É muito revelador que a The Economist, revista de impecáveis credenciais neoliberais, tenha feito uma montagem na capa em que o candidato de Direita Sarkozy aparece transmutado no Napoleão. De entre todos os candidatos só ele parece ser capaz de fazer o que tem de ser feito: «liberalização radical do mercado de trabalho e de produtos, mais concorrência e menos protecção, taxas mais baixas e cortes na despesa pública». Enfim nada que surpreenda na The Economist onde o melhor jornalismo se cruza com a repetição entediante dos mesmos lugares comuns de resultados duvidosos (o que geralmente acontece nos editoriais). O que surpreende é o reconhecimento de que isto só pode ser feito com uma mão forte, com um novo Napoleão. Autoritarismo e mercado de mãos dadas portanto. De facto, já sabíamos que a expansão do mercado exige uma mão muito visível do Estado. Estamos agora muito longe da ideia fictícia de ordem espontânea, de mão invisível, tão cara a alguns liberais.
Não deixa também de surpreender que o artigo mais desenvolvido avance alguns dados que não batem certo com o editorial: enquanto os lucros das empresas francesas batem novos recordes, os salários estagnam e a economia não arranca. Porque será?
A consistencia messianica do ECONOMIST e' impressionante, criado pelos Whigs para lutar pela causa do livre comercio ainda hoje nao se despega dessa bandeira. A unica breve subversao desta linha foi nos anos 60 por influencia do Lionel Robbins, em que os liberais ingleses se queriam Keynesianos.
ResponderEliminar