1. Valha-nos Helena Roseta (aqui e aqui), para lembrar o óbvio e dizer o que é preciso: «o Artigo 13.º da Lei de Bases da Habitação (...) diz muito claramente que não pode ser feito o despejo administrativo sem garantia prévia de solução alternativa». A solução para situações precárias não é, de facto, «colocar pessoas na rua, com a hipocrisia de dizerem que o fazem, porque as situações são indignas. (...) Irem para a rua ainda é mais indigno», acrescenta.
2. Há um dado relevante nas demolições ordenadas pelo município «socialista» de Loures. Talvez pela primeira vez, uma autarquia escusa-se, de forma deliberada e ostensiva, a proceder ao acompanhamento prévio das famílias e a assegurar alternativas de alojamento antes de demolir. As declarações da vereadora «socialista» são lapidares a este respeito e só depois de arrasar as construções e destruir bens das pessoas, forçadas entretanto a pernoitar na rua e na igreja, é que a autarquia começa a procurar alternativas para famílias que ficaram sem casa. Mais selvático é difícil.
3. Em junho passado, o Expresso identificou 27 bairros de barracas, localizados em metade dos concelhos da Grande Lisboa, onde vivem cerca de 3 mil famílias. Curiosamente, não há notícia de procedimentos semelhantes aos que estão em curso nos municípios «socialistas» de Loures e da Amadora. Com as autárquicas no horizonte, a aproximação destes dois municípios ao Chega, por palavras e demolições, é indisfarçável. Circula por aí um vídeo do deputado «socialista» Ricardo Lima, presidente da concelhia de Loures, que é simplesmente abjeto.
4. Em 2019 o Expresso tinha já procedido a um primeiro mapeamento de bairros de lata, contabilizando na altura um total de 13, onde viviam cerca de 1.800 famílias. A expansão desta forma precária de alojamento - a derradeira solução para pessoas que trabalham e deixam de conseguir pagar renda -, num contexto de aumento consecutivo dos preços da habitação, não surpreende. Apenas torna as demolições de Loures ainda mais bárbaras, desumanas e cobardes. Um fenómeno que persistirá, claro, até que se perceba - ontem já era tarde - que a atual crise de habitação não se resolve sem medidas robustas, e articuladas entre si, de regulação das dinâmicas especulativas do mercado.
Não esquecer que para as Jornadas Mundiais da Juventude a CM de Loures contribuiu com 8 milhões de euros!!! Dariam para construir quantas casas? Assim se vê o "espírito cristão" desta gente! 😠
ResponderEliminarSem dúvida. Abrir as portas à imigração, bem escancaradas, e gritar por habitação para os novos compatriotas (não demora até terem a nacionalidade) mais os respectivos apoios sociais.
ResponderEliminarNão deixa de ser curioso ver este blogue sempre a defender uma política "patriótica " e de fronteiras quando toca à UE, em nome da democracia, e depois querer tornar o rincón num albergue espanhol tipo venha mais um.
Se o Chega está como está muito o deve à esquerda da intraculturalidade. Enfim, depois das autárquicas vão mudar de discurso.
Os trabalhadores portugueses em Paris (cerca 100 mil) que viviam num asqueroso bairro da lata, foram dignamente alojados pela municipalidade dirigida por um comunista. Por aqui um pouco de humanismo não faria mal a ninguém, mas os bárbaros estão no poder e há quem os apoie.
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