..., como me falta o tempo e não tenho muito a acrescentar de momento, remeto para o que escrevi aqui (5 ideias sobre a 'reindustrialização') há três meses.
As cinco ideias são:
1. A desindustrialização não é um fenómeno distintamente português
2. A desindustrialização é uma característica do regime neoliberal - sem nele mexer, há pouco a fazer
3. A desindustrialização não é um fenómeno negativo por natureza
4. A desindustrialização em Portugal é indissociável do processo de integração na UE – o mesmo se aplicará a qualquer ‘reindustrialização’
5. A reindustrialização faz pouco sentido como objectivo central da política de desenvolvimento
(Para ler mais, é só clicar na ligação acima.)
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
7 comentários:
Faz sentido, sem dúvida.
Já agora, aceitam pedidos para postas? :) Gostaria de saber a visão das áreas económicas sobre a impressão 3D, e o impacto que teria na indústria a existência de meios de produção distribuídos. A mim parece-me que grande parte da indústria simplesmente se tornará obsoleta de um dia para o outro (excepto talvez a "indústria pesada"), o que me leva a perguntar-me se valerá a pena "reindustrializar"
http://en.wikipedia.org/wiki/3D_printing
e quem nos faz a metalúrgia dos aços? uns pretos que não se importem de poluir? e quem nos constrói os barcos? uns chineses desprocupados com a segurança no trabalho? e os electrodomésticos, faça-se na Índia? E os eletrónicos e componentes informáticos? e os moldes, deixamos com o pessoal dos petróleos?
Meu caro,
As leituras do Chang influenciaram-me muito. Estou de acordo com ele em muitas coisas. O processo de desenvolvimento económico não é mais do que um longo processo de aquisição de competências em tecnologias avançadas. A indústria, em geral, gera ganhos de produtividades superiores do que os restantes setores. Existem serviços tecnológicos transacionáveis, mas dificilmente esses serviços se desenvolvem sem indústrias residente que, no mínimo, funcionem como utilizadores avançados.
Há coisas questão a mudar. É uma coisa aqui e outra ali. É preciso detetar essas mudanças. A mudança de qualidade far-se-á pela alteração da quantidade, na boa dialética Hegeliana.
O último Prémio Nobel da Física deveu-se ao Grafeno, material determinante para os próximos 30-40 anos. Os premiados agradeceram esta descoberta a 7 pessoas que com eles trabalharam. Duas são portugueses que trabalham em Portugal. Não digo onde trabalham para não ferir susceptibilidades. Há 30, 20 anos seria impensável. A questão é se vamos deitar tudo fora e voltar ao passado. O programa de fomento industrial não ajuda muito, lá isso é verdade.
Um abraço
Caro Rui,
retomo a frase conclusiva do post original: "não é só a indústria que nos interessa desenvolver e nem toda a indústria nos interessa". Não está aqui escrito que não devemos preocupar-nos com o desenvolvimento da indústria, antes que esse não deve ser o alfa e ómega de uma estratégia de desenvolvimento para o país. E que devemos estar bem cientes dos factores determinantes da evolução da estrutura da economia portuguesa.
Um abraço,
Ricardo
Anónimo,
os moldes fazem-se em Portugal e muito bem. Ora aí está um exemplo do que deve ser uma política de fomento industrial, apostando numa base de competências existentes e apoiando o seu desenvolvimento tecnológico (com frte incorporação de serviços avançados) e a sua internacionalização.
Quanto à electrónica, valeria a pena sermos mais cautelosos. A Quimonda consumiu milhões e partiu ao fim de pouco tempo, deixando pouco ou quase nada atrás. Interessa-nos pouco atrair multinacionais que vêm para o país acrescentar muito pouco valor, fazendo todas as actividades sofisticadas noutras paragens.
Ricardo Paes Mamede, nem sequer pensava na Quimonda, pensava nos 250 alunos de engenharia eletrotécnica que entraram no ano em que entrei eu para outro curso no Técnico, todos com média acima dos 17 valores. Industrializar, com o que isso traz de mais valia se se inovar e incorporar I&D não é chamar multinacionais que continuamente se piram e tirando o emprego pouca mais valia trazem. Um país assente em Autoeuropas é um refém eterno.
A ministra Cristas quer renovar a frota de pescas nacional, mas no que fala é nas comunicações e nas ajudas à navegação, nada que não tenha de se importar, talvez da Alemanha, pois em Portugal o que existe para o sector é a capacidade de desenvolvimento, investigação, projecto e construção.
Isso do escolher é bonito, mas é como digo. Atira o poluente para os pretos que têm tanto direito cmo os brancos a serem limpinhos e sustentáveis.
Não me parece que a melhor solução para termos todos ar limpo e ambiente sustentável seja querermos todos ter indústria em todas os setores a todo o custo. Mas cada um tem a sua noção do que é desenvolvimento.
Enviar um comentário