O Financial Times de hoje diz ter tido acesso a um documento do governo alemão distribuído a ministros das finanças da eurozona em que se propõe, ou exige, que a Grécia ceda a soberania sobre questões orçamentais a um “comissário orçamental” nomeado pelos ministros das finanças da UE. Sem isto não haveria novo empréstimo da troica nem renegociação da dívida.
Pior ainda: Atenas seria forçada a adoptar uma lei obrigando o estado Grego, para todo o sempre, a dar prioridade ao serviço da dívida relativamente a todas as outras obrigações e necessidades.
Citação literal do dito documento: “Dado o cumprimento decepcionante até agora, a Grécia tem de aceitar deslocar a soberania orçamental para o nível europeu durante algum tempo”.
Digam-me que não é verdade. Que a Europa ainda não chegou a este ponto. Porque se chegou, é o fim da linha.
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17 comentários:
É triste se assim for.
A escalada do descontrolo das dívidas soberanas atingiu um ponto inimaginável.
Ou a UE e o BCE iniciam muito rapidamente um plano de resgate em massa com as Eurobons por exemplo, ou iremos avançar para um federalismo forçado !
Chegamos a um ponto onde os idealismos começam a ficar na gaveta e vale tudo !
"A história repete-se. Primeiro como tragédia, depois como farsa"
Não, não é o fim da linha. É o início, de peito aberto, do Império.
Fiquei atónito ao ler o que escreveu...
O que eu sei enquanto contribuinte é que queria que a Madeira pagasse aquilo que deve ao Continente. E gostaria que uma agência qualquer me dissesse que estava a emprestar a caloteiros para votar num partido que dissesse que não emprestaria dinheiro dos contribuintes aos caloteiros.
Por uma razão muito simples: se o nosso dinheiro de contribuintes do continente não fosse para o forrobodó do gungunhana, esse nosso dinheiro dos contribuintes poderia servir para diminuir as desigualdades e não para alimentar obras e festas de uma oligarquia despesista e populista.
E é por essa mesma razão que acho que ele deve pagar-nos tudo o que nos deve.
Se o raciocínio se pode aplicar por analogia à Europa o problema não é meu.
Lá...como cá!
"Quem não se sente não é filho de boa gente"
Na verdade, esta Democracia pariu uns filhos...que não valem nenhum!
Os barões da nossa democracia, que agora(!) botam faladura, têm que ser confrontados com o resultado das suas práticas!
há culpados!
"isto" não caíu do céu!
O problema, é não haver " nobres descontentes "...
...são todos uns "miguéis de vasconcelos" !
...por isso...
terá de ser o POVO...a fazer a limpeza!!!
Jã agora o sofrologo podia explicar-nos o que é ser católico...e o papel do catolicismo
nesta agenda de extermínio dos direitos dos cidadãos!
Sofrologista.emendo,para não correr o risco de ir à fogueira purificadora...
Teu texto me ajudou a somar a dominação da UE por um projeto de financeirização da riqueza social com a truculência das polícias e justiça violência contra pobres e povos, para finalizar com um horizonte: o de construção coletiva de democracia como poder popular! http://praticaradical.blogspot.com/2012/01/grecia-o-fim-da-sua-soberania-nacional.html
É mesmo, como diz Eduardo F., o princípio do império, ou seja, da "ocupação alemã" economico-financeira. É degradante e insultuosa para a Grécia (e para todos os outros que não rejeitem a apresentação de tal proposta!). No seu célebre discurso (do passado 4/12/2011) ao SPD, Helmut Schmidt cita, concordando, Habermas:"...na realidade assistimos pela primeira vez na história da UE a uma desmontagem da Democracia!!" e depois continua H. Schmidt: "...não só o Conselho Europeu, incluindo o seu Presidente, também a Comissão Europeia, incluindo o seu Presidente e os diversos Conselhos de Ministros e toda a burocracia de Bruxelas marginalizaram em conjunto o princípio democrático!".
Tal proposta alemã sobre a Grécia decorre da sua "mania" de tratamento punitivo da dívida, da sua "mania" do "absoluto equilíbrio orçamental" e da tal "regra de ouro" que remete a democracia das decisões e processos para o nível de "latão".Enfim, mais uma peça na "desmontagem da Democracia".
Caro brites
Penso que o catolicismo defende uma sociedade igualitária (todos somos irmãos, os bens têm um destino universal comum, etc; e tal - ver a doutrina social da igreja).
O que não compreendo é esta confusão entre despesismo e igualitarismo. Esta moda largamente difundida (ladrões de bicicletas, joão galamba, etc.) não tem sentido nenhum por várias razões.
Primeiro porque dão a ideia errada que o keynesianismo é uma teoria da economia moral. Não é. É apenas uma doutrina eficientista que nalquns casos funciona e noutros não. O mundo neste momento funciona em economia extremamente mais aberta do que a realidade dos EUA na década de trinta do século passado onde ele se mostrou particularmente eficaz. Estimular a economia (pela produção de moeda ou pela dívida pública) significa apenas redistribuir sem qualqer preocupação moral. No caso da produção de moeda por um empobrecimento uniforme via inflação. No caso da dívida pública, emprestando dinheiro dos outros uniformemente sem preocupações redistributistas.
