José Sócrates foi entrevistado na CNN. Não vi, não tenho televisão. Diz que criticou as políticas de austeridade e que defendeu o investimento público. Fez bem, dados os PEC e a troika. Meia dúzia de notas sobre José Sócrates, então.
Em primeiro lugar, mais de uma década depois de ter sido preso para ser investigado, podemos dizer que José Sócrates foi vítima de uma justiça disfuncional.
Em segundo lugar, mais de uma década depois do pacto de agressão da troika, podemos dizer que José Sócrates e a sua política não tiveram qualquer responsabilidade pela crise financeira internacional e pela inação ativa do BCE, sendo que a crise terminal do PS se deve também ao não reconhecimento destes factos básicos.
Em terceiro lugar, podemos dizer que a “esquerda moderna” de Sócrates teve alguma responsabilidade, isso sim, no aprofundamento da financeirização semiperiférica no nosso país, apesar da sobredeterminação europeia. Um nome: Ricardo Salgado.
Em quarto lugar, Sócrates encarnou o “neoliberalismo progressista” feitos de ajustamentos regressivos no Estado social, de que a contrarreforma da segurança social ou as privatizações foram exemplo, acompanhados de algumas medidas progressistas, como as novas oportunidades ou o computador Magalhães na educação.
Em quinto lugar, como parte do tal neoliberalismo progressista, Sócrates canalizou fundos para o setor privado para atingir propósitos sociais, como foi o caso do impulso às energias renováveis, prescindindo do controlo público necessário.
Em sexto lugar, sinal do declínio deste país, não voltou a haver um Primeiro-Ministro social-liberal com um mínimo de desígnio estratégico, mesmo que criticável.
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