Se o comércio dito livre é o protecionismo dos países que se sentem relativamente fortes, o protecionismo é geralmente o comércio libertado pelos que se sentem relativamente fracos.
As fortes tendências protecionistas que vêm dos EUA confirmam que este país sempre geriu as suas relações comerciais, e as outras, em função de avaliações naturalmente políticas de força e de fraqueza económicas.
Creio que isto encerra uma lição para os que, incluindo na social-democracia esvaziada, diziam que a globalização seria tão natural como as estações. Nada é natural na globalização ou na desglobalização.
A União Europeia, cada vez mais enfeudada aos EUA e há muito liderada por uma economia alemã que sempre fez dos superávites comerciais modo de vida, foi construída com base em hipóteses precárias sobre a necessidade de tornar a fronteira política cada dia mais irrelevante do ponto de vista económico. Estas hipóteses não servem a democracia, alimentando a extrema-direita.
Concordo, mas lavro uma inevitável nota adicional: no capitalismo de casino verdadeiramente existente, pelo menos desde que Keynes foi morto e depois enterrado numa cova bem funda, a procissão, ou muito menos ou nem sequer ainda saiu do adro. Se isso é verdadeiramente bom ou mau...aí é que a doutrina se divide. É que o esvaziamento do extremo-centro e do seu repetitivo discurso virtuoso e complacente, é uma condição necessária, ainda que não suficiente, para nos irmos livrando dos vários escolhos que têm sido colocados no caminho e que nos têm impedido de mudar de rumo.
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