No caso da dívida pública para além do facto de não servir qualquer preocupação moral de igualdade mas apenas um pretenso eficientismo de recursos, é preciso também encontrar pessoas que emprestam e encontrar depois dinheiro para pagar as dívidas para que quem empresta dinheiro continue a emprestar.
O igualitarismo é diferente destas cosméticas. Defende (defendo) a redistribuição dos recursos existentes dos mais ricos para os mais pobres sem os truques da criação da moeda ou da emissão de divida. Estes truques não têm qualquer conteúdo moral (são simples técnicas que podem ou não funcionar) e podem ser indistamente defendidos pela direita ou pela esquerda. Pela simples razão que não têm qualquer efeito redistributivo dos mais ricos para os mais pobres. Aliás, são os países (que eram) mais pobres que neste momento emprestam aos países mais ricos.
Quem defenda uma economia moral não se deve deixar confundir entre com a pretensa identidade entre medidas pseudo-expansionistas e medidas de justiça social.
Caro sofrologista,
A ligação é o desemprego. Além de ser um drama social e um imenso desperdício em si mesmo, favorece o capital e desfavorece o trabalho na relação de forças entre os dois. Daí que a actuação contracíclica por via das políticas orçamental e monetária (ou a falta de tal actuação) produza consequências directas a nível moral, como lhe chama, ou politico, como eu prefiro chamar. Aliás, é interessante notar que aquela que é a sua proposta implícita - combater a desigualdade através da actuação sobre a distribuição do stock de riqueza (e não sobre os fluxos de rendimento directo e indirecto) - seja também enunciada como alternativa teórica por muitos críticos da intervenção estatal. Claro que permanece sempre no plano da possibilidade teórica - quando se trata de tributar as grandes fortunas ou de aplicar um imposto sucessório em condições, a conversa na prática é outra.
Já quanto à *eficácia* da política económica, acha mesmo que o problema com que nos devemos preocupar é a inflação?
Cumprimentos.
Caro Alexandre
Tenho muitas dúvidas que o desemprego possa ser combatido "keynesianamente" em Portugal ou mesmo a nível europeu.
Aumentar o emprego pondo as pessoas a cavar buracos e a tapá-los foi bom numa economia fechada como a dos EUA ha depressão de 30 porque serviu de motor de arranque para pôr em anamento um gigantesco conjunto de recursos produtivos que se encontravam parados apenas por falta de procura.
Em Portugal ou mesmo na Europa, neste momento, no século XXI, com uma economia globalizada e o comércio livre, um tal motor de arranque implicaria o seguinte:
1) se fosse possivel arranjar alguém no resto do mundo que nos continuasse a emprestar dinheiro, as únicas consequências seriam o aumento do desequilibrio comercial até que quem nos emprestasse dinheiro percebesse que estavamos a importar coisas que nunca iriamos pagar e parasse de nos emprestar dinheiro.
2) se fosse possível pôr as impressoras de notas a trabalhar a todo o vapor, a inflacção e a desvalorização do euro encarregar-se-iam de efectuar os ajustamentos automáticos na balança comercial. Contudo a "solução inflacionista" é o que há de mais imoral: ela corresponde a um imposto proporcional e não progressivo (coisa que apenas os ultraneoliberais costumam defender...) sobre toda a gente, pobres e ricos.
Cumprimentos
PS.: Fiquei com a ideia que contrapõe a moral à política. Eu prefiro contrapor a moral à técnica. A política sem moral é injusta. Sem técnica é simplesmente estúpida; nem sequer chega a ser política portanto na medida em que a escolha má não é o resultado de valores (ou da falta deles) mas simplesmente o resultado de um erro de análise.
Neste caso a Grécia cede livro de cheques aos senhores da alta finança, que de forma encapotada, praticam usura sobre todo um País, com direito de prioridade nos pagamentos (leia-se passar os cheques).
GMD
Caro José Maria
A esquerda que nesta história toda assumiu geralmente posições "europeístas" - "a solução está em aprofundar a construção europeia", decerto não em sair, etc. - tem mesmo de ter muita coragem e lucidez para saber retirar conclusões "em profundidade", não concordas?
Entretanto, deixo-te aqui versões "poema concreto" da Corrente do Chico Buarque (que prende, mas por outro lado liga: "precisa ser muito sincero e claro, p'ra confessar que andei sambando errado", etc.), para te consolar:
http://www.youtube.com/watch?v=3u2prcVM_Tg&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=d9-TNE9tKfY
Fiquei atónito no vale do ave em 1979 negociar uma dívida com a banca durante mais de 2 semanas dava falência.
A nova penteadora da covilhã, negociou durante dois meses em 1980 e era um perdão de 30% em troca do controlo de 49% do capital da empresa.
Acho que foi a CGD que disse que não.
Ou foi o BNU?
A memória anda má.
Anda um pouco bélica não anda?
E vocemecês geração de 60, idem.
Deve ser a modos que o exorcismo da bancarrota amar o keynesianismo e abortar os austríacos,nein?
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