Ontem o jornal Público referia um estudo de Alfredo Bruto da Costa, um dos investigadores nacionais que mais tem estudado o fenómeno da pobreza em Portugal, onde se avançava com mais um dado revelador da fractura social: aparentemente entre 1995 e 2000, «quase metade das famílias portuguesas - exactamente 47% - passou por uma situação de pobreza pelo menos durante um ano».
Perante este dado, Bruto da Costa citou Agostinho Fortes que em 1925 havia afirmado: «Infelizmente o que se tem conseguido neste ramo do problema social é tão pouco eficaz que deixa a impressão de que a miséria é cultivada com ternura, amor e dedicação». O pior é que desde 2000, com o acentuar da crise económica e social, esta situação só se deve ter deteriorado. Em Portugal são sempre os mais pobres que têm de suportar a maior parte do fardo do que alguns economistas chamam o «ajustamento necessário da economia».
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