combate às desigualdades, que têm nos sindicatos o seu principal esteio, são das melhores expressões de qualquer coisa que se assemelhe ao bem comum. Em Portugal as nossas precárias expressões desse bem comum estão a ser, mais do que nunca, corroídas. Aliás, não é por acaso que as sociedades com uma variedade de capitalismo mais decente são aquelas que têm taxas de sindicalização mais elevadas (países escandinavos). Todos os liberais sabem isto. Caso contrário não fariam dos sindicatos o seu principal alvo. Nos próximos tempos voltaremos a estes temas.
Sobre a evolução dos sindicatos nos EUA nos ultimos 50 anos e a evolução da economia e desigualdade no mesmo periodo, recomendo este diário no DKOS:
ResponderEliminarhttp://www.dailykos.com/storyonly/2007/5/29/2036/12890
Caro l. Rodrigues,
ResponderEliminarObrigado pela referência
"o combate às desigualdades, que têm nos sindicatos o seu principal esteio"
ResponderEliminarCaro João,
penso que a questão é esta. É que o que dizes não é verdadeiro, pelo menos do meu ponto de vista. Não existe no seio do movimento sindical português a preocupação por uma maior solidariedade entre trabalhadores. O movimento sindical é atomizado, conservador; não tem qualquer preocupação com o pleno emprego (remete-se à defesa dos "insiders"). Mesmo dentro de uma mesma profissão não ouço qualquer voz no sentido de promover uma maior solidariedade interna.
Apenas um exemplo. Os professores, que tanto têm estado na berlinda, apresentam "internamente", no seio das suas carreiras, uma desigualdade gritante entre aqueles que iniciam a sua actividade e os que terminam. Não tem paralelo com o que se passa em qualquer país europeu. Nunca ouvi da parte dos sindicatos uma palavra no sentido de propor uma retribuição mais igualitária. Apenas no sentido de preservar estatutos. Como é possível pedir solidariedade entre trabalhadores a nível macro se ela não é promovida ao nível da profissão?
É verdadeira a afirmação que fazes de que "as sociedades com uma variedade de capitalismo mais decente são aquelas que têm taxas de sindicalização mais elevadas". Mas estamos também a falar de "variedades de sindicalismo". Na escandinávia a preocupação com a igualdade é efectiva; o pleno-emprego é objectivo; há uma coordenação do movimento sindical em nome de objectivos macro comuns...
Cumps.