Atenção, não creio que seja matéria de opinião: ser-se escroque é neste caso um facto bruto da economia política e do realismo moral que lhe subjaz.
E isto para evitar usar um termo cujos contornos são brilhantemente expostos num ensaio com décadas e que Alberto Pimenta escreveu como se o tivesse feito hoje. Só o li recentemente, graças à generosidade de Paulo Coimbra, e apelo a que não o percam por nada.
Seja como for, Covões encarna o capitalismo de herdeiros – nasceu em família dona do Coliseu dos Recreios – e vive à mesa dos orçamentos de vários poderes públicos, colecionando subsídios e, já agora, trabalho não pago a outros.
O turismo e o lazer hiper-mercadorizado são uma praga laboral e a excessiva especialização nestas áreas condena o país às frações sempre mais reacionárias do capital.
Aposto um dedo mindinho em como parte das verbas auferidas são recicladas para, sei lá, o Chega-IL, hifenizados por outro herdeiro da mesma laia política; enfim, imaginem o pior do associativismo de classe gerador de custos sociais para a comunidade, como o ACP ou assim, dadas as intervenções “carristas” de Covões.
A despudorada desfaçatez que exibe é o resultado de uma relação de forças que lhe é absolutamente favorável, sejamos realistas. Haja autoridade democrática para colocar estes escroques na ordem, sejamos esperançosos.
O medo tem mesmo de ser transferido de baixo para cima, concentrando-se lá no topo e diminuindo globalmente nesse processo.
Pena não se falar das outras citações:
ResponderEliminar- "A Cultura já teve um lugar relevante na sociedade, agora só vai à primeira página se morrer alguém. É o obituário na comunicação social."
- "Todos os partidos dizem que temos de reter o talento jovem, mas ninguém fala na Cultura. Temos miúdos com 20 anos que estão nas melhores orquestras do mundo porque cá não têm futuro. Temos de lhes dar palco."
É triste quando a SIC Notícias não põe qualquer destas citações. É ainda mais triste quando estas não são as únicas citações proferidas por Álvaro Covões. É mesmo, mesmo triste que estas citações existam, e a realidade não seja outra...
"Não põe", quer dizer, não põe em destaque ou em 1º lugar.
EliminarEle esqueceu-se de dizer que esses "estágios" são devidamente remunerados e que funcionam em tempo parcial, uma vez que os adolescentes continuam a estudar.
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