sexta-feira, 21 de julho de 2023
E como se explica isto?
Numa peça noticiosa sobre a recente sondagem da Universidade Católica, emitida na passada quarta-feira, e numa parte dedicada à popularidade dos líderes da oposição (ver a partir do minuto 4'20''), a RTP apresenta a imagem que se reproduz aqui em cima, fazendo surgir os respetivos rostos, um-a-um, pela ordem que se observa (não incluindo Luís Montenegro, separado do conjunto pelo facto de ser o líder da oposição).
Isto é, uma sequência que faz surgir André Ventura logo no início, apesar de ter a menor pontuação (7,0), deixando para o final Rui Tavares, que obtém a segunda melhor nota (10,2), a seguir a Mariana Mortágua (10,7), que detém o índice de popularidade mais elevado no conjunto. Sequência e resultado gráfico final que se tornam ainda mais estranhos pelo facto de a voz-off referir corretamente a posição relativa de cada líder partidário.
Não se percebe, de facto, o critério. Sendo certo que não se trata de uma ordenação decrescente dos valores obtidos (pois nesse caso Ventura surgiria em último lugar), poderia pensar-se que a lógica é a de uma sequência da direita para a esquerda, em termos de espetro político. Mas de imediato se constata que Inês Sousa Real está mais afastada de Ventura e de Rui Rocha que Paulo Raimundo e Mariana Mortágua.
Agora imaginem que estão num café, sem conseguir perceber a voz-off e acompanhando apenas a sequência de imagens (20 segundos). Com que ideia ficam da popularidade relativa alcançada por estes líderes da oposição, segundo os resultados da sondagem? Se isto não é desinformação subliminar, por ligeireza ou intenção, é o quê?
Sem querer tomar qualquer flanco, creio que a posição de cada líder tem a ver com a representatividade de cada partido na assembleia da república. O que não quer dizer que seja a forma mais correta de transmitir a informação.
ResponderEliminarA tal desinformacao da media portuguesa.Boa observacao
ResponderEliminarA comunicação social portuguesa é um cancro que procura normalizar a extrema-direita.
ResponderEliminarNo seguimento do que disse o anónimo 15:35, que no essencial concordo,
ResponderEliminarPenso que precisamos de parar de chamar "comunicação social" à comunicação privada, em primeiro lugar. Isso também é um cancro nosso.
Quando o fizermos regularmente, isso também levará a perguntarmo-nos por que a RTP - no caso - sendo um meio de comunicação público, segue as mesmas políticas editoriais (sim... políticas editoriais) que os meios de comunicação privados. É muito estranho que uma empresa pública de comunicação reproduza os interesses das cadeias de rádio e televisão privadas; isto é, que reproduza o tipo de comunicação que apenas interessa aos donos privados das outras empresas do mesmo setor (aparentemente concorrentes). A autonomia política editorial de que gozam, aparentemente, os seus jornalistas foi para torná-los iguais aos jornalistas que dependem de patrões?